Bem comecemos pelo princípio. E no princípio nada havia a não ser um espermatozóide e um óvulo, mas fez-se luz e aqui estou eu.
O meu nome é Maria, uma de tantas e que por vezes também vai com as outras. Sou alta para os meus dois metros menos pouco, quase que consigo chegar à terceira prateleira do super-mercado. Em termos de religião se me perguntarem se sou ateu ou crente, a resposta é sim. Acho que a minha melhor qualidade é a veia para as artes dramáticas. Não sei é qual é, se a vermelha ou a azul. Sou uma grande lutadora, ninguém me faz frente, excepto se tiver mais de quatro anos e mais de metro e meio. Género masculino ou feminino.
O maior acontecimento, em que participei na minha vida, foi quando fiquei com as calças rasgadas de alto a baixo, no meu local de trabalho. Foi extraordinário. A humilhação, e sentido de oportunidade, nunca tiveram tão sincronizados. Sou amiga do próximo. Não se cheguem é muito, sou um pouco claustrofóbica.
Mas acima de tudo, o que mais me define é ser uma grande mentirosa
(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
O meu lugar ideal
Por lugar ideal, predispõe-se que seja aquele onde se gosta de estar ou já esteve, que nos toque mais na alma do que na razão. Pois aquele que para mim é ideal não o será para outro. Por isso o que o torna diferente é o que eu sinto por ele, o que retiro dele, o que me dá a segurança de pertença, mesmo que não seja meu, mas que o sinto como tal.
Obviamente existem países, cidades e cultura que gostaria de conhecer.
O Egipto e as grandes pirâmides, uma das civilizações mais antigas, onde grande parte dos conhecimentos e técnicas ainda estão por descobrir, fazem parte do meu imaginário. Tal como França, berço de cultura e moda. Com o museu do Louvre em destaque, guardião de magníficas obras, imortais, e que jamais se repetirão na história da humanidade. Onde se começaram as grandes revoluções, como a instauração da republica, o direito ao voto e a implantação da União Europeia. Mas em todos estes lugares e em todos os que realmente visitei, sempre falta algo.
E com isto quero dizer que o meu lugar ideal, aquele que me está mais no coração, aquele pelo qual anseio voltar, por mais longe que vá, mesmo que encontre lugares muito mais bonitos, organizados e civilizados, é o lugar onde moro, o Canedo. E com lugar não estou, por forma alguma, a enfatizar a questão, visto que moro mesmo num lugar.
O Canedo e uma pequena aldeia, pertencente à freguesia da Pampilhosa. Segundo uma lenda muito antiga, deve o seu nome ao facto de antes de esta zona ser habitada, existir aí um grande canavial.
Em temos de monumentos, o mais antigo remonta ao tempo das ocupações romanas. É uma ponte que ainda é utilizada, mas hoje em dia a passagem apenas é feita a pé. Do século XVII, encontra-se uma pequena capela com alpendre de pilaretes toscanos, de calcário. Campanário no vértice da empena. Púlpito à direita de pedra cilíndrico, assente em maciço de alvenaria.
As habitações são poucas, o que facilita o facto de todos nos conhecermos. Existe pouco comércio, mas que está em expansão. Encontra-se também aqui uma escola primária, que foi inaugurada pela minha mãe, e onde mais tarde fiz o meu primeiro ciclo.
Foram construídos jardins e parques de merendas, um centro comunitário e um bairro social. Existe também uma Zona Industrial, para onde convergem grande parte dos trabalhadores das aldeias e vilas vizinhas. Foi aqui que encontrei o meu primeiro emprego e me tornei independente financeiramente.
A aldeia do Canedo, e os seus habitantes não são conhecidos pelos melhores motivos. Naturalmente são sempre os piores momentos que as pessoas se recordam, dai por vezes nos julgarem a todos pelos actos de meia dúzia de indivíduos.
Quando passeio pelas suas ruas. Ruas onde aprendi a andar de bicicleta (e onde cai muitas vezes), vejo a casa da minha avó, e lembro-me dela e dos seus bolos, lembro-me quando era mais pequena e ia à fonte, das tardes de calor passadas nos campos de milho, das regas, das carroças de bois, de puxar uma delas (ou ela a mim). Também foi aqui que chorei, as minhas maiores magoas, e onde estão enterradas para sempre.
