(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

"Ouro sobre azul"

Vida, momentos perfeitos, são os que se encontram em apenas segundos de existência no enorme vazio do negrume da noite. Podemos encontrá-los ao alcance de uma mão e mesmo assim continuarem demasiado longe, mas é nessa contradição de um sim e um não que eles se encontram, porque podem não ser inteiramente nossos, mas fazemos parte de um mesmo cenário, somos a mesma história. Feliz é ser feliz com ou sem se ser feliz também. Sentir, desejar e ver e mesmo assim ser, transformar um pôr-do-sol inalcansável de tocar ou beijar, visto ao alcance de uma mão, sentada num muro qualquer nos breves momentos em que se assiste ao último encontro do sol com a terra numa explosão de alegria e cor e transformar toda a história em ouro sobre azul. 

"Só"

Mãe e pai...sinto saudades dos dois, mesmo quando estão ao meu lado, mas quando a noite adensa e a escuridão do sono se revela, sinto que estou só antes mesmo de estar.

sábado, 19 de novembro de 2011

"Talvez"

As coisas são como são
não são o que dirão
porque o que dizem é mentira
não passam de fases de agora.

O agora diz que talvez
o passado disse outra vez
e o futuro dirá  não, não vês,
o que viste é apenas talvez.

E nessa confusão
de um mundo em abolição
curvo a cabeça em aceitação
de um não com convicção.

Fica um talvez sem ruir
transformado em titã
capaz de construir
uma história infinita.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

"Hábito"

O ser humano é uma criatura onde mudando os seus padrões continua com os mesmos hábitos.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

"Lucidez"

Negar-mo-nos a nós mesmos é ter tido em alguma altura da nossa vida, a lucidez de ver quem realmente somos.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

"Aqui estou"

Empurras e puxas, esmurras, caiu ao chão e sinto o sangue frio e pegajoso escorrer pela minha face cegando-me a vermelho. O corpo doí, as articulações rangem e é difícil levantar, talvez fosse melhor desistir. Sim desistir seria o melhor, o mais aconselhável. Mas me ergo uma vez mais para o próximo soco, e para outro e para outro, sempre. Talvez fosse melhor desistir. Talvez. Me ergo para o começo a partir deste final que me trouxe ao chão, para um novo início.  Aqui estou, é só isso que tens para oferecer. Outro soco, outro início. 

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

"O vento no rosto"

Acordar com o vento, o vento que trás as nuvens e a chuva que me lava o rosto, que as leva para longe deixando o calor do sol aquecer o corpo frio da noite. O vento que forma as ondas do mar, que destrói com fúria  e sopra aos meus ouvidos palavras inauditas. O vento que assobia e ri em gargalhadas ruidosas, que está em todo o lado e lugar nenhum, de todas as cores. Com olhar canibal, sempre a pedir mais, partes e regressas sem explicações. De argumentos e ilusões és tu feito. 
Como é bom assim acordar com o vento no rosto.

sábado, 22 de outubro de 2011

"Não ser"

Gostava de não ser eu, mas um eu mais maleável, acessível, corruptível, possível de ser.
Mas depois de ser esse outro ser que não eu mas outro, gostaria de sê-lo não conhecendo este outro deste lado ou quereria voltar a ser o que sou, pois o que sou é um só, inegável, inviolável, impossível de ser ou ter, que não sabe ou soube ou saberá jamais o que é ser.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

"Respiro fundo"

Respiro fundo
E sinto o bater
Dentro do meu ser
Respiro fundo

Toda a alma
Não vale nada
Está inacabada
Precisa desta calma

Respiro fundo
E sinto o gozo
Dentro do meu corpo
Respiro fundo

Estou aqui
Para te ouvir
Estou aqui
Para te sentir

Respiro fundo
...
Respiro fundo
...

quarta-feira, 28 de setembro de 2011


"Ame a vida, pois nascemos para amar...e se alguém lhe perguntar o que fizestes da vida diga apenas.....AMEI!!!!!"

