Abraço meu irmão a ti, a essa áurea que se aproxima de mim despida. Estás sujo dizes tu, também eu digo eu, somos iguais, a minha cor é diferente dizes, pois eu não tenho cor meu irmão por isso dá-me um pedaço da tua quando nos tocarmos, sou velho, também eu, muito mais do que julgas, sou velha desde criança, sou um estranho, pois eu sou mais, talvez me digas quem sou, perdi-me à muito tempo e apenas encontrei um pedacinho de mim, talvez queiras procurar comigo o resto que ficou, não sou um homem de letras dizes, não te posso ler historias nem te ensinar nada que esteja no livros, eu também não, não importa aprendemos os dois nos caminhos das estrelas que cobrem os céus. Recebe-me meu irmão assim como te recebo porque fui eu que vim ter contigo para te abraçar mas sou eu que preciso que me abraces.
Emília, querida confidente! Eis um texto que apreciei demoradamente...
ResponderEliminarE aplaudo-o!... Porque me deu para reflectir, e muito!, o que é uma mais-valia.
Estamos perante um texto que considero dotado de uma autenticidade valorativa, abertamente introspectivo, sem perder a qualidade de se encontrar voltado para o exterior, com um recorte morfológico transparente e objectivo, e principalmente muito directo no final a que se prpõe.
Noto-lhe, apenas, a ausência de um contexto em que o pudéssemos inserir...
Mas, gostei, Milinha!... Deveras! E percorro-o nas linhas e visiono-lhe a medula da sua própria exegése nas entrelinhas...
...Era sábado e as vozes enchiam o mercado. No tumulto da procura, os dois percorriamos as toldas, de banca em banca, e olhávamos as faces magras ou rubicundas dos que vendiam!... A alegria quando recolhiam nas mãos o nosso dinheiro... E rapidamente nos esqueciam, para olhar quem surgia, quem vinha a seguir... Vender é olhar para quem se segue!... Era sábado e o sol nos espicaçava a dormência da semana!...
ResponderEliminarQuando mudei de emprego à 5 anos e me apresentei no meu novo local de trabalho a colega com a qual iria fazer parceria recebeu-me com um beijo e depois um abraço. Ela não me conhecia, não somos da mesma idade, não temos o mesmo estilo de vida, não temos em geral grande coisa em comum, excepto nós mesmas, a forma como vemos a vida...mas na altura ela não sabia disso e nem eu. Foi sem duvida uma grande surpresa para mim, ser recebida assim por alguém que espera em mim o meu melhor junto com ela e sem estar de como se diz "de pé a trás". Tento fazer o mesmo quando conheço alguém mas também sei que por vezes me traio, mas tento, porque essa para mim é a maior lição de vida que alguém pode aprender, receber alguém de braços abertos.
ResponderEliminarQuando me vais falar do António Aleixo?
ResponderEliminar...Recebamos de braços abertos quem nos deseja bem!... Confiando, com imensa confiança!... Sem receios, sobretudo.
ResponderEliminar...Falar da António Aleixo, poeta de cariz popular e pensamento filosófico (digamos, assim...) não caberia nesta simples resposta a um "post"!... Pessoalmente falando, viriam à baila muitos pormenores da sua vida, e da sua obra,que já fui divulgando em jornais, em revistas, até em artigos - mais tarde insertos em livro de diversos autores e no qual colaborei - e seria bem diferente. O púbico para quem falo em conferências ou apresentação de livros ou em aulas gosta sempre, quando me refiro a António Aleixo, nascido em Vila Real de Santo António e falecido em Loulé, emigrante em França, pastor, engraxador. Esteve ainda internado por motivo de doença no antigo Sanatório de Coimbra, juntamente com o Tossan, outro grande amigo que conheci pessoalmente, já quase no fim da sua vida e que foi um artista no desenho. O grande divulgador de António Aleixo foi o Professor Joaquim Magalhães, grande figura da cultura Portuguesa, nascido no Porto, mas que viveu em Faro toda a sua vida. "Não há nenhum milionário / que seja tão feliz como eu / tenho como secretário / um professor de Liceu"... Encontras em qualquer dos livros de António Aleixo quadras com pensamentos tão profundos que te causaria epanto e admiração. Deixo-te uma das minhas preferidas. "Sei que pareço um ladrão / mas há muitos que eu conheço / que sem parecer o que são / são aquilo que eu pareço". E ainda... esta, referindo-se aos políticos que tudo prometem, mas nada fazem... "Vós que lá do vosso Império / falais de um mundo novo / calai-vos, pois pode o povo... / querer um mundo novo a sério".... Tanto, tanto, que haveria a dizer sobre o maior poeta popular portuguyês dos nossos dias!...
ResponderEliminarObrigada.
ResponderEliminarÉ possível falar da obra de alguém sem se referir o artista? Ou pelo menos não se falar da sua vida pessoal? A obra de alguém não deveria valer por ela mesma?
Falando da obra artística de alguém, estamos a referirmo-nos ao Artista em si... No entanto... A vida pessoal - como qualquer vida pessoal - pertence ao próprio. Factos públicos são factos públicos. Aspectos pessoais, particulares e íntimos são facetas da vida pessoal de qualquer artista. Não é possível divulgar nas "auto-estradas da comunicação"... (passe a expressão) tudo e mais o que se quiser, como deves compreender. E ainda... Estou inteiramente de acordo contigo que a obra da alguém deve valer por ela própria, porém o contexto em que existiu não pode ser esquecido, e só assim a poderemos compreender na totalidade.
EliminarTalvez tenhas razão...mas por vezes incomoda-me que apenas olhem ou se interessem por algo que alguém criou ( por vezes nem gostam ) simplesmente porque a pessoa, o artista lhe despertou interesse pela sua vida pessoal ou está na moda. Por vezes misturamos tudo...Talvez faça o mesmo, não sei...
EliminarEnfim, estava só a pensar em voz alta.