Gosto de viver aqui, não pela perfeição das suas ruas, casas, ou pessoas. Mas sim, porque tal como ela, também eu não sou perfeita, e nem o queria ser. Tal como ela, vou evoluindo no tempo, construindo coisas boas e melhorando as menos boas. Nela se escondem segredos, recantos escondidos, basta inspirar fundo, abrir bem os olhos e o espírito, para encontrar as mais belas histórias de sempre. E quando menos se esperar, seremos surpreendidos. São essas histórias que encontramos, numa pedra, numa ruína esquecida, numa gota de chuva, no cheiro de um bolo, que nos fazem voltar, ao mesmo lugar.
Obviamente existem países, cidades e cultura que gostaria de conhecer.
O Egipto e as grandes pirâmides, uma das civilizações mais antigas, onde grande parte dos conhecimentos e técnicas ainda estão por descobrir, fazem parte do meu imaginário. Tal como França, berço de cultura e moda. Com o museu do Louvre em destaque, guardião de magníficas obras, imortais, e que jamais se repetirão na história da humanidade. Onde se começaram as grandes revoluções, como a instauração da republica, o direito ao voto e a implantação da União Europeia. Mas em todos estes lugares e em todos os que realmente visitei, sempre falta algo.
E com isto quero dizer que o meu lugar ideal, aquele que me está mais no coração, aquele pelo qual anseio voltar, por mais longe que vá, mesmo que encontre lugares muito mais bonitos, organizados e civilizados, é o lugar onde moro, o Canedo. E com lugar não estou, por forma alguma, a enfatizar a questão, visto que moro mesmo num lugar.
O Canedo e uma pequena aldeia, pertencente à freguesia da Pampilhosa. Segundo uma lenda muito antiga, deve o seu nome ao facto de antes de esta zona ser habitada, existir aí um grande canavial.
Em temos de monumentos, o mais antigo remonta ao tempo das ocupações romanas. É uma ponte que ainda é utilizada, mas hoje em dia a passagem apenas é feita a pé. Do século XVII, encontra-se uma pequena capela com alpendre de pilaretes toscanos, de calcário. Campanário no vértice da empena. Púlpito à direita de pedra cilíndrico, assente em maciço de alvenaria.
As habitações são poucas, o que facilita o facto de todos nos conhecermos. Existe pouco comércio, mas que está em expansão. Encontra-se também aqui uma escola primária, que foi inaugurada pela minha mãe, e onde mais tarde fiz o meu primeiro ciclo.
Foram construídos jardins e parques de merendas, um centro comunitário e um bairro social. Existe também uma Zona Industrial, para onde convergem grande parte dos trabalhadores das aldeias e vilas vizinhas. Foi aqui que encontrei o meu primeiro emprego e me tornei independente financeiramente.
A aldeia do Canedo, e os seus habitantes não são conhecidos pelos melhores motivos. Naturalmente são sempre os piores momentos que as pessoas se recordam, dai por vezes nos julgarem a todos pelos actos de meia dúzia de indivíduos.
Quando passeio pelas suas ruas. Ruas onde aprendi a andar de bicicleta (e onde cai muitas vezes), vejo a casa da minha avó, e lembro-me dela e dos seus bolos, lembro-me quando era mais pequena e ia à fonte, das tardes de calor passadas nos campos de milho, das regas, das carroças de bois, de puxar uma delas (ou ela a mim). Também foi aqui que chorei, as minhas maiores magoas, e onde estão enterradas para sempre.
Gosto de viver aqui, não pela perfeição das suas ruas, casas, ou pessoas. Mas sim, porque tal como ela, também eu não sou perfeita, e nem o queria ser. Tal como ela, vou evoluindo no tempo, construindo coisas boas e melhorando as menos boas. Nela se escondem segredos, recantos escondidos, basta inspirar fundo, abrir bem os olhos e o espírito, para encontrar as mais belas histórias de sempre. E quando menos se esperar, seremos surpreendidos. São essas histórias que encontramos, numa pedra, numa ruína esquecida, numa gota de chuva, no cheiro de um bolo, que nos fazem voltar, ao mesmo lugar.