(de Gabriela G. O. Maciel)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

"Mais que nada"

Houve uma altura que admirava imenso o Herman José (humorista português), não como pessoa, pois acho que todas as pessoas têm qualidades e falhas, e há que retirar apenas o que consideramos "bom exemplo" em cada uma delas, mas pela sua rapidez de raciocínio em conseguir ter sempre na ponta da língua a palavra perfeita para o inicio de uma boa gargalhada. 
Certo dia uma jornalista perguntou-lhe a pergunta pela qual ansiava saber a resposta: como é que ele fazia para conseguir ter sempre algo a dizer. Para meu grande espanto disse que não é algo com que se nasça, mas para a qual é preciso muito treino. Como queria ter a sua perspicácia no dom da palavra treinei-me a mim mesma durante imenso tempo e quando finalmente consegui fazer alguém rir foi ouro sobre azul. 
Hoje em dia analiso outros comediantes e descobri que as suas observações que eu considerava apenas suas, não o são, pois com ele e para ele trabalhavam muitos outros humoristas que lhe escreviam as suas rabulas e estes provavelmente foram inspirar-se em outros, tal como eu me inspirei nele. 
Nada é original, tudo surge de algo, como as lendas inspiram a realidade também a realidade inspira as lendas. Então o que interessa quem disse primeiro ou quem descobriu primeiro. Porque se aprofundar-mos muito a questão vamos descobrir que as palavras não têm principio nem fim e o nada é mais que nada quando se faz alguém sorrir ao ouvir uma história.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

"Três dias"

Curioso como achamos que tudo o que nos cerca, circula à nossa volta como se nos servissem. 
Se pedirmos a alguém para se sentar durante três dias na mesma cadeira à mesa, ao quarto dia se tiver de se mudar para outra, achará e embora não o diga um certo desconforto, pois aquela cadeira, aquele lugar pertencia-lhe, era seu.  
Fazemos o mesmo com as pessoas que estão há nossa volta, como se tivessem de estar onde queremos que estejam, dizer o que queremos que digam, pensem como nós,  ajam como nós, nos apoiem, nos consolem, nos controlem...Mas ninguém é de ninguém, coisa alguma é de alguém. Nem nós somos de nós próprios, pois muitas vezes não conseguimos controlar quem somos ou o que queremos, quanto mais controlar o poder de se sentar numa cadeira, que pensamos ser nossa. 


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

"Quando eu morrer voltarei para buscar os instantes que não vivi junto ao mar."

Sophia de Mello Breyner Andresen

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

"Tudo muda, tudo se transforma"

Tudo muda, tudo se transforma, nada permanece igual.  
Alguém morre e "depressa" se esquece a cor do cabelo, o perfume da pele, o som da sua voz, a primeira vez que se viram, a última, o que disseram, o que sentiram... Mais cedo ou mais tarde, apenas resta uma leve sombra de memória, que por vezes nos mente. 
Eu não quero esquecer, odeio esquecer, é como se algo não fosse importante e tivesse de ser colocado em outra "prateleira", não faz sentido...e mesmo assim as memórias partem e esqueço o que não quero esquecer restando apenas um sentimento de que não sei mais se é verdadeiro porque não sei mais de quem é, se de quem me lembro, se de quem sonhei, se de quem esqueci...

terça-feira, 13 de setembro de 2011

"Mulheres"

As mulheres podem definir-se em três categorias: as bonitas, as inteligentes e as engraçadas. 
As bonitas, que por o serem, na sua maioria não tentam ser mais do que isso, pois por mais disparates que digam, fazem-no sempre com muita beleza. 
As inteligentes, que por não serem na sua maioria bonitas, tentam alcançar a atenção do mundo com imenso discernimento  e uns óculos ao fundo do nariz.
E as engraçadas, que por não serem bonitas ou inteligentes, tentam ter graça e fazer rir. Nascem com cara de joelho, em adultas têm expressões de azia, e na velhice nada mais divertido do que ver alguém sem dentes e com alzheimer, ou seja uma vida dedicada à palhaçada. 

HiHiiiiiiiiiiiHi. 

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

"Tarde de mais"

Por vezes temos a estúpida presunção de que podemos esperar por amanhã, como se esse amanhã nos fosse garantido ou devido. Passado e presente são constantes e palpáveis nas memorias, mas o futuro é uma mera possibilidade, como um jogo de roleta russa, com apenas 50% de hipóteses de dar certo.
E mesmo sabendo tudo isso, por vezes apostamos num futuro em que talvez já amanhã seja tarde de mais.  

domingo, 11 de setembro de 2011

"Mil palavras"

Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras e eu concordo, mas não quer dizer que sejam todas verdadeiras pois uma imagem também pode mentir mil vezes. De uma foto tirada em um único segundo de história, sem se saber o que aconteceu antes ou depois desse momento e em que circunstancias foi tirada, podem ser criadas mil histórias e nenhuma ser verdadeira. Tal como para criar uma foto são precisos três momentos: o antes, o durante e o depois, também para se analisar profundamente o verdadeiro significado de uma foto será necessário analisar esses três momentos, ou então esquecer tudo e apenas "olhar" para a beleza da foto e aceita-la tal como ela nos é apresentada, sem mil palavras. 

