Histórias de quem sou foi o primeiro titulo deste blog. Fui eu que o escolhi e sei perfeitamente porquê, como me sentia na altura, o que queria dizer, a forma como queria construir o blog reflectia-se no titulo.
Já não me lembrava deste titulo e isso torna-se estranho em mim. Não foi outra pessoa que o escreveu, fui eu, embora esse eu agora me pareça um pouco longe, mesmo não tendo passado tanto tempo assim.
Estranho como alguém se pode, como alguém se consegue esquecer a si mesmo. Não me lembrava e apenas me lembrei porque li o titulo no texto de outro. Esse alguém lembrou-se de mim e eu não me lembrei e isso faz-me pensar em quantos outros títulos de outras páginas me esqueci, quantas coisas me esqueci ao transformar, ao cruzar de passeio, ao passar a curva da estrada. Seriam coisas importantes? Terei deixado alguma coisa por dizer ou fazer? Já não sei, não me lembro. Nem poderei pedir para que me lembrem porque não sei o que era. Quão estranho é. Esquecer-me de mim.
Novos títulos, novas ideias, novas viagens trazem o esquecimento também.
"Histórias de Quem Sou"... A vida é vertigem, apogeu, loucura saudável, choro, tristeza, espasmo, susto, alegria, orgasmo, grito, repouso, lágrima, sono, respirar, sabores e imagens, lúcido desejo de ser, uma vertigem incomparável, suceder sucessivo de milhentas imagens, vozes, pensamentos, sensações, prazeres, sentimentos, conforto, contradição, pesar e reflexão. Por isso, tudo isso, e por muito mais avida é bela!... E as suas histórias também o são. Milinha!... O acaso comanda as nossas vidas. Ninguém é alguém sem o outro, sem aqueles com quem contracena no "palco" da vida... Os nossos, a família, os amigos, os que gostam de nós e se sacrificam por nós, sobretudo - como te disse um dia... - os que olham por nós!... Lamentas oesquecimento?1... Não o lamentes!... O esquecimento é um bem, o esquecimento é o lugar, o espaço que irão ocupar novos acontecimentos, vibrar novas emoções, novos fogachos, uma outra luz, "uma outra suavidade", outras iniciativas, caminhos insuspeitáveis e imprevistos, o nosso percurso, aquele que nos stá destinado.Olha, minha amiga!... É bom igualmente esquecer, esquecermo-nos faz bem, esquecermo-nos do mal e do bem, do trágico e do burlesco, para que mais factos, diferentes olhares, mil e um gostos, e sobretudo uma imensa ternura, um profundo gostar possa percorrer-nos o corpo e a alma e outras idades, outros conhecimentos! Outras idades, porquê?!... Porque estamos sempre em constante mutação... Emília, nada é "novo" propriamento dito! Muito do que vivemos, do que nos acontece, do que percepcionamos, do que esquecemos já há muito estava destinado vivermos um dia. Talvez até já o tivéssemos vivido e não nos lembramos... Hoje. Aqui. Contigo. Nesta hora. Um dia irás recordar alguns destes textos, simples e despretenciosos, mas que te surpreendem... E te revelam o amigo dedicado.
ResponderEliminarNão o lamento, apenas não consigo encontrar o ponto de viragem do que aconteceu.
EliminarUm dia vou-te magoar (se já não o fiz), tenho a certeza disso...