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Como poderei resistir à tentação
Desço a rua. Sinto-me tão segura. Há um mês que não o vejo. Fiquei apenas com a recordação do seu cheiro, do seu sabor, o seu calor…Fecho os olhos e sento-me numa esplanada virada para o mar, infinito, claro, perfeito. Num rasgo do tempo desvio o olhar e ali está ele, do outro lado da esplanada. Será que me viu? Não. Está a olhar para elas, e elas também o desejam. É novo, atraente, com boa imagem. Já passou por todos estes bares e todas elas o viram. Também não conseguem resistir. Qual será o seu sabor, o seu cheiro, o seu toque? Assim se perguntam, mas elas sabem que o que restará no fim, será apenas uma recordação. Ainda tenho no corpo as marcas do nosso último encontro, marcas cravadas a ferro e fogo, para que todos vejam que fui tua. Por um tempo, pouco, louco, mas tempo. E agora aqui está ele, não me vê, pouco importa, ele sabe que o voltarei a procurar, mais, mais, e mais.
Porque é que eu não consigo resistir? Digo sempre para comigo, é agora, acabou, não me vou humilhar mais, mas cada vez que olho para ele, voo no seu odor, nas suas ondas de calor, no prazer das minhas recordações. Como poderei resistir à tentação, os meus pensamentos inundam-me. Levanto-me e caminho na tua direcção, mas desta vez não vou desviar o olhar, quero que saibas o que te vou fazer, como te vou despir dessa tua roupa plástica, fria, mas que esconde um corpo quente e perfeito. Continuo a caminhar, cada vez mais perto e mais perto estão os meus pensamentos, mais perto, mais perto, olho para ti e tu para mim e num instante, um leve rubor sobe à minha cara, estou perdida.
Alguém me toca de leve no braço, é o dono do bar. Posso ajudar? Sim. Quero comprar este gelado de chocolate que está aqui mesmo à minha frente. A minha única tentação.
Porque é que eu não consigo resistir? Digo sempre para comigo, é agora, acabou, não me vou humilhar mais, mas cada vez que olho para ele, voo no seu odor, nas suas ondas de calor, no prazer das minhas recordações. Como poderei resistir à tentação, os meus pensamentos inundam-me. Levanto-me e caminho na tua direcção, mas desta vez não vou desviar o olhar, quero que saibas o que te vou fazer, como te vou despir dessa tua roupa plástica, fria, mas que esconde um corpo quente e perfeito. Continuo a caminhar, cada vez mais perto e mais perto estão os meus pensamentos, mais perto, mais perto, olho para ti e tu para mim e num instante, um leve rubor sobe à minha cara, estou perdida.
Alguém me toca de leve no braço, é o dono do bar. Posso ajudar? Sim. Quero comprar este gelado de chocolate que está aqui mesmo à minha frente. A minha única tentação.
Lei das cotas
A lei das cotas não é um acto de direito de competências mas sim um acto de imposição de pessoas, nem um acto democrático, visto que são entregues cargos, apenas por estatísticas, nem um acto edificação dos direitos das mulheres visto que grande parte apenas são vistas como o preenchimento de um lugar, sem qualquer competência. Sim estão lá mas quem as ouvirá, mesmo que falem com competência quando de facto, não estão ali por mérito. Por isso mesmo não concordo com a lei das cotas.
Dizem que é um acto democrático, mas então porquê só as mulheres? Elas são oprimidas, desvalorizadas? Sim, mas também existem muitos mais grupos minoritários; indivíduos de cor, de outra nacionalidade, etnia e religiosidade. Porquê também não atribuir a estes grupos, e outros demais que porventura existam e que com certeza terão muito menos probabilidades de aceder ao meio político do que as mulheres, acesso a esse meio, atribuindo-lhes uma cota.
Não será por falta de oportunidades que as mulheres não entram nos circuitos políticos visto que, em outras áreas já o são em maioria. Na educação já o são e em termos de cientistas, Portugal é o país com mais mulheres ai colocadas. Nas forças armadas, associações de voluntariado (como bombeiros, cruz vermelha), o número de associados femininos, cresce a um ritmo tão acelerado que são necessárias mudanças nas estruturas dos edifícios, como balneários e camaratas para estes novos recrutas que até então não existiam.