"Quase tanto"

Gosto de escrever quase tanto como de ler. Gosto da dualidade das frases e de como uma só palavra, tem a capacidade de se transformar em virgula, de um momento, de um respirar fundo, para se preparar para a palavra a seguir, no momento a seguir, que nos prende ou não até ao fim da frase, até ao final da história.
Palavras podem, para dez pessoas que as lêem, surgir com dez  interpretações diferentes, ou apenas uma só. Posso ler hoje um texto e pensar que se refere a uma explicação do assunto e ler amanhã ou daqui a dez anos e compreender as palavras de outras duas formas. Porque não são as palavras que nos "falam", mas sim quem lê que conforme se apresenta perante a escrita, as compreende da maneira que quer intender. São as nossas vivências no dia-a-dia que nos fazem olhar para o mundo de uma forma ontem, hoje e amanhã e que nos fazem interpretar o que lemos da forma como as queremos ler. 
Por isso posso contar uma história e ser lida de varias maneiras diferentes consoante for lida por diversas pessoas e por essas mesmas pessoas por diferentes maneiras ao longo da sua continua existência e alteração da forma como encaram o mundo que as rodeiam, ou podem conseguir compreender o que eu quis dizer dizer naquele dado momento e conseguirmos "falar" num só reflexo. Tudo depende se estamos a "olhar" para o mesmo. 

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

"Matar o bicho"

Era uma vez...
O padre Miguel era novo na aldeia e para a sua primeira missa pediu apoio ao ajudante do padre anterior.
Eram oito horas da manhã e tudo decorria na perfeição durante a missa, até ao momento em que o padre viu uma pequena aranha a subir pelo copo do vinho da Eucaristia, já cheio.
O padre vira-se para o seu ajudante e diz baixinho:
- Ó Guilherme mata o bicho.
- Desculpe senhor padre mas não posso fazê-lo aqui dentro da igreja.
-Ó Guilherme mata o bicho.
-Ó senhor padre não posso, seria um pecado muito grande, só o senhor padre é que o pode fazer.
-Ó Guilherme mata o bicho, não vês que estou a dar a missa, não a posso agora interromper. Vá lá, mata o bicho. Tens a minha permissão.
- O senhor padre é que sabe.
- Sim sei, mata o bicho.
O Guilherme agarra então no copo de vinho e bebe-o de uma só vez.
- Ó Guilherme o que fizeste, eu disse-te para matares a aranha e tu bebes o vinho da Eucaristia. Vais para o inferno.
-Mas o senhor padre é que mandou, é que aqui na aldeia, matar o bicho é beber um copo de vinho logo de manhã.

(baseado em factos verídicos)

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

"Eu só quero é ser feliz"

O meu desejo é ser feliz.
Só. Simples, um único desejo.
Energeticamente eufórica, mas em paz comigo mesma, prazerosa, satisfeita, alegre, afortunada…
Sonhar com sonhos e sentir-me satisfeita com o próprio sonho em si.
Conquistar todos os dias, todas as horas, todos os segundos, o maior bem …ser feliz.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

"Tudo se repete"

Se já foste roubado uma vez na vida, provavelmente serás outras vezes, se já perdeste ao jogo, perderás outras vezes, se já fizeste amigos verdadeiros, farás outros mais, se já caíste uma vez, caíras muitas mais, se já venceste uma vez, vencerás novamente. 
A vida é um ciclo vicioso de acontecimentos que nos trazem e levam partes de nós, a uma velocidade difícil de analisar o que parte e o que fica desses acontecimentos e muitas vezes sem se dar o seu devido valor.
Por vezes é necessário fazer uma grande viajem de acontecimentos constantemente repetitivos, aprendendo aos poucos, pedaço por pedaço, sobre o que realmente é importante permanecer, para encontrar algo que esteve sempre ao nosso lado desde o inicio da viajem.

"Quando os idiotas se tornam filósofos"

Era uma vez...
Estava o pessoal na descontracção na esplanada no café, quando entra um tipo extremamente enervado a pedir uma mini para acalmar os nervos...
-Então pá o que é que se passa contigo. 
-É pá ia-os matando...eram uns cinco ou sete...todos em fila....
-A QUEM????
-É pá ia eu muito descansadinho pela estrada...e aparecem-me uns piliglinos no caminho, todos em fila, e nenhum se arredou..
-Piliglinos??
-Sim pá piliglinos, aqueles que andam em fila, uns atrás dos outros, parece que não se sabe quem é que é o chefe, todos de amarelo, ainda por cima agora no verão são aos magotes, parece que caiem dos pinheiros que estão à borda da estrada. É pá ia-os matando...é que eles não se arredam e atravessam de qualquer maneira...se eu não me arredasse...eram para aí uns cinco ou sete...todos em fila....
-Pliglinos? Mas o que são piliglinos? São os bichos "pessenhentos" dos pinheiros? Não é preciso ficares tão enervados por matares meia dúzia de bichos venenosos...
-NÃO PÁ. Piliglinos pá, as pessoas que vão a pé para Fátima, uns atrás dos outros, em fila, de amarelo e aos magotes agora no verão...
-PEREGRINOSSSS. 
-Tão a ver, afinal vocês sabem o que são...cambada de idiotas.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

