(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

"Uma gargalhada"

Sou o que sou, faço o que quero e consigo voar, tocar o céu, como posso, como consigo chegar ao infinito.  Mas  eu, eu não consigo derreter a imagem de cera que está à minha frente, fria, crua e nua. Encosto a navalha de raiva no seu pescoço forçando a confissão de culpa, que chega sem demora. E olho, respiro fundo, dou um passo atrás e rio, uma gargalhada de desprezo, de nojo, de inacreditável superioridade. 
A cera não me queima, não me aquece, não alumia, não tem cor, não existe ou se existe é de mera servidão útil. sem qualquer artificio ao olhar. Agora é dia e a luz é outra, agora rio e digo não importa porque eu sou. 

1 comentário:

  1. O escaqueirar de uma gargalhada contrasta com a volúpia do silêncio. Nenhuma Instituição - por mais forte e solene que seja - resiste a uma gargalhada, a uma boa e sonora gargalhada!... Nenhum conceito por melhor elaborado que seja e nos afronte aguenta a "chicotada" psicológica de um gargalhar ferino e prolongado, risível e irisado. Uma gargalhada - como revela e muito bem! - apresenta-se com os mais díspares significados ou as mais exóticas interpretações. Posta a questão neste ponto, uma simples gargalhada derrete com mais facilidade a estátua de cera, amarelenta e mumificada, com que os nossos preciosos fantasmas nos atormentam, do que consegue afugentar os noctívagos e deambulantes seres imaginários, sombras de sonâmbulos, vidrados, transparentes e envolvidos em náusea, esculpidos em remessas de remorsos que nos ensombram a alma e o nosso viver quotidiano. O gargalhar é a violência do riso. Provocatória, como todas as gargalhadas.

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