(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Mergulhar, abrir os braços e deixar cair, de olhos fechados, de peito aberto, esperando o impacto entre o céu e a terra, que nos come, engole, degusta e deita fora...A vida assim nos faz severos quando se gosta em demasia e dela não se consegue corresponder, escrever uma linha que seja. Somos apenas páginas em branco, pensamos. Páginas em branco sem tinta ou caneta com que se escreva nelas, mãos de linhas tortas que não cruzam no momento certo, porque se chegou tarde demais, ou cedo demais...
A língua da vida não escreve, não fala como tu e eu e quando achas que estás lá perto, ela mostra-te uma forma nova com curvas novas, que te pretende a decifrares sem te dar o tempo para isso. 
Tempo!!Não é tempo que tu precisas, é consistência e forma, peso e medida, algo a que te agarres, que te dê subsistência e calor. Mas é Inverno, sabes! É difícil no Inverno pensar com o coração quando o corpo treme de frio e a única coisa que sabes fazer é pensar, e pensar em comer. Pensas no corpo, nada mais que o corpo, alimento para o corpo, esse corpo que é a tua pele, a tua parte menor e ainda assim maior, que te gere, sem controlo, demónio de dor, parte visível do prazer! O que eras tu sem ele, apenas tu. Unidade unilateral, impossível, que sem a ele sentires, o sentes, o coças e roças nas partes invisíveis em que o sentes, como alguém, não estando ele, sempre está presente, sem lhe tocar, morto, para ti vivo... 
Está calor e não consigo pensar, talvez se tirar a roupa me consiga concentrar. A janela está aberta e as cortinas corridas para os lados, é noite e o ar fresco da noite é de salutar. O vizinho da frente já dorme penso eu, embora as luzes do quarto permaneçam acesas. Queria escrever-te, dizer-te qualquer coisa que agora já não me lembro, que este calor não me deixa. Devia ser alguma coisa que já te tinha dito. Quando começamos com repetições é normal que nos esqueçamos, as palavras ficam no uso, no hábito da palavra, no disco riscado, no caixote do lixo, de onde se tiram quando se precisa de algo novo, que ao novo não há mais, e se limpa o melhor que se pode e volta a dizer, voltando de volta para o mesmo lugar onde se foi buscar.
Seja como for, está calor, um calor insuportável, abafado, arrastador do prazer, estou pegajosa, toda a minha carne transpira e eu não consigo pensar em mais nada a não ser.............

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Zum, sum, para aqui, zum, zum para acolá. Irraaaaaaaa..........Não pára de me zumbir aos ouvidos, já não a posso ouvir....
Mexe em tudo o que é nosso com aquelas pata imundas, que andaram sabe-se lá onde.
E porca, ainda por cima é porca, porca, porca, porca!.......
Não é por nada mas às vezes apetecia-me ir-lhe às trombas, apanhá-la pelo colarinho e desfazê-la à chapada. É que não há paciência desculpem lá....
Raios partam as moscas.....
Naaaaaaaaaaa....um raio não conseguia acertar-lhe....Pufffffffff

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

"luz do dia"

Consigo ver a lua por uma racha de luz que a cortina e o topo do telhado do vizinho deixa passar. Ela reflecte a luz do sol quando o sol já não se vê de onde eu estou. Algumas pessoas são como a lua, reflectem o que os outros têm para dar quando não podem dar. Talvez seja essa a magia que achamos à lua, a magia de se dar para os outros, de se criar a dar, sem ter mais nada do que seu e existir para que o sol, brilhante e criador de vida, dê vida. Esse nada que se vê é também criador de vida. Essa lua que nos parece simples e espelho de outro é que sem ser nada é tudo. À noite a lua permanece lua, sendo sol também, e eu consigo vê-la, por entre a cortina e o telhado, trazendo a luz do dia.

sábado, 24 de agosto de 2013

A noite chegou e ainda não cheguei. A lua se vestiu, o frio passou, a água parou. O pássaro cantou e não sei o que mais se passou. Espero debaixo da janela, a estas horas, a todas a horas que me a abras. 
Choro à noite pelas perdas que ainda guardo, que nunca foram minhas de verdade, da verdade que não é minha. Choro não das memórias porque para existirem memorias, os factos não seriam mais vivos, mas a certeza é que vives e por isso choro. Choro porque vives e corres e te alegras e choras e existes e és real. És vida e cor que não me deixas viver na noite escura, porque o escuro não existe! 

