Quando é de noite, e a noite nos envolve, nada há a fazer senão olhar para a luz que existe há nossa volta. Queria ver o nascer do sol, mas as estrelas brilharam primeiro.
(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)
segunda-feira, 31 de março de 2014
sábado, 29 de março de 2014
quinta-feira, 27 de março de 2014
quarta-feira, 26 de março de 2014
"A flor que nasce no meu jardim"
Existe em mim o desejo de arrancar a flor que nasce no meu jardim. Mas quem disse a mim que é meu aquilo que nunca deixou de ser seu, enganou-me. Não pertence nada a este meu ser que não seja a própria voz de quem em mim me fala, tudo o mais que existe em si mesmo o vale sem que meus olhos o tornem em realidade e em minhas mãos lhes façam nascer vida. Não é a flor que quero arrancar, não é à flor que acho bela, é dentro dela que está toda a beleza que em mim pretendo a conquistar e arrancar há terra, para que na minha posse permaneça e me faça pertencer, crescer e viver a mesma alegria. Que todas aquelas cores se façam em mim sentir. É uma flor do campo, erva daninha de jarra, principio de toda a simplicidade da matéria da vida que se pretende a conhecer!
Existe em mim uma força que me impele a ela conhecer, entrar em todo o seu ser como se em mim entrasse, percorrer todas as curvas do seu haver e ter mais do que a presença calva da estrutura física da natureza! É todo o seu âmago, toda a centelha de vida que aí está, toda a luz que em si retêm, que eu desejo de arrancar a flor que nasce no meu jardim.
terça-feira, 25 de março de 2014
segunda-feira, 24 de março de 2014
"Pobre"
Pobre é pobre ou coisa nenhuma certa, vive dos favores que os outros lhe fazem, por perdão ou mendiguisse. É de espantar, pois levanta-se sem igual, sem modos ou maneiras, de coisa que lhe pareça mal. Tem na teia a certeza, da tela também saber pintar, pois o mundo assim se lhe apresenta como o homem do pincel que comanda a natureza. Ora, era uma coisa destas assim que eu precisava para mim, um balde e uma moeda para fazer chinfrim, que me acordasse da moleza de já não saber o que é ser pobre! Foi assim no outro dia, acordei como de agora e deixei de entender ao que vinha por aqui a pretender fazer! Ser pobre é assim, sem ter principio, meio ou fim, é o sentir no momento tudo o que se passa pela vida fora! Ser pobre na ausência de tudo o mais que não importa, que tudo o mais é querer, e querer com certeza de querer de ter ou ser!
terça-feira, 18 de março de 2014
Estou cansada, da igualdade das coisas, de tudo nascer com a mesma face. Há dias em que me parece que um vento se levanta depois de uma viagem longa e consegue arrastar o pó que tudo cobre para longe. É ideia de pouco tempo e tudo volta há normalidade do igual em menos de um pensamento.
Em mim no entanto permanece a ilusão, que daqui a pouco tudo ao largo é diferente. Assim como o mar abraça a terra, assim eu abraço essa ideia!
"Tudo aquilo que em mim se cala"
Caminhar na direcção do caminho, partir na viagem sem fim dos sonhos aleatórios, ilusórios que nos surgem nos intervalos dos silêncios dos dias, nas paragens da noite mundana, recente de tudo o que se diz. Diria que é de passagem mas nem por hora o direi. Seria mentira e a mim não o posso dizer. Ouço passos que na sua origem não sei de onde vêm. Mas chega. Chega e se demora nas encruzilhadas dos dizeres, nas memórias dos fazeres.Não te podes colocar no espírito das coisas, elas nunca virão se esperares por elas. São fugidias, gostam de se esconder, mas à vista, numa brincadeira de criança traquina, na sabedoria da idade avançada da experiência de um velho. É que já cá existe já muito tempo a ideia dos dizeres, dos pensares e dos quereres. E não há mais nada a fazer se não pensar e querer ser ser aquilo que realmente se é sem o saber. Posso até pensar que não, que tudo é imaginação, ilusões das noites esquecidas, mas se assim me fala o coração, como posso eu dizer que não é verdade, tudo aquilo que em mim se cala.
