(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Ser o que sou não é o que sou na realidade, a realidade é paralela ao que sou. A realidade tem de ser tocada, examinada, percepcionada para ser o que é. Eu sou mais que um é, sou também um não é. O negativo do positivo e o positivo do negativo giram em volta de um só que não é só um mas dois.

5 comentários:

  1. Ao longo da vida, somos involuntariamente muitos em um.
    Aquele que somos sem ter conhecimento dele, aquele outro que está intrinsecamente em nós e reage por nós, ainda aquele outro de que tomamos consciência e reage, e aqueles mais - muitos... - que a pouco e pouco vamos descobrindo em nós, com "identidade" própria, em fases diferentes da vida, e perante situações imprevistas, inimaginadas até aí.
    Somos uma multiplicação, um desdobramento autónomo - inúmeras ocasiões inconsciente... - a própria potencialidade da diversificação humana do ser pensante, do ser racional e emotivo.
    O podermos convergir todos "aqueles" em nós, no que percepcionamos e consciencializamos em absoluto, sem pertrubações de maior que possam escapar ao nosso auto-controlo, ou entrem numa "auto-fagia" inapreensível e inconsequente, requer de nós um autodomínio, uma apreciável adaptação, que nos modela de um modo, de uma forma tão subtil e surpreendente que chegamos a não nos reconhecermos como unidade imutável...

    ResponderEliminar
  2. Estamos em Setembro. Mês em que se colhe, em que se procura receber o que "semeamos" no correr dos dias longos. Há sempre amores para resolver em Setembro. Amores que implodiram na densidade fluída do início do Verão, na liberdade dos gestos, no alargamento das fronteiras de cada um, amores que existiram na intensidade absoluta da beleza, na eternidade dos sorrisos, amores que se diluiram no contacto do corpo, na consumação de mil desejos retidos em meses anteriores, amores que se iluminaram no descobrir de novas e fortes sensações, amores que tendem a terminar quando o fogo das tardes quentes esmorece e arrefecem as noites. Quando tudo parece que se gastou. Vamos ter de ordenar a vida na desordem da nossa própria vida. É Setembro, no centro do olhar e do riso dos outros. É ainda azul, aquela cor que corresponde a uma imagem de sublimação. Os amigos retomam os seus lugares, o trilho das suas vidas. Nós, adaptamo-nos ao nosso estar. Toda a alegria primordial da vida. A possível. O amor que entretanto não se declarou terá de ficar adiado. E isso confrange-nos, dói. O mundo, o nosso pequeno mundo restará mais confinado. Setembro, que mês tão fora do que devia existir sempre. Mês em que os dias se interrompem. E um canto lento, ao ritmo da terra,esvazia-se na distância, e um soluço intenso desenvolve-se dentro de nós.

    ResponderEliminar
  3. Setembro!... Ainda tempo de viagens, de experiências, de revelações prometidas e adiadas, de não coincidências, de lugares que nos deixaram suspensos e onde chegamos sempre demasiado tarde!...

    ResponderEliminar
  4. Em Setembro ainda faz calor Varela e o Verão ainda não acabou. Aliás mesmo no Inverno há Verão, nada é impossível

    ResponderEliminar
  5. Emília, tu não és um "lugar", um deses lugares onde tenha chegado tarde, porque penso ter chegado quando estaria já determinado chegar, és no fundo um espaço onde cheguei ainda a tempo!
    E não te perdi subitamente e muito menos para sempre.
    Não quero lamentar-me como as sereias, agora que as marés dobam novelos de espuma à roda...
    Porém, ao cair da noite, tenho sempre medo que não voltes!... E desapareças. Como desaparecem os deuses efémeros, os deuses de olhos azuis, que gritam todas as noites junto aos portos, e se assomam no cais de manhãzinha.
    Não quero deixar de te sentir, de ouvir os teus olhos, de olhar a tua voz, a ti que és palpitação no meu rosto, frémito no teu corpo, alma em mim mesmo, soberana figura tutelar.
    Prendeste-me na memória, e assim fiquei solto no lamento dos gestos desacertados que possa ter tido... Se não vou contigo, posso perder deus no caminho.

    ResponderEliminar