(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Eu estava num certo lugar, a uma certa hora, num certo espaço, que agora não me lembro nem quero recordar! Mas estava. Estava, e estava como se não estivesse. O que via era tudo em volta num nevoeiro cerrado, frio e vento e gelo e eu não me lembrava. Não me lembrava ao que era, de que era e de onde vinha, o que tinha sido e porque teria acontecido. Ninguém me entendia! Riam, zombavam, ridícula figura era o que eu era...Sou, sem a constante mudança de quem era e continua a ser! 
E perguntas tu onde estás, que testemunho é esse que te incomoda a todas as horas de entrada ou saída, aquilo que não te faz dormir, o que te traz as noites ensoalheiraras e mornas sem pinga de paixão, ardor ou sabor de quê.
Pensando assim, na sorte e na morte, no que faz crescer e morrer, ao que tudo indica que é o prazer de se estar não se estando, que sem certezas nos encontra no cimo de tudo o que nos mendiga os sentidos  que nos acolhem e aconselharam, medíocres, hipócritas, egoístas do nosso ego e a tudo olha e a tudo faz seu. 
Queria a tudo render, a tudo saber! Se a estória original era a que tinha escrito, se a ela a tinha reescrito e feito dela escrava da minha já tão pouca memória. E era assim que diria se a ela, ela, me deixasse dizer o que tinha cá dentro desde o principio que me lembro que sou eu que escrevo e não outro, outro pesaroso ser que acha em mim nada, nada, vulgar e seco. Sou eu que escrevo em terreno, fértil e areado pronto para ser semeado, colhido e voltado a plantar. No lugar, onde estava aquela hora!!

1 comentário:

  1. Escrita intensa, vibrátil, cheia de talento, irrevogável.
    Sempre disse (desde há muito...), que estamos em presença de uma Escritora.
    Parabéns, Mila!
    Varela Pires

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