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Controle é uma medida de poder mal medida! Ilusão criada para satisfazer os medos de um animal que se forma voraz quanto maior for a mentira com que nos cobrimos para dormir descansados!
Um dia o lobo nos apanha e come porque fomos pelo caminho mais curto

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

"Vê-se coisas "

Primeiro era, depois já não era, deixou de ser, acabou-se o que se era. E penso, penso no silêncio que se formou, penso como era, e penso que ainda é igual, sem o ser, penso que tudo permanece, sem estar, tudo é sol e terra e mar, tudo igual. Sem mudança, passado ou presente, pedra fria, tudo me parece distante, numa distância próxima, no sentido de não haver separação real, negativa, sentida. Sinto uma certa paz, se assim se pode dizer, lhe chamar ao que se sente,  por palavras formadas por letras para explicar coisas que são outras coisas feitas de outras coisas. Quando se olha para nós visto de um canto de uma parede sem que se veja, vê-se num ângulo diferente do que o que se estivéssemos a olhar de frente. Vê-se coisas que nunca vimos antes, vê-se coisas que não queríamos ver, vê-se coisas das coisas que nos fazem pensar e ver...

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

As mães são sempre incompreensíveis para nós ainda meninos, por isso são duras e dão tão bons alicerces!

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Sigo a escuridão assim com sigo a luz. A luz eu sei, a escuridão talvez não mas sei que ela está lá, não na rua mas dentro de mim, nos meus medos! Hoje fui à rua e procurei-a, tive de me colocar num lugar bem alto. Não a vi. Estava escuro como sempre, à noite está sempre escuro, algumas coisas brilhavam no céu, coisas a que chamam estrelas, pontos de navegação, luzes do caminho...Não a vi. Fiquei ainda um pouco, talvez mais um pouco do que o que penso que foi agora mas fiquei, ali à espera, deitada de costas no telhado inclinado, adormeci debaixo das estrelas mas ela não veio, apenas a luz da manhã chegou! 

domingo, 11 de agosto de 2013

"Desejo"

Desejo...Não sei o que desejo, assumi um compromisso comigo mesma e agora tento cumpri-lo, como se fosse algo extremamente importante mas não é, nunca é, não nos venhamos cá iludir que se vai salvar o mundo com o que se diz, escreve ou faz. Ninguém salva o mundo porque o mundo não se quer salvar, talvez se tenha sorte e se salve uma flor silvestre, uma árvore agreste, um raio carmim de um pôr-do-sol por deitar e se tivermos imensa sorte, mas mesmo muita, talvez, talvez consigamos salvar-nos a nós próprios...
Tantas vidas vão e vêm sem que a gente dê por elas, que a gente fica a pensar, que  nós que sobrevivemos ou vivemos todos estes tempos, devemos à terra alguma coisa por nos ter deixado ficar por aqui mais um pouco. Não gosto de dívidas tanto como não gosto de surpresas, mais cedo ou mais tarde uma ou outra nos irá cobrar alguma coisa como se tivéssemos de saber o quê sem nos terem dito ou perguntado. 
Desejo...Desejo uma varanda, numa casa velha sem vista nenhuma mas que de Verão me deixe dormir nela segura...é isso que desejo! 

sábado, 10 de agosto de 2013

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

"Minha irmã"

Vejo-te nos teus olhos tristes, no teu olhar perdido no chão mas tão longe disso. Queria-te agarrar mas apenas consigo que não me fujas. Estás no passado presente, no que seria o agora se não fosse o que foi, se não existisse o que ainda existe. Deixas-te perder nos ses e isso não te traz alegrias apenas interrogações, no talvez se fosse diferente agora que sabes o que foi, agora que viste o que poderias salvar. 
Continuas com o olhar no chão quando à tua volta a vida corre, sem te ter reparado, ninguém vê o que eu vejo, eles não sabem o que eu sei. Alguma coisa te acorda e voltas de novo sem ainda teres voltado, a vida te chama, te reclama para junto dela e é ela que te salva, é ela que não te deixa afundar nessa culpabilidade imprópria da nossa consciência. Sem ela ter-te ia perdido eu sei, e ainda que ela te roube um pouco de mim, em tantos instantes, em tantos momentos, ainda somos só nós no nosso olhar, nos silêncios, no que sempre fomos e não podemos deixar de ser. 

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

"Portar mal"

Toda a gente me diz - Porta-te bem! Ninguém me diz - Porta-te mal! E era isso que eu queria ouvir - Porta-te mal!Das duas uma, ou eu me porto sempre mal e por isso o porta-te bem, ou porto-me sempre bem e não me posso desviar desse caminho! 
Sinceramente e cá para nós, que desperdício de tempo o porta-te bem. Melhor sair da regra, não fazer nada, não se pensa, não se cansa, nada de nada. É tão melhor assim! Mas ninguém me manda portar mal. Porquê? Toda a gente já se portou mal, para me mandarem portar bem é porque sabem como é. 
Sabem, ouçam lá. Um dia destes vou-me portar mal e não me digam já coisas que eu não quero ouvir. Vou-me portar mal e pronto! Estou cansada de pensar, pensar às vezes cansa, por isso vou-me portar mal.