Então o porquê de uma, tão pouca participação feminina. Penso que ainda existem poucas mulheres que queiram abdicar de tudo o que têm para ingressar na vida política. Uma mulher é tão capaz ou mais, de exercer estes cargos, ao mesmo nível de qualquer homem, mas o facto é que se o quiserem fazer, terão necessariamente, e por vezes obrigatoriamente de deixar aspectos da sua vida para trás. Um homem por natureza, não dá á luz, não amamenta, uma mulher sim. Então quantas estão dispostas a faze-lo. O homem pode adiar ser pai até aos 60, uma mulher em condições, o mais saudáveis possíveis apenas poderá adiar a sua maternidade até aos 35.
Um bom político é aquele que dedica a sua vida à política e ao bem do seu país, deixando tudo para trás. Quantas mulheres o fariam? Poucas, pois somos seres muitos mais emocionais do que racionais.
Por isso mesmo deixem-nos decidir se queremos ingressar nesse meio, a 100% ou apenas a 30%.
Dizem que é um acto democrático, mas então porquê só as mulheres? Elas são oprimidas, desvalorizadas? Sim, mas também existem muitos mais grupos minoritários; indivíduos de cor, de outra nacionalidade, etnia e religiosidade. Porquê também não atribuir a estes grupos, e outros demais que porventura existam e que com certeza terão muito menos probabilidades de aceder ao meio político do que as mulheres, acesso a esse meio, atribuindo-lhes uma cota.
Não será por falta de oportunidades que as mulheres não entram nos circuitos políticos visto que, em outras áreas já o são em maioria. Na educação já o são e em termos de cientistas, Portugal é o país com mais mulheres ai colocadas. Nas forças armadas, associações de voluntariado (como bombeiros, cruz vermelha), o número de associados femininos, cresce a um ritmo tão acelerado que são necessárias mudanças nas estruturas dos edifícios, como balneários e camaratas para estes novos recrutas que até então não existiam.
Então o porquê de uma, tão pouca participação feminina. Penso que ainda existem poucas mulheres que queiram abdicar de tudo o que têm para ingressar na vida política. Uma mulher é tão capaz ou mais, de exercer estes cargos, ao mesmo nível de qualquer homem, mas o facto é que se o quiserem fazer, terão necessariamente, e por vezes obrigatoriamente de deixar aspectos da sua vida para trás. Um homem por natureza, não dá á luz, não amamenta, uma mulher sim. Então quantas estão dispostas a faze-lo. O homem pode adiar ser pai até aos 60, uma mulher em condições, o mais saudáveis possíveis apenas poderá adiar a sua maternidade até aos 35.
Um bom político é aquele que dedica a sua vida à política e ao bem do seu país, deixando tudo para trás. Quantas mulheres o fariam? Poucas, pois somos seres muitos mais emocionais do que racionais.
Por isso mesmo deixem-nos decidir se queremos ingressar nesse meio, a 100% ou apenas a 30%.
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Olha para mim
Tenho tanto para escrever e nada para dizer. Tanto para falar e nada para contar. Estou aqui, mas não estou. Estou longe, mas consigo te sentir. Onde estou?
Caminho ao longo de uma longa estrada, curta demais? Talvez. Encontro-me numa encruzilhada, espero por um sinal que me diga para onde ir. Não vem, ou veio e não vi, sim, não, talvez. Fecho os olhos e vou em frente, uma frente, das quatro, mas qual? Não sei, não importa, agora não, agora sim, Onde estou? Para onde vou? Onde estou?
Olha para mim, estou a ver, ali está, a vida está a passar, estou a ver, quão bonita é, eles sentem-se felizes, também eu. E Quando, Tanto, Demais, choro pela sua felicidade como se fosse só ela, ela mesma, a deles e a minha, só a felicidade,
Olha para mim, estou a ver, voltei, aqui está ela, a estrada, Onde estou? Aqui? Sim, não. Olho para trás, foi ali, ali eu a vi, fui eu a sua audiência, minguem me viu, mas eu vi, ela mesma, a deles e a minha, só a felicidade
Fecho os olhos, vou dormir, espero, dormir, dormir, dormir.
Desisto, olha para mim, estou a ver, a estrada é longa, curta demais? Talvez.