"Bom dia"

Um óptimo dia é aquele em que se começa a ouvir as palavras certas, as que queremos ouvir e não as que pedimos para nos dizerem. Palavras que nos tocam,  transformando as horas em segundos, mendigos em heróis. O dia passa a ser uma eternidade de conquistas concretizadas, onde se a morte vier, será o final feliz do conto de histórias, em que  "Era uma vez...".  

domingo, 4 de setembro de 2011

"Pontes a atravessar e pontes a destruir"

As decisões mais difíceis de se tomar, são as em que temos de escolher, entre que pontes atravessar e que pontes destruir. Atravessar uma ponte significa querer algo que se encontra do outro lado, um meio a ser usado para se conquistar um objectivo.
Mas como escolher uma ponte segura para o fazer se não conhecemos toda a sua estrutura arquitectónica, se apenas vemos uma metade dela, a que está à superfície e mesmo essa poderá camuflar as suas lacunas com tinta e sujidade da passagem do tempo.  Pudemos analisá-la durante muito tempo e mesmo assim não saber se é a melhor opção ou num segundo a decisão ser tomada por um simples acontecimento aleatório, como o voo de uma cegonha que parte do seu ninho que tinha no topo da ponte, abandonando os seus filhos. Aí sabemos que não teria valido a pena atravessa-la, como provavelmente sempre o soubemos. Ela não abandonaria o que tinha de mais precioso se não tivesse a certeza de que tinha de partir.
A vida de uma maneira ou de outra nos mostrará o caminho a seguir, basta estar atentos e abrir a mente.
Sorrir é inevitável, mas também triste no sentido em que ao ver toda aquela enorme construção se desfazer em pequenos pedacinhos sem qualquer possibilidade de reconstrução com os  mesmos matérias, existe um sentimento de tempo perdido a contemplar e a medir a possibilidade de algo que não se concretizou. Sorrir uma segunda vez é compensador pois significa que teremos uma segunda oportunidade de atravessar, que não ficámos perdidos pelo caminho. Apenas temos de encontrar uma outra ponte ou construir nós mesmos uma.


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

"Por vezes encontramos o nosso destino no caminho que escolhemos para o evitar"

Hoje estive a ver uma entrevista de Steve Jobs em que ele falava sobre ter desistido de estudar e como esse facto o influenciou no futuro. 
Acho que temos algo em comum, não que me acho um génio da informática, muito pelo contrário, mas concordo com o que ele diz, que por vezes, andamos às voltas com a nossa vida sem saber bem o que queremos fazer com ela, quando durante essa simples busca já estamos a construir o nosso futuro. 
Por vezes acho que a vida tem um sentido de humor negro muito peculiar, porque por mais que queiramos fugir de algo sempre o encontramos pelo caminho. Memórias do passado assaltam-nos no presente para que construamos um futuro com elas, como um enorme ciclo de vida sem principio nem fim, sem que consigamos dar um passo em frente sem que as usemos em nosso proveito. 

"Por vezes encontramos o nosso destino no caminho que escolhemos para o evitar"
Fernando Pessoa 


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O que é "normal"?

Vivi a minha vida como se tratasse de uma realidade paralela, não fiz o mesmo percurso que os meus colegas e acho que lhes sou um pouco estranha por isso mesmo. 
Existem regras na sociedade, intemporais,  principalmente para as mulheres, que devem ser seguidas e eu não as segui, nem sigo. Doí quando me questionam e perguntam porquê.  Mas, porque não? Gosto de ser quem sou, mesmo "torta" sou eu e não o seria se agisse só porque tem de ser, porque "é normal". O que é "normal"? 
Apenas sei que sou consciente de mim mesma e sem pudor e com toda a cagança digo: Sou Feliz.  

