Sabes disso não sabes?
Do quê se ainda não disseste nada?
Vá, vá lá sabes bem!!
Sei o quê?
O que te estou a dizer!!
Mas o que é que disseste?
Ah então sempre ouviste, só não compreendeste!!
Não, eu não ouvi.
Mas ainda agora me perguntas-te pelo que te disse!!
Disse...sei lá o que disse, disse que não disseste nada.
Não, não, tu disseste para te repetir o que disse, por isso ouviste o que disse mas não compreendeste o que disse, compreendeste?
Ah.!!!
Ah o quê? Do que queres falar?
Eu não quero falar de nada tu é que disseste se eu sabia de qualquer coisa.
Então e sabes?
Do quê?
Do que te estava a perguntar?
Mas eu não sei o que estás a perguntar.
Então porque é que eu te perguntei?
SEI LÁ?
Apeteceu-me rir hoje comigo...
ResponderEliminarE eu? Sei lá?
ResponderEliminarEntão - na brincadeira
alinho e assento arraial
graças, à nossa maneira?
não fazem bem, nem mal...
Pois, o resto que importa?
toda a frase mais que um gume
por um ou por outro corta
Sei lá?
nega-se ou se assume...
Olha! Mais o que te digo?
Porquê? Porque to disse já!
Como? Isso é comigo?
Não, não me venhas cá
com esses enigmas agora
tu sabes o que disseste
Como te ris, vê, sem demora
saber eu o que nunca quiseste
dizer em outros dias outrora
sei lá?
em sonhos? em prova imaterial?
não me compreendes sei eu
o que te disse é bem real
nada de tremer o céu
Seria outra coisa, definição
outra causa, outro efeito
não te dói pois o coração
de não me dizeres o jeito
de tudo isto mal ferido
Sei lá?
Mas hei-de saber o preceito
do que há tão escondido
nem que tenha que escutar
o que dizias sem dizer
ir ao teu cérebro procurar
o que nunca poderias saber!
Rir contig,o quanto desejo!
se me permites a ousadia
olharmo-nos neste gracejo
Sei lá?
como a noite espera o dia...
... Ele há dias de chuva, chuva fustigante, encharcando as terras e as amarelecidas coutadas, chuva feita de bravura e ventania, que açoita matos e urze, árvores e valados, e remete o silêncio das suas asas a sua solidão atroz... Ele há chuva que chuvinha quase silenciosa, penitente, molhando a relva e a calçada, chuva humilde e escorregadia, "oblíqua" como a classificou o Fernando, e que torna os dias mordacentos e emurchecidos...
ResponderEliminar... As almas que gostam dos dias de chuva possuem uma riqueza interior invulgar, quase imperceptível aos olhos dos mais, são almas cheias de "mundos", que comunicam dentro de si intimamente, de uma forma deslizante, muito pessoal e artística. As Artes costumam escolher almas...
... assim.
ResponderEliminar... João de Deus, o autor da antiga "Cartilha", deixou escrito numa poesia, que Deus cria as almas aos pares, e coloca-as a voar, e depois se perdem, se dispersam, e só muito raramente se voltam a encontrar na profundidade dos dias felizes!
Teria razão o poeta?
Deus criou as almas aos pares. Acreditas em Deus?
ResponderEliminar...Não posso negar que existe um Ser superior que deve ter criado todo o Universo, chame-se Deus ou outra qualquer designação. Quem tenta sondar a Ciência, imiscuir-se pelos seus tão estranhos e enigmáticos caminhos, não pode deixar de ficar perplexo perante o mistério e a riqueza e complexidade pela qual estamos rodeados. Acredito, pois!... Se por eu acreditar não vem bem ao mundo, também mal não virá. Somos pequeninos demais para julgar uma Criação inteira, esta obra espectacular!...
EliminarVim do café, e estive à mesa ouvindo os salvadores do mundo falarem, falarem, os que falam e criticam e não mexem palha. Os inconsequentes. Horas gastas no consumo do nada. Do irrealizável. Se é que o nada existe. Já não sei.
ResponderEliminarTodas as falas tocaram-me o corpo. E burilaram-me o pensamento. Passo na varanda dos poiais. Dois miúdos jogam pedras um ao outro. Entro. Passo a soleira da porta. Vinhas dos fundos da cozinha. Cheirava a carne guisado. Talvez cabrito.
E tu perguntas-me:
- Então que novas ideias apanhaste? Que dizem esses?
Não ouvi ideias novas. Tudo falas velhas e relhas. No oceano de vozes, nesse naufrágio de falas, ninguém tem soluções para coisa nenhuma. Apontam, criticam, revolvem as roupas usadas, mexem no lixo, no qe poderia ter sido feito se, no que não se resolveu porque, no que não acharam que, no que não se fez porque.
Respondi-te:
- A vida é mais séria do que isto, que ouvi.
Falas longas, frases curtas, talhadas à medida, para que não surgissem réplicas extemporâneas. A vacuidade do saber feito, mas nunca cumprido. Onde a mestria. Onde a clareza. Onde a segurança.
E tu sugeriste...
- E se fosse-mos passear junto do rio?
E íamos de mão dada, baloiçando os braços, na leveza dos gestos, na corrupção das falas escutadas. Carregávamos a alma cheia. Mas, o silêncio abafou-nos as vozes.
As águas do rio corriam mansas e pobres. Não tem chovido. Maiores os meses de seca, de uma seca que faz doer os olhos. Tu perguntaste.
- Que pretendes fazer?
E paraste ,de repente. O gesto de quem acomoda melhor a saia ao corpo. E logo os teus olhos procuraram os meus. Talvez pensando, esboçaste um fugidio sorriso. Desses que não fazem mal. E disse-te.
- Tu pregas uma moral e não pagas à verdade! Uma moral, não sei como. Talvez por falta de coragem...
Não quiseste ouvir o resto que tinha para te dizer. Avançaste. Umas passadas largas à frente.
Farripas de nuvens suspendiam-se nos ares. A melancolia do entardecer aproximava-se indecorosa.
O arvoredo esperava-nos. Os choupos, altos e largando imponência, tinham gestos caídos, tão próprios da sua família. Ruídos deitados, longínquos não interpretáveis assomavam-se aos ouvidos.
Um homem velho, cismador de silêncios cosidos à poalha luminosa das tardes, encostava-se ao gradeamento de ferro. E mirava-se nas águas.
Era o rio. A todas as horas do dia e da noite.
Tu permanecias calada. Não me respondeste.
Olhaste novamente e viste que eu ainda esperava uma resposta. Então, encolhias os ombros, lançando o olhar pelo chão, como se aí procurasses alguma coisa.
Multiplicámos os passos miúdos, num vagar feito de tempo, ao longo da margem. Um cheiro intenso a ervas levantava-se do chão.
- Tens fome?
Perguntaste por fim.
Meneio a cabeça em sinal afirmativo.
- E se fossemos para casa? Doem-me as costas. Apetece-me deitar.
- Vamos.
Disse.
Estava saudoso de ti. De um tempo em que a tua chegada me anunciava tudo. E tu intervinhas. E tudo se realizava.
Encurtámos o caminho, subindo a vereda que descia para o ancoradoro do rio.
Lá no alto, sobranceiros ao casario, abraçámo-nos demoradamente, com os olhos penetrados pelo poente iluminado.
Eu nunca fugiria!
Eliminar...O texto de ficção romanceado, inserto acima, apenas tenta focar, embora superficialmente, os problemas de relacionamento entre as pessoas e a própria e actual dificuldade destas em decifrar os códigos daqueles que lhes estão mais próximos.
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