Caminho ao longo de uma longa estrada, curta demais? Talvez. Encontro-me numa encruzilhada, espero por um sinal que me diga para onde ir. Não vem, ou veio e não vi, sim, não, talvez. Fecho os olhos e vou em frente, uma frente, das quatro, mas qual? Não sei, não importa, agora não, agora sim, Onde estou? Para onde vou? Onde estou?
Olha para mim, estou a ver, ali está, a vida está a passar, estou a ver, quão bonita é, eles sentem-se felizes, também eu. E Quando, Tanto, Demais, choro pela sua felicidade como se fosse só ela, ela mesma, a deles e a minha, só a felicidade,
Olha para mim, estou a ver, voltei, aqui está ela, a estrada, Onde estou? Aqui? Sim, não. Olho para trás, foi ali, ali eu a vi, fui eu a sua audiência, minguem me viu, mas eu vi, ela mesma, a deles e a minha, só a felicidade
Fecho os olhos, vou dormir, espero, dormir, dormir, dormir.
Desisto, olha para mim, estou a ver, a estrada é longa, curta demais? Talvez.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
quarta-feira, 6 de maio de 2009
O dinheiro
Mais do que o sexo ou a religião e apenas ultrapassado pela ideia da morte, o tabu do século XXI é o dinheiro. Já tudo foi dito sobre sexo. Até o Papa Bento XVI, fá-la sobre preservativos da sua varanda pessoal. Para não falar dos muçulmanos que se suicidam gritando aos quatro ventos que o estão a fazer porque irão receber como recompensa sete virgens no paraíso. A virgindade, hoje em dia é rara, mas será que só se encontra na outra vida. Aparentemente, alguém acha que vale a pena morrer para o descobrir. A religião ao invés de um acto de fé, transformou-se num acto de comércio, moda ou político. Como já não é monopolizada, o bolo é repartido por todos. Resta-nos o dinheiro.
Ninguém, na realidade, diz quanto é que recebe no final do mês, principalmente se receberem muito e os seus colegas muito menos.
Usamos o dinheiro como forma de estatuto, mas nem sempre da mesma maneira. Damos a entender que temos mais do que é verdade, quando estamos na presença de outras pessoas que o têm, e menos quando não o têm.
Nesta época de crise e não só, todos querem ser iguais, pertencer ao mesmo clube, e a situação financeira é um dos principais aspectos a ser levado em consideração. É difícil aceitar no seio da sociedade, onde o nível de desemprego é elevado, alguém que se encontre numa posição mais favorável e que consiga alcançar, os seus objectivos, mais rápido.
Jogamos então o jogo da sociedade, a dinheiro.
O homem, já dizia Aristóteles, “ é por natureza um animal social”, que vive em sociedade, e precisa, para sobreviver, jogar o seu jogo. Quando se vive em sociedade, aceitamos as regras do jogo, se queremos conseguir satisfazer todas as nossas necessidades. Queremos liberdade, mas o nosso instinto, diz-nos, que sós, não conseguimos, que é necessário “agarrarmo-nos” a algo ou alguém.
A nossa necessidade de conhecimento e permanência em sociedade, leva-nos a castrar os nossos sentimento e por vezes até os nossos ideais, para que possamos continuar a usufruir de tudo o que a sociedade tem para nos oferecer, pois o homem desenvolve toda a sua vida em sociedade. Mas também é neste jogo de ofertas e cedências, que encontramos o nosso eu. Totalmente de graça. Não que eu não tivesse dinheiro, claro.
Ninguém, na realidade, diz quanto é que recebe no final do mês, principalmente se receberem muito e os seus colegas muito menos.
Usamos o dinheiro como forma de estatuto, mas nem sempre da mesma maneira. Damos a entender que temos mais do que é verdade, quando estamos na presença de outras pessoas que o têm, e menos quando não o têm.
Nesta época de crise e não só, todos querem ser iguais, pertencer ao mesmo clube, e a situação financeira é um dos principais aspectos a ser levado em consideração. É difícil aceitar no seio da sociedade, onde o nível de desemprego é elevado, alguém que se encontre numa posição mais favorável e que consiga alcançar, os seus objectivos, mais rápido.
Jogamos então o jogo da sociedade, a dinheiro.
O homem, já dizia Aristóteles, “ é por natureza um animal social”, que vive em sociedade, e precisa, para sobreviver, jogar o seu jogo. Quando se vive em sociedade, aceitamos as regras do jogo, se queremos conseguir satisfazer todas as nossas necessidades. Queremos liberdade, mas o nosso instinto, diz-nos, que sós, não conseguimos, que é necessário “agarrarmo-nos” a algo ou alguém.
