(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

"Espelho meu"

Espelho meu consegues ver alguém daí, porque daqui não vejo mais do que a planura lisa, dimensional e perfeitamente palpável do quadro surreal. Consegues ver o que vejo, és cego, sussurra-me, sopra-me ao ouvido esse vento quente de palavras difusas de dentro para fora. Consegues ouvir o que te digo, não me negues. Consigo ver quase por inteiro a cor do teu avesso, sim disse quase porque não ver tudo é deixar-te ainda um fundo que talvez não seja descoberto porque não precisava de o ser, mas que me faz procurar-te outra vez. Existe essa vaidade em mim que te assiste em me rever e olhar nas águas que a luz atravessa a uma velocidade menor que a de cá de fora fazendo o tempo passear em linhas curvas e extensas. E entre o ser  e o parecer nos encontramos, por vezes nos vemos mas nem sempre nos amamos. 

1 comentário:

  1. Eis uma escrita vinda de um certo subconsciente retido desde muito longe na memória do tempo, mas objectivável, e confessional de certo modo. Uma textura restrita, embora demasiado seca e fria, mas que se procura em si, no que ela própria pode descobrir-se e descobrir. No entanto, não deixa de oferecer beleza, vibração, movimento, tremura, mas sem a emoção necessária, a emoção que a torne um texto estimulante, afectivo, sobretudo afectivo, intrínseco, corporalizável. Emília! Pode, tem capacidade para ir mais além, muito mais... Eu sei.

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