ResponderEliminarEmília!... Aderi por expontânea e livre vontade ao teu "Blog". De lá para cá, muitos textos aqui surgiram, colocando em reflexão alguns temas que, ou tu própria sugerias, ou eu suscitei, de modo a tornarmos um "blog" que parecia pouquíssimo participado (diria quase parado) num amplo painel assiduamente frequentado, com vista a aprendermos um com o outro e ao mesmo tempo a levar a qualquer leitor alguma informação sempre oportuna. No plano da amizade, o fiz, e de boa fé, sem querer magoar alguém, quem quer que fosse, e muito menos a ti!... Se os teus textos foram e continuam a ser motivo de interesse, igualmente de repente, surgiram-te entre mãos (com surpresa...) alguns dos mais belos escritos, textos, comentários, poesia e prosa, assinados por mim, presunção minha à parte. Procedi com lealdade, isenção, dádiva genuina, horas extraídas ao meu descanso, usando a liberdade de expressão que me ofereceste e que te agradeço. Daí, não compreender o sentido da tua última mensagem aqui no teu "post"... Se te magoei, não sei onde pequei, mas - desde já -as minhas desculpas!... Com todo o respeito e consideração que sempre me mereceste, e ainda em nome de uma amizade "virtual" (como se costuma "on line" apelidá-la, nos dias que correm...), amizade essa que continua por minha parte, interpreto a mensagem expressa acima como um convite apressado e áspero a colocar um "ponto final" na nossa correspondência. O meu, acabo de o colocar, agora, para teu descanso. Emília!... Nunca "fechei portas" na minha vida a ninguém, porque penso ser uma atitude errada, e também não será nesta hora que as vou fechar, mas respeito e cumpro quando me solicitam tão directamente que as feche, como é o caso. Renunciemos, pois, à "terra do nunca", para restarmos, para permanecermos na "terra do sempre"... Prefiro não ser magoado!...
ResponderEliminarNão estava a dizer que queria que fosses embora pelo contrário...céus nada disso...muito longe disso. Estava a dizer que tinha medo de te magoar. Que não te queria magoar. Que tinha medo que esperasses mais de mim do que eu tenho para te dar. Queria te dar mais do que tenho e tenho tão pouco.
ResponderEliminarDesculpa...
Quando criei este blog, alguém muito importante para mim tinha falecido recentemente, alguém que eu considerava como filho, neste caso filhas. Morreram sem as poder ver, sem lhes poder tocar, sentir, nada, nem elas sabiam da minha existência, mas era e é um amor tão grande que eu não sei explicar como é possível existir por alguém que nunca cheguei a conhecer. Não podia chorar à frente da minha família, dos meus colegas de trabalho nem na altura de colegas de curso, por isso quando criei o blog e comecei a escrever foi como se estivesse a falar com elas. Tinha com quem falar e dizer o que queria dizer, nem que na altura fossem coisas tolas que me vinham à ideia. Com o tempo tornou-se mais sério e mais profundo e apesar de quando criei o blog o ter mostrado aos meus colegas agora poucos sabem da sua existência, aliás desses colegas tenho quase a certeza que apenas um ainda guarda o endereço. Não o tornei público e não sei se algum dia o vou fazer. Não criei o blog para se tornar um sucesso da internet. Criei-o porque precisava de falar com alguém porque se não o fizesse neste momento não existiria como pessoa, literalmente. Se nunca lhes disse adeus a elas que nunca conheci, como poderia dizer adeus a ti que agora és parte de mim. Nunca. Compreendes agora!... Não te posso dizer adeus.