A nossa necessidade de conhecimento e permanência em sociedade, leva-nos a castrar os nossos sentimento e por vezes até os nossos ideais, para que possamos continuar a usufruir de tudo o que a sociedade tem para nos oferecer, pois o homem desenvolve toda a sua vida em sociedade. Mas também é neste jogo de ofertas e cedências, que encontramos o nosso eu. Totalmente de graça. Não que eu não tivesse dinheiro, claro.
terça-feira, 14 de abril de 2009
O Héroi
Já alguma vez vos pediram dinheiro para comer? Claro que sim. Puxaram da carteira e deram algum dinheiro, sem olhar para trás. Porque todos nós conhecemos alguém nessa
situação, quer seja directa, ou indirectamente. Todos concordamos que a pior situação em que o ser humano se pode encontrar é a passar fome. Aniquila o corpo e a mente, transformando-o num farrapo. Já alguma vez vos pediram dinheiro para comprar um jogo para o filho brincar ou uma bola? Provavelmente trataram-nos mal. Como se atrevem a pedir dinheiro para brincar quando deviam pedir para comer. Também a mim, num momento não há muito longe da minha vida, me pediram dinheiro para comprar uma bola para o filho. Na altura também disse que não, mas é algo que me arrependo amargamente de ter feito. Porquê? Bem. Eu sei que a primeira necessidade a ser suprida deverá ser a física, mas então e onde fica o espírito, quem é que o alimenta? O alimento do corpo dura apenas uma hora, por vezes menos e no dia a seguir já nos esquecemos do que comemos e qual o seu sabor. Imaginem uma criança descalça com uns simples calções vestidos correndo com uma bola em direcção à baliza. Todos os adversários o perseguem, mas ele é mais rápido, finta o guarda-redes e marca o golo. O golo da vitória. Todos o aplaudem, o felicitam, erguem no ar. E nesse momento, nesse instante, por uns nanossegundos, ele é o Eusébio, o Pélé, o Maradona, imortal. E esse sonho em que foi herói por um instante ficar-lhe-á para sempre no coração e terá sempre o mesmo sabor.
situação, quer seja directa, ou indirectamente. Todos concordamos que a pior situação em que o ser humano se pode encontrar é a passar fome. Aniquila o corpo e a mente, transformando-o num farrapo. Já alguma vez vos pediram dinheiro para comprar um jogo para o filho brincar ou uma bola? Provavelmente trataram-nos mal. Como se atrevem a pedir dinheiro para brincar quando deviam pedir para comer. Também a mim, num momento não há muito longe da minha vida, me pediram dinheiro para comprar uma bola para o filho. Na altura também disse que não, mas é algo que me arrependo amargamente de ter feito. Porquê? Bem. Eu sei que a primeira necessidade a ser suprida deverá ser a física, mas então e onde fica o espírito, quem é que o alimenta? O alimento do corpo dura apenas uma hora, por vezes menos e no dia a seguir já nos esquecemos do que comemos e qual o seu sabor. Imaginem uma criança descalça com uns simples calções vestidos correndo com uma bola em direcção à baliza. Todos os adversários o perseguem, mas ele é mais rápido, finta o guarda-redes e marca o golo. O golo da vitória. Todos o aplaudem, o felicitam, erguem no ar. E nesse momento, nesse instante, por uns nanossegundos, ele é o Eusébio, o Pélé, o Maradona, imortal. E esse sonho em que foi herói por um instante ficar-lhe-á para sempre no coração e terá sempre o mesmo sabor.
quinta-feira, 26 de março de 2009
Alguém há-de limpar
Hoje agarrei nos sacos do lixo e dirigi-me ao ecoponto. “Como me sinto bem, sou um elemento útil à sociedade”. Assim que chego, deparo-me com uma enorme quantidade de lixo espalhado no chão. Olho e penso para comigo, “não é da minha responsabilidade, porque hei-de fazê-lo?”, “é trabalho de alguém, por isso, porque é que eles não o fazem?”, “dá um ar um pouco obsessivo/excêntrico, se começar a apanhar o lixo”, “ugh, isso é lixo dos outros”.
