(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Hoje pintei o quarto do meu sobrinho de vermelho e azul.
O pai achou estranho e disse que as cores não combinavam.
Claro que combinam, os templos gregos já foram pintados de vermelho, azul e dourado.
Mas não tens o dourado.
Claro que tenho, será este menino de ouro que hoje dormirá sobre o vermelho e azul deste quarto.

4 comentários:

  1. Neste contexto, a criança que somos e a fuga...
    (Para a Emíia, beijando de longe os seus gestos, esse mundo maravilhoso do seu estar...)
    ... Quando se é criança, gosta-se de fugir. Fugir muito. Nasce em nós, a cada instante, um imenso, um forte impulso para fugirmos do local onde nos encontramos, onde tudo nos é familiar. Fugir de casa, conhecer o mundo lá fora. Eis um desejo quase libidinal, este querer conhecer outros lugares.... Porém, a força do amor, daqueles que nos receberam, na família construída em si, é uma experiência de força, e emerge contra a nossa tendência de fuga.
    Novos deuses dançam em redor de nós. Nos prendem, nos seduzem.
    Pelas ruas nocturnas dos subúrbios do lugar onde vivemos, a nossa alma sente-se bem a transgredir, mesmo que desta transgressão resulte uma certa desordem alucinada, onde todas as adjectivações são permitidas. Depois, fora de casa, esperam-nos outros rostos, novas vozes, outras aventuras, e mistérios, indecifráveis mistérios de outras vidas, e a largueza de outros lugares.
    No fundo, espera-nos a encenação social de novos e aliciantes encontros.
    Na palidez do azul celeste, ou nos acetinados vermelhos, ou ainda no doirado de oiro... Num caleidoscópio de cores e luzes, surge o nosso pequeno corpo de criança transparente, viajando até ao centro opaco que - - sem conhecermos - desejamos tanto!
    A nossa infância é um templo! Merece uma oração...

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  2. Independentemente da idade, sempre seremos crianças. E toda a infância deveria ser respeitada como um templo.

    Fugir, sumir, conhecer novos lugares, pessoas, ideias. Podemos fugir para tudo isso, menos de nós mesmos.

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  3. ...De acordo! Fugir de nós mesmos, enquanto conscientes, nunca o conseguimos.
    Quanto a mim, só existe uma situação de excepção!
    E essa acontece na forma de doença, que é a perca total da memória. No fundo, o que vulgarmente se chama a "demência"...

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  4. Não, como conscientes não...

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