ResponderEliminarObrigado pelas tuas confortantes palavras!... E sobretudo pela sinceridade, pelo modo simples e tranquilo com que as expuseste! Tinha entendido o contrário... Que habituada talvez a uma determinada maneira de escrever, te chocasse e te sentisses magoada por alguns termos usados por mim, em contexto ficcional! Sabes, Emília?!... A dedicação, a amizade quando sentida e provada pode ficar em hibernação pelas mais diversos motivos, todavia não morre, nunca cai em esquecimento... A dedicação que os outros nutrem por nós, ajuda a autoconstruirmo-nos. A certo ponto, a influência transmuta-se e influencia-nos mutuamente. É o outro em nós, e nós no outro!... Claro, que tens muito para dar! Se tens! Nem sonhas!... Tens toda a tua experiência de vida, querida amiga... E principalmente a nível artístico, em "Coisas Minhas...", então, que poderei mais acrescentar?!... Aprecio-te, aprecio-te sobretudo pela tua própria independência. Preza-a!... Ela não tem preço. Tem custos, muitos! Porém, não tem preço e vale todo o valor que lhe soubermos dar. Se me permites um parecer, preza a tua independência em relação aos homens em geral, em especial ao homem já escolhido ou por escolher. Falo do que sei e no registo mais sincero possível... (Não são conselhos, são opiniões...)Para te falar mais do mesmo, teria que entrar pelos domínios da Psicologia do Homem (ou da Mulher)... e isso me alongaria muito neste apontamento. Pode ser que um dia possamos ter tempo e espaço para abordarmos o tema. Sou um "chato", não é! Já notaste. Nunca me conformo. Estou sempre a puxar, a puxar-te para a frente e para cima, a sugerir-te novos temas, novas reflexões. Tu podes em igualdade de circunstâncias fazer o mesmo comigo. E já o tens feito! Sabes disso! (Esta semana, vindo do Porto, passei pela tua região... E pensei.) Aprendamos os dois um com o outro, é o meu desafio!
ResponderEliminar...Li com emoção, com muita emoção e sentimento tudo quanto acabavas de escrever, enquanto te escrevia, em simultâneo, sem o saber. "Fazes parte de mim"!... Gostei. Igualmente. Muito belo, Emília!... Para estar mais contigo, tenho posto de parte algumas actividades minhas. A título de exemplo. Tenho uma parte (a mais extensa) de uma tese de Mestrado que me pediram para rever e ainda não lhe peguei por falta de tempo. escever-te também me faz falta. É como estares presente... Querida Emília! Igualmente,... sem te dizer adeus, não é?!... Compreendo-te! Compreenderei-te, eis o melhor de mim em ti. Em nós. Confia! Não falas para um desconhecido... Até breve.
ResponderEliminarVim dizer-te que aqui estou!... Ao teu lado. Se a minha presença te agradar... Interrompi o que estava fazendo e vim. Agora, reparo nalgumas gralhas, erros ortográficos, desvios de sintaxe... Que pensarás... Com é que ele pode escrever assim?!... Será isto escrever bem?!... Não, claro que não! Sei que me desculparás... Há sempre uma justificação. A pressa, a velocidade com que se transpõe para este espaço as nossas ideias - e ainda o não as tornar a rever - faz com que aconteça isto... Escrevo rápido demais!... Mas, eis algo do meu começo... Na insrução primária, fui um aluno médio. Nunca me destingui em nada. Tenho imensas saudades desses tempos!... especialmente dos companheiros, das amizades... As amizades mais belas, as mais puras datam desses tempos!... Verdadeiramente desinteressadas. Começo a "fabricar em casa um jornaalinho que "vendia" à família e aos amigos mais chegados, que por condescendência me compravam o meu "jornal" escrito e desenhado à mão. Coisas de miudinho... Aos 9 anos de idade, já escrevia em jornais. Alcanço por esse tempo, de calção e jogo de bola e joelhos esfolados, um Prémio Nacional em matéria de contos! Escrevia contos e publicava, já por esses dias... O Jornal "o Educador" organiza um Concurso de Contos a nível de todo o país e aí sucede talvez o pior que me poderia acontecer. Primeiro classificado!... Uma honra. Vou a Lisboa receber das mãos de uns senhores já velhos, vestidos solenemente o prémio. Daí para cá, estimada amiga, só tenho "ganho" persistência, estudo, trabalhos e sacrifícios!... Passei, então - àquilo que se pode dizer - premiado pelo público leitor e e pelo público ouvinte, que é sempre exigente e não perdoa falhas. Aprendi desde cedo a escrever para todos e para quem me queria ler! Passei desde muito novo a falar em público para grupos de diversos níveis culturais. (Estive um pouco ao pé de ti, contando-te algo da minha infância, lugar onde fui muito feliz. Agradeço a Deus os pais que tive! Aprendi com eles muito! Nas férias, o meu pai obrigava-me a ler, a escrever, a estudar, enquanto os meus amigos iam para a praia, para o campo, divertir-se. Hoje, dou por bem empregue esse tempo... Depois, aprendi e aprendo com todos, pela vida fora, mesmo com aqueles que ainda hoje se colocam diante de mim e esperam a minha decisão sobre o que fazer à vida deles, e isso só por si me transmite uma responsabilidade enorme!... Vocação?!.. Não te sei responder. Amo a minha profissão, embora quase em simultâneo tenha tido outras, até a de tipógrafo, de que muito me honro!... Como o meu Professor Dr. João dos Santos anotou num dos seus livros, pergunto-te em jeito de brincadeira... - "Posso agora ir-me embora?..." Fi bom "falar2 contigo e conheceres mais de mim mesmo!...)