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Fogo a mota é linda

Comprei uma mota à minha altura. Quer dizer...não é bem à minha altura...Digamos que o senhor do stand me aconselhou que perante a minha estatura o melhor seria esperar que viesse uma mota por encomenda...Pois, está bem, e teria uma mota especialmente concebida para mim, poupem-me, eu queria era uma igual às outras, e se eu não me adaptava à mota, ela que se adaptasse a mim...ora essa.
Lá comprei a mota, e a primeira tarefa a fazer foi é claro...aprender a conduzir. 
Não devia ser muito difícil...devia ser como uma bicicleta, afinal não tem mudanças...Bem, não é bem assim...digamos que a condução é feita a velocidades diferentes...tal como os efeitos de colisão...
Final da história, digamos que foi muito divertido aprender a conduzir, principalmente curvas, pontos de paragem...
Normalmente conduzo por vias secundárias, mas um dia destes fiz o grande teste...já me achava uma profissional na coisa e então porque não...lá fui eu para a via rápida da estrada nacional...o pessoal da estrada também merecia ver a minha mota linda...Sempre na direita a puxar a fundo, conduzia a uns loucos 60 km/h...e o pessoal claro, a arredar-se de mim não fosse o diabo tece-las e riscar a mota...
Fogo a mota é linda.
Para minha surpresa muitos acenavam e apitavam à minha passagem...não querendo ser mal educada lá lhes acenava de volta...apesar de não saber quem eram...até ao momento em que passou uma carrinha de obras com alguns rapazes lá dentro, gritando e gesticulando pelas janelas:
- Vá força, então anda lá, isso não dá mais?????
Então, levantei a minha mão esquerda e fiz o sinal que qualquer um faria. 
Acenei-lhes a dizer adeus. 





Poker face

Detesto quando um adulto não deixa uma criança chorar, como se depois de ter feito qualquer coisa de errado não tivesse o direito a mostrar arrependimento. 
Esse estado de espírito em que para benesse de outro deve existir o dever de suprimir o nosso sentimento, faz com que criemos uma máscara de suposta indiferença perante os acontecimentos. 
Lembro-me quando era criança e o meu avô ficou doente, a minha mãe me dizer para lhe levar o comer à cama, como forma de o agradar pois era a sua neta mais velha que estava a cuidar dele. Os dois sabíamos o quanto ele estava doente, no entanto agíamos como se estivesse tudo bem, para nos confortarmos durante aqueles minutos em que a realidade era deixada fora do quarto e nele só existia a fantasia da normalidade. 
- Está melhor avô? 
- Estou sim. 
Não era verdade e ambos sabíamos. E porquê dar ouvidos à realidade, quando não era por ela que clamávamos  mas sim o regresso à rotina da ignorância da morte. 
Por vezes penso que somos duas pessoas dentro de um mesmo invólucro. O espírito e o corpo. Um diz uma coisa e o outro diz outra e a luta permanece indefinida. Qual deles terá mais valor, razão ou competência de definir o que é certo ou errado é a continua busca que alimenta o meu inconsciente.
Ao visitar um amigo doente, sinto as lágrimas tentarem romper a barreira da realidade, mas ouço a voz vinda não sei de que direcção que diz, "não quero ver nem uma lágrima, não te atrevas a chorar", e então sorrimos.
- Estás melhor?
- Claro que sim.



sexta-feira, 29 de julho de 2011

Gosto

Gosto quando chove, de me molhar até aos ossos e ficar com soluços, gosto de ter aprendido a nadar, gosto de nadar de costas, de boiar, gosto do sol, não gosto de ficar com marcas no corpo, não gosto de trabalhar com calor, gosto de colher folhas das árvores,  esmaga-las nas mãos e cheirar, gosto de tomar banho com água que me deixe arrepiada, gosto de conduzir, gosto da minha mota, gosto de bons amigos, não gosto quando me tratam como se fosse uma flor para colocar na lapela num dia de verão unicamente para sua própria vaidade, gosto de silêncio, das minhas longas reflexões, gosto de estar só, gosto de música que me diz o que estou a sentir sem ter de falar, gosto de ter aprendido a gostar de poesia, gosto de gatos que me arranham, gosto de colocar-lhes a mão na cabeça e sentir o seu ronronar, gosto dos seus olhos azuis, gosto do miar irritante dos gatos pequenos, gosto quando consigo não chorar, gosto quando consigo chorar, gosto da minha família, gosto de observar pessoas, gosto de ensinar, gosto que me ensinem,  gosto quando estou feliz, gosto quando acho que sou bonita, gosto de espelhos, não gosto quando estou triste, não gosto de ir ao médico, não gosto de fazer exames, não gosto de estar doente, gosto quando gosto de comer, não gosto quando não tenho vontade de comer, gosto quando a minha mãe me obriga a comer, gosto de me obrigar a fazer coisas, não gosto quando acho que não tenho nada para fazer, gosto quando dizem obrigado, gosto de dizer obrigada, gosto de surpreender quem gosto, gosto quando os adultos me tratam por menina e as crianças por senhora, não gosto quando o meu chefe me trata por menina,  gosto de escrever, não gosto de não saber, gosto do mar, gosto de dormir e não me lembrar dos sonhos, gosto da minha cama, gosto do meu quarto, não gosto de ser desarrumada, não gosto de não me lembrar das palavras, não gosto de corar, gosto de livros, gosto de filmes, gosto de fotografia, gosto de sonhar acordada e sorrir.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O salteador

