(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

"Claridade"

Se for um rio que corre, sem correr se demore, sem correr se é rio. E eu olho o rio, e o rio não é rio, é o rio que eu olho, é o olhar que faz o rio, o rio deixa de ser rio e é rio porque o olho como rio. A água, espelho do céu, não tem cor e é projecção do outro que lhe olha. Será a água menos água, não terá mais sabor de água porque é o olho de quem o olha, ou terá a água cor, sabor e dor do céu, e não é água, nunca o foi, foi sempre céu e a separámos porque é o céu que se toca e ao que se toca se lhes dá outro nome porque deixa de ser igual e passa a ser mais claro e vivo, porque se toca, bebe, enche a alma de corpo e espírito. E uma claridade entra em nosso peito, que se agarra e se pensa não deixar fugir! 
Claridade da luz que me fere e toca logo pela manhã. Claridade dos tempos que sem serem mortos, estão assentes no que mais me recorda do que vivi! Claridade, claridade das sombras estendidas nas ervas, longamente estendidas na frente do branco, pálido, alvo e lúcido. Claridade dos sonhos agora presentes, que o passado já o foi e o futuro ainda não se sente! 

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

"Preto e branco"

Página em branco, sendo que o branco não existe, assim como o negro, o preto, o negrume a que não escapa nada e a tudo reduz a cor da noite escura. Branco é tingido de amarelo e cinza, se o vento se levanta e com ele lhes trazem as poeiras do caminho, pisado por todos nós. Não existe preto e branco, a vida é uma imensidão de cinzentos a que se lhes cola a matização de todas as cores, que nos encarregamos de trazer em nós, no nosso ser. Não existe lado de cá e lá, lado certo ou errado na inabalável imagem a que nos propomos sentir que seja, como queremos ver nos códigos, nas regras que escrevemos para nós, para nos manter dentro de uma página. Uma página que queremos branca, a começar agora neste momento, mas mais daqui a um pouco, quando os ponteiros ficarem direitos, ou separados em extremos opostos. A página nunca é branca porque nunca o foi, e se não o foi, nunca o poderá ser, mas assim a queremos. Se ela for branca, talvez tenhamos ponto de começo, e possamos deixar para trás o que queríamos que não tivesse acontecido, ou que não tenha sequer existido. Mas como eu disso o branco não existe, assim como o branco não. O que existe é cor, tingida pela luz do sol à qual chamamos paisagem do dia, interrogativas e questões de toda uma hora que se sente estar a ser escrita por mãos e tintas invisíveis! 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

"Hábito"

Habituamos-nos a ver mal, sempre e sempre e outra vez. Dia-a-dia a luz que entrava de forma aberta é limitada pelo defeito de talvez não se querer ver mais do que se quer. Até o dia em que a luz não entra mais. As portas estão fechadas, não é permitida a entrada! Assim somos na nossa vida, quando nos acostumamos a ver mal, quando nos acostumamos ao hábito!  

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

"Estou cansada"

Estou cansada, cansada de mim própria, do que sou e do que não consigo deixar de ser. Estou cansada de todo este peso em mim, que não me larga, não me deixa, desde sempre...acho que não...mas para todo o sempre, sem que tenha nele mão. Estou cansada, disso tenho a certeza e não há nada do que faça, que me largue deste meu ser. É tudo e nada isto que me carrega, é uma existência verdadeira, disso posso crer, mas é só também, porque nada há igual, nada que preenche ou complete, nada que me segure nesta minha dor! Tento fazer todas estas coisas, que a mim me faço crer que são importantes e não podem deixar de ser! Mas não são! Tudo se faz sem eu ser! Nada precisa da minha mão! 
Se fosse raiz pediria à terra que me conforte, mas sou ave que no céu de longe voa perdida, que não sabe de onde veio e não sabe para onde vai, ao Norte se fez Sul e não há estrelas no céu que de dia me conduzam, porque não sei ler o que se passa neste meu querer! 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

"Liberdade"

Continuo à espera de um tempo que não estando presente está, sem ser futuro ou passado existe! É uma certeza que me envolve numa certeza de agora que me diz para ter mais calma e um pouco mais de paciência!
Mas não me apetece esperar quieta, sentada, sem nada a ter, sem nada a reter, querer, esperar, sem ser o que se tem, sem ser o que se deve permitir a ser!
Arranco em mim todos os dias as minhas peles mortas, sem dó ou dor sequer que me abale no que pretendo fazer! É coisa dura, me dizes, coisa que não se deve fazer, me analisas! Que me importa tudo isso, se tudo o que quero é viver, tudo o que preciso é saber e ter! Sou eu, em mim só, sem senhor a que me valha a sorte ou que queira verdadeiramente conhecer. Eu, em mim própria, em toda a minha liberdade que alguém decidiu a mim deixar a escolha de ter!
É tanto ou mais essa liberdade que me seduz, é tanto ou mais essa liberdade que me conduz! Nela me perco e encontro, nela me conduzo com toda a minha alma, com todo o meu querer! 

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

A porta estava entreaberta, há minha frente mas longe. Do outro lado passavam gentes que não sabia, que não conhecia, quem seriam que por passar passavam.  Parecia que estava escuro, neste lado de cá, mas não era era escuro entre mim e ela mas nos cantos era luz e nós. 
Queria ir, a sério que queria mas não pude, não consegui, não quis. Não foi falta de coragem, interesse ou ligação. O que me fez não ir, foi o tem de ser, a inercia do momento, o que nos faz andar por aqui há tanto tempo sem perguntar o que saberiam então.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Sinto o sol e o vento, flores, campos verdes e mar, em toda a minha pele, em todo o meu querer. Porque tudo é música. Saber ouvir é ser!