ResponderEliminarSim, já tinha reparado nos erros mas isso para mim não tem grande peso, aliás eu cometo muitos mais. Além disso as letras foram feitas para se inventarem palavras, quem sabe se no meio dos nossos erros não inventamos uma palavra nova os dois...
ResponderEliminarGostei que viesses, gostei que contasses, gostei que gostas-te.
E não, não podes ir embora!
Fiquei a pensar no que contas-te...somos muito diferentes um do outro ou pelo menos tivemos experiências de vida dispares. Eu por exemplo tinha de ler às escondidas, não que me proibissem mas porque o trabalho não espera e é sempre mais urgente para quem vive e sobrevive dele.
ResponderEliminarAinda me lembro da minha mãe me contar estórias sem livros contadas por ela, coisas que também já lhe tinham contado. Ela gosta de ler, imenso, e costumava comprar-nos uns livros muito pequenos de uma colecção de 50.
Quando ia-mos à livraria nem que fosse uma vez por mês, dizia para escolher-mos um dos que ainda não tínhamos, era uma alegria, pelo menos para mim, tinham umas dez ou quinze páginas, com desenhos...mas era um livro.
É preciso estar de bem com a vida e com os outros, de um modo geral, para expormos com naturalidade o nosso próprio percurso. Sinto-me bem e abracei qualquer causa, sempre que era em prol dos outros. Talvez nem sempre em todas elas com o êxito que me fascinava, mas foi bom. Por um período de cerca de 2 anos exerci a actividade de Crítico de Cinema para um jornal diário em Lisboa, por intercessão de um grande amigo. Aliás tive bons amigos e excelentes Mestres! Eu é que provavelmente não estava à altura desses Mestres!... Conheci, travei conhecimento com pessoas que me ensinaram muito!... Não vou por agora desfiar todo esse rosário para não te aborrecer. Outro ponto... Tens razão, os neologismos (ou palavras novas que entram na nosa Língua...) formam-me inúmeras vezes do modo como contas. As minhas primeiras histórias foi meu avô materno que me contou, como um dia te disse, histórias que adorava e que metiam mistérios, enredos, bruxas, lobisomens, fadas, transformações de animais em pessoas, etc... Histórias de fabulação! Principalmente às noites, naquelas noites de verão de lua-cheia, que ainda hoje me encantam! Aí comecei nas conversas com meu avô a tenatr perceber um pouco da política, sobretudo dos tempos da Primeira República, e do Estado Novo, de Salazar, da Segunda Guerra Mundial, da admiração que o meu avô setia por grandes figuras como Rossevelt, Churchill, Eishenaur, De Gaulle, etc... Li muito através das bibliotecas itinerantes da Fundação Caloust Gulbenkian, que eram carrinhas com livros, que andavam de terra em terra e emprestavam livros, com a condição de os devolvermos em determinada data escolhida pelos funcionários dessas famosas bibliotecas. A minha adolescência passei-a por esses sítios. Comprar livros era caro e eu já tinha "devorado" a bilioteca que meu pai possuía!... Emília!... É pela diferença que podemos interessar. A diferença identifica-nos. Adquirimos estatuto, vida própria, pensar próprio.
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