Estou deitada na minha cama. Apareces à janela, e como um salteador entras sem ser convidado. Gosto quando me acordas e sem que abra os olhos deixo que me toques os cabelos, abraces a pele nua e me aqueças com o teu calor. 
Fujo dos lençóis em que estiveste, mas continuas a perseguir-me...e eu deixo. Se tivesse que partir já o teria feito à muito tempo. Espero toda a noite pela tua chegada e nada me dá mais prazer do que antes de chegares,  acordar com a ansiedade da tua presença. 
Já posso abrir os meu olhos e ver a beleza da tua cor, do teu respirar, do teu acordar que me envolve nos teus braços de luz. 
Gosto quando partes, pois deixas as saudades para trás como companhia, mas amo mais a tua chegada porque me és mais querido. Por vezes uns dias são mais especiais do que outros mas todos os dias espero por ti sol, quando nasces e espreitas a janela do meu quarto. 

domingo, 24 de julho de 2011

Desisto

Desisto, não posso mais, chega, basta, estou farta de olhar para trás, de jogar os mesmos jogos, das mesmas metas, dos mesmos resultados. Não consigo mais, cheguei ao meu limite, de me ver rodeada de tanta estupidez.
A continua possibilidade de jamais haver mudança, torna as minhas atitudes perante as circunstancias, extremamente e ridiculamente previsíveis. E se assim o é, é porque cheguei a águas paradas que não me levarão a lado nenhum. Estou presa num barco, olhando o horizonte debaixo de um sol escaldante, sem vento que empurre as velas içadas. 
É tempo de agarrar nos remos e começar a navegar. Se o vento não me ajuda, ajudar-me-à o peso do meu querer.  
Um dia voarei até ao planeta do "Pequeno Príncipe" que guarda um bela rosa debaixo da redoma de vidro.
Mas não agora...um dia...não agora...agora é tempo de navegar até ao horizonte. 

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Não há coincidências!

Não acredito em coincidências. Acredito que tudo o que surge no nosso caminho, acontece por um determinado motivo, quer seja algo que achemos ser bom ou mau. Existe sim, a necessidade de “olhar” a vida com um “terceiro olho”. Aquele que te dá as respostas para as perguntas que fazes sem sequer ser preciso perguntar. Instinto. O frio na nuca que te provoca arrepios quando sabes que decisão tomar, mas que mesmo assim preferes arriscar que a vida te diga “eu avisei-te”.
Porque tal como o bater das asas de uma borboleta num ponto do planeta, possa porventura provocar um furação no outro extremo, acredito que todas coincidências da nossa vida têm um elo de ligação entre elas.
Tirar o melhor partido da vida é então saber “ver” as situações ou pessoas que nos vão surgindo no nosso caminho. Elas não aparecem por coincidência, mas sim porque de alguma forma vamos precisar delas e elas de nós.
Tudo tem o seu tempo determinado, não há coincidências, apenas o livre arbítrio de decidir quais as variáveis que vamos introduzir. 

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Cruel

Algumas pessoas por vezes são muito cruéis. Têm o inegável e sórdido prazer de magoar quem lhes aparece à frente. Decepcionam, decepcionam e voltam a decepcionar.
O estandarte da vitoria que erguem com orgulho vale a vida que acabaram de ceifar. 
Não é vingança, gozo ou sequer indiferença o que sinto, mas tristeza por esse alguém que prefere ter o seu troféu na ponta de uma espada e não no laço do seu coração. 

terça-feira, 12 de julho de 2011

A indiferença

- O que sou para ti?
- Indiferente.
- Indiferente? Como?
- Bem, em primeiro lugar está a minha família, a seguir eu, os meus amigos, os meus vizinhos.
- E a seguir sou eu?
- Não, depois vem o meu patrão, chefes, funcionários públicos.
- Agora sou eu?
- Espera mais um pouco. Finanças, cães, caca.
- Ok, eu estou aí…
- Não, depois vêm as pedras que estão por baixo da caca e a seguir vens tu.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Ok, tenta lá.