sexta-feira, 7 de março de 2014
Espreita pelas grades da tua casa o que vai do outro lado da cerca. Há erva verde que cresce sem que se dê conta, porque a gente não quer saber. Estamos deitados nela e o que importa é a fundura de terra que fazemos ao deitar nela. É uma cama quente esta, está quente na rua, muito mais do aqui dentro. Lá fora o sol descansa nas peles desnudas e o vento arrasta os cheiros dos fogões a lenha. Assim sobre a erva o sol me aquece e me esqueço do que estou aqui a fazer, já não é tempo nem hora, nem passado nem futuro, é-se o que se sente na pele, naquele momento, que se sente que se pertence a tudo, e tudo nos é querido, é-se feliz naquele momento.
segunda-feira, 3 de março de 2014
"Trabalhador"
Tempo útil de trabalho é onde se gastam os dias e as noites se consomem a pensar nele. Um trabalhador é feito de outra "massa" de outra substância da qual foi alimentado, desde que se lembra que existe. Ao outro, ao de cima, diz que não pode, que lhe doem as costas, as pernas e os dentes, menos a língua.
Ao trabalhador não lhe doí nada, nem as pernas, nem as unhas, porque é feito de outra "massa", uma "massa" de punhos de ferro, braços esculpidos de troncos fortes da mais dura madeira, peito forte de pulmões enchidos de ar fresco e refrescante, sorriso aberto de quem diz: - Deixa-te estar, não te incomodes, eu consigo!
É fácil dizer que não se quer, encostar-se ao lado e esperar que outro alguém faça o que tem de ser feito, mas não para quem tem o trabalho dentro de si, e se consome se o que deve ser feito não o é, porque é arrastado pela preguiça e as mesuras de quem tem mais o que fazer, (que é coisa nenhuma ou pouca talvez) do que o que deve fazer.
É esse o dever, o dever do direito e direito do dever que define um trabalhador! Porque acima de tudo um trabalhador, tem a sua coluna vertebral, sempre na vertical!
"Ridículo! "
Ridículo! Tudo o que se faz é ridículo! É ridícula a forma como se veste ou se despe! É ridículo te preocupares, é exagero quereres o bem porque mais ninguém o faz! É ridículo que queiras saber, ridículo que não faças como eu! É ridículo que percas tempo para pensar, melhor não saber, gozar a vida, alguém há-de aprender, os desocupados, os que não têm vida. É ridículo tudo o que se faz porque não é igual ao que eu faço! É ridículo dizer certo, com os acentos, esses e erres, para quê? É ridículo ajudar! É ridículo te queixares, exigires o que é teu de direito, os teu deveres e quereres, tudo é ridículo!... É ridícula a ideia, é ridículo o estar, e sentar, o sentir, o existir, o viver e o prazer! É ridícula a liberdade!...
Que pena eu tenho, de quem passa por toda uma vida, e apenas consegue ver o que vêem os seus olhos!
domingo, 2 de março de 2014
Morte! Não tenho medo da morte, da efemeridade da vida, do corpo, de tudo o que é papável e se avista! Não é disso que tenho medo! Costumava ter medo, antes, da dor, da dor do corpo ao acabar, ou antes disso, antes de começar! Já não é dor que me incomoda, que me faz sentir peso ao andar, é a vida que me incomoda, a vida que deixo para os outros. É morrer antes de minha mãe e ver espelhado no rosto a dor que lhe causei com a minha morte!...E como posso eu fazer para não morrer, se nada a isso me posso valer de escolher! Como posso fazer para que não me tenha mais como pessoa amada, de quem nasci e me fez criação e me agarra até hoje. Faço com que me odeie, com que não me queira mais de ser. Não posso, isso seria outra morte maior do que a minha! Como posso eu fazer então, para que deixe de não morrer! Como posso eu fazer para que viva como antes, com a carne igual, tudo igual e viver eternamente aos olhos de uma mãe! Não sei!...
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