Vejo-te nos teus olhos tristes, no teu olhar perdido no chão mas tão longe disso. Queria-te agarrar mas apenas consigo que não me fujas. Estás no passado presente, no que seria o agora se não fosse o que foi, se não existisse o que ainda existe. Deixas-te perder nos ses e isso não te traz alegrias apenas interrogações, no talvez se fosse diferente agora que sabes o que foi, agora que viste o que poderias salvar.
Continuas com o olhar no chão quando à tua volta a vida corre, sem te ter reparado, ninguém vê o que eu vejo, eles não sabem o que eu sei. Alguma coisa te acorda e voltas de novo sem ainda teres voltado, a vida te chama, te reclama para junto dela e é ela que te salva, é ela que não te deixa afundar nessa culpabilidade imprópria da nossa consciência. Sem ela ter-te ia perdido eu sei, e ainda que ela te roube um pouco de mim, em tantos instantes, em tantos momentos, ainda somos só nós no nosso olhar, nos silêncios, no que sempre fomos e não podemos deixar de ser.
Carta para uma irmã muito querida, nos silêncios da sua presença, na distância do perto que as une, na maturidade conseguida que nunca se perderá.
ResponderEliminarExtrospeção, e pura indagação, mas um momento muito belo... Gostei. Tanto como se estivesse aí...