São 10 horas e 15 minutos da manhã de um sábado. A clínica fecha às 10 e meia mas eu sei que a esta hora não está ninguém na sala de espera e a (o) enfermeira (o)quer é despachar-me por isso não vai fazer grandes alaridos à minha presença.
Não gosto particularmente de tirar sangue mas de vez em quando lá vou eu fazer o gostinho à seringa e às minhas veias que quase inexistentes, fazem questão de fazer a sua aparição em público, como que se se tratasse de uma ocasião especial.  
Entro logo para a sala e sento-me esticando o braço esquerdo. Apalpam-me o braço à procura como se albergasse um tesouro escondido.
- Isto está mau. (Dizem)
- Pois mas o outro braço é pior. (digo eu)
- Tem a certeza. Ora deixe lá ver.

Não que me incomode. Ok, incomoda. Eu estiquei o braço esquerdo quando normalmente é o direito que se apresenta por alguma razão foi.

- Pois realmente isto está pior. (Dizem)
E lá volto eu para o mesmo lugar.
A partir daqui acontecem versões diferentes, quer seja mulher ou homem.

Mulher:
Enquanto apalpa novamente o braço
- Então está a tirar sangue porquê?
- Rotina.
- Pois tem de ser, não é.
- É.
Continua a busca
- Eu também tenho de fazer analises e bla bla bla…..
Continua a busca

Homem:
Agarra-me no braço e olha para mim, nas suas longas explicações teóricas e afins…
- Tens de fechar a mão com muita força, tirar o braço de cima da mesa e coloca-lo para baixo e dobra-lo para a direita.
Começa a busca
- Não importa se sou eu que estou aqui ou não, tens de fazer isto para ser mais fácil, bla bla bla ….
Continua a busca

São 10 e meia, as portas já deviam estar fechadas e eu a meio do caminho de volta para casa para o meu pequeno-almoço. Mas a única coisa que vejo é tremores, irritação, frustração, suores frios e uma vontade enorme de sair dali para fora.
Talvez lhes devesse perguntar se vão desmaiar ou se precisam de um lenço de papel para lhes limpar a testa. Ou que sei onde está a veia que andam à procura…
- Está tudo bem? (Dizem)
- Tudo Ok, tenta lá. 

O valor das coisas

‎"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis." 

Fernando Pessoa

terça-feira, 5 de julho de 2011

Não posso voltar a ser quem era.

Tantas vezes renasci. 
Rendo-me ao meu cansaço e deito-me na terra húmida que me acolhe como um doce leito. O sol obriga-me a desviar o olhar. A erva cheira a água e terra onde a vida prossegue sem notar a minha presença. O vento sopra devagar, refrescante, cuidadoso para não retirar o sabor do meu prazer e a alma renasce uma vez mais de olhos bem abertos e não posso voltar a ser quem era.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Memórias



Estava sentada nas pedras a tirar fotos ao mar quando este senhor veio "inspeccionar" o que eu estava a fazer. Sorrimos um para o outro e desliguei a máquina para não ser mais incomodada. Ele desistiu do que eu estava a fazer e colocou-se a admirar o mar. Então decidi ser eu a "ver" o que ele estava a "ver" e tirei-lhe uma foto. Escusado será dizer que assim que ouviu a máquina a disparar virou-se para trás e desistiu de me importunar. 

Este é um dos motivos porque gosto de fotografia. Gosto de "roubar" tempo ao tempo em que a memória do espaço passa a ser  minha também.

domingo, 12 de junho de 2011

Ponto de retorno


Na década de 1940 uma certa relutância em modernizar a Ford Motor Company quase a destruiu. Mas quando Henry Ford II voltou da guerra e dos seus deveres militares para a administrar, a situação inverteu-se e a Ford tornou-se numa das maiores empresas do mundo.
Ocasionalmente precisamos de um retorno. Precisamos corrigir os rumos errados ou compensar decisões incorrectas para que seja possível voltar à condição anterior.
Não é fácil, é um esforço diário na esperança de que ao mudar se está a alterar o futuro para melhor. Claro que nem sempre o caminho é uma linha recta, nem os objectivos a que nos propomos são os que alcançamos. Só pudemos saber se tentarmos, e olharmos para o futuro com o passado como alicerce.
Afinal, não é só com o final de uma história que se aprende mas também com a sua narrativa ao longo das páginas da  vida. 

