Tempo de espaços vagos, vazios ocos, repetição de olhares perdidos, sonhos de outros lugares, pensamentos em melancolias prenhe de desejos não cumpridos, não importa ou se importa a hora é agora, a de entrar nesse deserto de apenas esperanças, de realidades ilusórias, e no entanto talvez já tenha partido, e é lá que ele está, o órgão que pulsa a vermelho vivo a pura arte da fantasia. Alguém caminha a meu lado, mas não sei quem é porque não o vejo, não o ouço, não o sinto, a minha mente corre em outra estrada numa outra direcção, onde vou, para onde, para quê, porquê e porque não se esse não me faz sair de mim e voar para as arcadas do meu sorriso que o faz levantar mesmo quando não o vejo, e vêm em mim a mim como se viesse do fundo de um sonho.
Quantos caminham a nosso lado, e não os vemos, talvez nunca os quiséssemos ter visto, e não os sentimos, porque os nossos olhos, o nosso pensar, a anunciação do prazer que nos afoga a alma só está em nós?!... Não a cedemos a ninguém. Pois que, alguém, esse "alguém" para nós, para o nosso egocentrismo é permanentemente "ninguém". Nunca sequer existiu... Não mais os outros podem continuar a ser miragens virtuais, fantasmagóricas, espaços vagos, presenças aparentemente não sentidas, figuras reais transformadas em irreais! É que os outros - assim - acabam por sermos nós próprios, desprezados por nós mesmos!...
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