O meu problema, estão a ver, é que honestamente, não me sinto como um tijolo da casa da sociedade. Não me sinto sequer como um tubo de uma chaminé ou uma telha. Sou apenas um tijolo enfileirado sem um vestígio de argamassa, e a contribuição de que mais me orgulho para com a sociedade é o facto de não retirar nada dela. Acredito em deixar as coisas como as encontrámos, em depositar o lixo nos recipientes fornecidos, ou levá-lo comigo até descobrir um, e não suporto ver pessoas deitar lixo para o chão. É algo que verdadeiramente me choca. Pessoas de todas as idades não sentem, a menor dificuldade em meter a mão num saco, descobrir algo, estende-lo ao comprimento do braço e de seguida, despreocupadamente, deixar cair.
De vez em quando, resolvo confrontar um larga lixo. Há uns tempos ia com um amigo de carro, eu ia a conduzir e ele ia a comer qualquer coisa e a beber um sumo. Quando acabou, abriu o vidro e ao passamos por um contentor do lixo, atirou o pacote de sumo. Claro que não acertou no contentor, para mais estava fechado. Perguntei-lhe, ”porque é que não me pediste para parar?”, ao que ele me responde”, “ não te preocupes alguém há-de limpar”. Mas, bem, eu disse de vez em quando. O meu bom senso leva-me a pesar os pós e os contras. Se a pessoa é maior do que eu, ou (muito importante) está acompanhada por alguém maior do que eu, sigo em frente. Conheço os meus limites. Se tem mais de metro e meio ou mais de quatro anos, deixo cair.
Por outras palavras aspiro a ser um membro de impacto zero na sociedade. Mas será que isso me qualifica como o oposto de uma pessoa anti-social? Honestamente, não me parece, pois isso seria pro-social, o que envolveria agir em favor da sociedade, coisa que não faço.
A questão é saber se continuamos a poder aspirar a ter uma sociedade da qual se possa dizer que é ofendida pelo comportamento «anti-social».
Existe uma espécie de paradoxo, quanto menos nos envolvemos na sociedade, mais nos sentiremos ultrajados em nome da sociedade.
O meu problema, estão a ver, é que honestamente, não me sinto como um tijolo da casa da sociedade. Não me sinto sequer como um tubo de uma chaminé ou uma telha. Sou apenas um tijolo enfileirado sem um vestígio de argamassa, e a contribuição de que mais me orgulho para com a sociedade é o facto de não retirar nada dela. Acredito em deixar as coisas como as encontrámos, em depositar o lixo nos recipientes fornecidos, ou levá-lo comigo até descobrir um, e não suporto ver pessoas deitar lixo para o chão. É algo que verdadeiramente me choca. Pessoas de todas as idades não sentem, a menor dificuldade em meter a mão num saco, descobrir algo, estende-lo ao comprimento do braço e de seguida, despreocupadamente, deixar cair.
De vez em quando, resolvo confrontar um larga lixo. Há uns tempos ia com um amigo de carro, eu ia a conduzir e ele ia a comer qualquer coisa e a beber um sumo. Quando acabou, abriu o vidro e ao passamos por um contentor do lixo, atirou o pacote de sumo. Claro que não acertou no contentor, para mais estava fechado. Perguntei-lhe, ”porque é que não me pediste para parar?”, ao que ele me responde”, “ não te preocupes alguém há-de limpar”. Mas, bem, eu disse de vez em quando. O meu bom senso leva-me a pesar os pós e os contras. Se a pessoa é maior do que eu, ou (muito importante) está acompanhada por alguém maior do que eu, sigo em frente. Conheço os meus limites. Se tem mais de metro e meio ou mais de quatro anos, deixo cair.
Por outras palavras aspiro a ser um membro de impacto zero na sociedade. Mas será que isso me qualifica como o oposto de uma pessoa anti-social? Honestamente, não me parece, pois isso seria pro-social, o que envolveria agir em favor da sociedade, coisa que não faço.
A questão é saber se continuamos a poder aspirar a ter uma sociedade da qual se possa dizer que é ofendida pelo comportamento «anti-social».
Existe uma espécie de paradoxo, quanto menos nos envolvemos na sociedade, mais nos sentiremos ultrajados em nome da sociedade.
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