Detesto quando um adulto não deixa uma criança chorar, como se depois de ter feito qualquer coisa de errado não tivesse o direito a mostrar arrependimento.
Esse estado de espírito em que para benesse de outro deve existir o dever de suprimir o nosso sentimento, faz com que criemos uma máscara de suposta indiferença perante os acontecimentos.
Lembro-me quando era criança e o meu avô ficou doente, a minha mãe me dizer para lhe levar o comer à cama, como forma de o agradar pois era a sua neta mais velha que estava a cuidar dele. Os dois sabíamos o quanto ele estava doente, no entanto agíamos como se estivesse tudo bem, para nos confortarmos durante aqueles minutos em que a realidade era deixada fora do quarto e nele só existia a fantasia da normalidade.
- Está melhor avô?
- Estou sim.
Não era verdade e ambos sabíamos. E porquê dar ouvidos à realidade, quando não era por ela que clamávamos mas sim o regresso à rotina da ignorância da morte.
Por vezes penso que somos duas pessoas dentro de um mesmo invólucro. O espírito e o corpo. Um diz uma coisa e o outro diz outra e a luta permanece indefinida. Qual deles terá mais valor, razão ou competência de definir o que é certo ou errado é a continua busca que alimenta o meu inconsciente.
Ao visitar um amigo doente, sinto as lágrimas tentarem romper a barreira da realidade, mas ouço a voz vinda não sei de que direcção que diz, "não quero ver nem uma lágrima, não te atrevas a chorar", e então sorrimos.
- Estás melhor?
- Claro que sim.
Ao visitar um amigo doente, sinto as lágrimas tentarem romper a barreira da realidade, mas ouço a voz vinda não sei de que direcção que diz, "não quero ver nem uma lágrima, não te atrevas a chorar", e então sorrimos.
- Estás melhor?
- Claro que sim.
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