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Verdadeiro

Hoje o meu sobrinho, e depois de muita brincadeira, resolveu fugir fechando atrás dele a porta para que ninguém o seguisse. Fui atrás, puxei-o por um braço, agarrei no martelo de plástico dos santos populares que tinha na mão e bati com ele no rabo por cima da fralda.
- Não voltes a fazer isso. Senão eu volto a bater-te com o martelo no cu.
Ele olha para mim e aponta com o dedo para o rabo.
-Cu, Titi, cu.
-Sim no cu, eu bato-te no cu.
Resolvo abandonar esta discussão e dou meia volta para me ir embora, quando vejo o meu sobrinho a correr atrás de mim. Agarra-me no braço com o martelo, vira-me o rabo e diz.
- Cu, Titi, cu.
Afinal o que ele queria era que eu lhe voltasse a bater. Não percebeu que estava a repreende-lo. Não viu a maldade no meu gesto. Para ele era tudo uma brincadeira. Vi maldade no seu gesto e repreendi-o com maldade e ele viu inocência no meu e retribuiu com a mesma.
- Cu, Titi, Cu.
Desta vez reparo que está a sorrir, como sempre esteve.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Bin Laden

Cada um de nós olha para a vida deste homem e abana a cabeça negativamente. Por causa das suas crenças, da sua maneira de ver a humanidade e da loucura em querer transformá-la através da violência, o mundo hoje é diferente desde 11 de Setembro de 2001.
Lembro-me de ver em directo a notícia de que um avião havia atingido uma das torres gémeas e passado 20 minutos vi o segundo avião atingir a segunda torre. A confirmação de atentado veio nesse segundo, em que também eu abanei a cabeça em forma de protesto por esse acto ignóbil. Mas ele estava alegre e celebrava a morte.
Deveríamos abanar, no entanto, também a cabeça afirmativamente. Porque se um ser humano é capaz de tal acção, nada impede que cada um de nós o faça. O coração do Homem tem angustias, vitorias, percas, altruísmo, ódios, rancor, esperança…Nascemos todos iguais, somos parte de um só, feitos com o mesmo direito ao livre arbítrio.
Bin Laden está morto.
A humanidade se rejubila, vejo novamente pessoas na rua, que antes abanavam a cabeça em desaprovo, a celebrar com alegria a morte.
O que nos faz afinal assim tão diferentes?

sábado, 14 de maio de 2011

Mais um dia

O tempo anestesiado pela orgia
Da saudade me amofina  
Um segundo é um dia
Um dia é ruína

Chove e sabe bem, embalar-me.
Está frio, demasiado para o meu querer
As lágrimas das nuvens abraçam-me.
Vão-me proteger.

Preciso desse perdão
Não consigo, não posso e não quero esquecer.
Vou sonhar com o coração.
Até não mais poder.

Me lembrar
do que a minha alma desejar
para mais um dia em que vou acordar
e continuar a amar

quinta-feira, 28 de abril de 2011



"Às vezes os pensamentos melancólicos trazem consigo algum prazer também, um prazer suave, íntimo, consolador"   Júlio Dinis

Pó das estrelas

Estivemos todos juntos no inicio, nessa grande imensidão do espaço. Átomos, carbono, nitrogénio e oxigénio, temos a mesma massa que as estrelas. Mas esse início também teve um fim. Quando morrem, as estrelas massivas chamadas supernovas explodem expelindo todo o seu material para o espaço interestelar para que possam fazer parte de outras estrelas, planetas e pessoas. Todo o carbono que contém matéria orgânica foi produzido originalmente nas estrelas. 

Passaram três anos desde que partiram e parece que foi hoje de manhã. Por vezes penso que tudo é um mau filme em que posso a qualquer momento agarrar no comando e voltar ao momento em que mesmo sabendo que não poderia alterar em nada o curso da história, mas que talvez, talvez, e olhando agora para trás, talvez pudesse pelo menos tentar.

“Tu és pó, e em pó te hás-de tornar”. Um dia os nossos corpos voltarão ao seu estado primitivo, os átomos voltarão a se reorganizar em novas formas e talvez nesse dia sejamos; areia do mar, arvores cujos ramos se tocam, duas pessoas que atravessam o mesmo passeio, companheiros de viagem, amigos que se abraçam, e outra vez, pó das estrelas.

Sem dizer adeus, Laura e Lara, ainda vos amo.

“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”
Lavoisier

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Ilusões

Apetece-me chorar mas esta tremenda raiva que me corta a garganta como uma faca, não me deixa. Não consigo permitir-me a desistir, a sufocar nessa tristeza dúbia que não te ajuda mas te afunda. Sinto que lutei na grande batalha, desferi todos os golpes no meu adversário mas fui eu que perdi. E o porquê vem a seguir, vem sempre. Aliás é o único que resta. A divina interrogação.
Iludo-me a mim mesma ao sorrir nessa vitoria que não ganhei, que não me trouxe o troféu final, cujo qual já nem sei qual era.
Estou cansada desta inércia, da morfina que me atordoa os sentidos. Olho para o relógio e penso mais um minuto e vou, mais um minuto e faço. Ilusões perdidas nos sonhos.