(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Era uma vez uma mulher, num tempo há muito longe de nós que se casou com um rico nobre. O Imperador do seu país. Ela era jovem e bonita mas não o amava. Casou para obedecer às leis e à família.  O seu marido era conhecido por ser duro e cruel para com o seu povo mas para com a sua mulher era dócil e gentil. Enquanto destruía aldeias, matava mulheres e crianças construía pequenos palacetes para ela. A mulher tentou mostrar e fazer ver a seu marido que o povo era como ela, que merecia a mesma atenção mas a cada investida dela o seu marido fazia ainda pior. E pior passou a ser a cada dia que avançava na sua velhice. 
Um dia a mulher vendo que a natureza do seu marido jamais mudaria e que a humanidade sofria nas suas mãos, fez com que ele bebesse uma poção que preparou e que o fez adormecer, calmo e sereno. Todos os dias ela lhe dava a beber o mesmo cálice estando ele ainda meio ensonado. Ali ele passou a viver a sua existência,  na sua cama a dormir sem fazer mal  algum aos outros ou a si. 
A mulher, essa, começou a governar por vez do seu marido, como se fossem as ordens dele, porque ninguém sabia que dormia, só ela. O povo teve paz, vivia em paz e ela escrevia num livro para as gerações futuras, pelo seu punho, com a caligrafia do seu marido, como se fosse ele a escrever, ensinamentos do que fazia para que o futuro aprendesse. 
Assim um duro governante se tornou o melhor de todos, pela realidade fingida de uma mulher que não conseguia mudar a natureza de um homem que não queria mudar. 
Quantas vezes protegemos alguém que nos faz mal?



sábado, 27 de abril de 2013

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Uma guerra começa ou acaba sempre que um inocente morre!
Sabes do que tenho saudades? Não? Eu digo-te do quê...Tenho saudades de mim. Mas eu perdi-me? Não!! Acho...não...tenho a certeza...nunca me encontrei...Tenho saudades do futuro, daquele sitio para onde vou...mais do que isso, tenho saudades de mim nesse lugar!!!
Lembro-me quando era pequena de me olharem, de me verem, de me comentarem, como se não estivesse ali, mas eu estava e fingia que não ouvia, porque na realidade as únicas pessoas que ali estavam eram quem olhava, eu...eu estava em outro lugar, num lugar bem distante...no futuro...eu estava no futuro...
Agora esse futuro é diferente, por vezes o encontro e por lá fico um grande tempo, e sou feliz lá, mas outras vezes a realidade me arrasta e venho a reboque dos que me puxam para trás...Se fosse criança poderia fingir que não ouço, seria apenas uma criança que não sabe nada de nada, uma como as outras, nada mais do que isso, mas já estou demasiado longe desse espaço de tempo...ou talvez por isso mesmo ainda não tenha de lá saído...seja como for não posso fingir...sou um adulto, os adultos não fingem...Que redonda mentira, não é?...Pois, eu sei!!!...
Por isso estou aqui e lá mas mais lá do que aqui...
Vemos-nos por lá se me conseguires encontrar...

terça-feira, 9 de abril de 2013

"De que cor será sentir?"...De que cor será sentir quando as palavras não conseguem dizer o que queremos, quando as palavras não passam de palavras já sem sentido ao queremos dizer, porque uma palavra só diz o que quero se a sentir e o outro a entender como é...Mas e se eu já não souber dizer o que sinto? Se as palavras já não chegarem para me explicarem e ficarem pelo nado-morto da ideia?....
"De que cor será sentir?"...

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Estou feliz, o sol brilha e o barco onde navego nas calmas aguas do mar agita-se suavemente empurrado por uma leve brisa que sacode a o meu cabelo mas ainda assim deixando passar o calor, quente que passa através das nuvens sem lhes tocar para vir aquecer o meu corpo branco e sedento de cor. As gaivotas voam no céu azul, a areia é branca com leves traços de pérola e terra, ao longe as crianças correm onde as ondas lhe salpicam as pernas de água salgada e assim a vida se move comigo a olhar o horizonte levantando o braço ao alto para que a luz não me cegue e mas me deixe ver em tudo e tudo em plena harmonia com o que me toca...
E no entanto eu deixo-me cair, num cansaço que não sei explicar, porque não existe nada em concreto, nada real, mas assim me sinto, na melancolia dos dias, dos saberes e dizeres que torna tudo igual e sem sabor. Sou um naufrago do meu próprio barco que levantei hoje de madrugada para trazer ao mar, que desejava conhecer e agora me esmorece.  
Uma onda do mar é empurrada pelo vento e impulsionada pela agua, recua e sobe alto, agarrando e puxando toda a agua que encontra pelo seu caminho, na viagem que percorre até ao limite do mar, à rocha, à areia, aos pés de quem encontra, ali se permitir a morrer e recua vazia para dentro outra vez. 
A minha onda, a onda onde viajo não é essa, a minha onda é a curva da onda...a curva da onda...

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Às vezes as coisas são tão simples como respirar. Simples assim. Sem pensar, só agir. Agir no que já foi pensado e estruturado, automatizado, sem erro e agir. Apenas respirar. Sem esforço, sem te sentires a puxar o ar da rua, frio de uma noite de orvalho, quente e seco que um Verão que te queima os pulmões, sem esticares o peito, sem um movimento, sem o sentires, sem agitares o ar de fora com a tua respiração, sem suspiros, sem bocejos, sem nada, sem respirar no acto pensado. Só respirar. 

quarta-feira, 3 de abril de 2013

"Onde ela estará?!!..."

Acabei o trabalho, fiz as limpezas, tudo estava certo, no seu lugar. E então vi-a entrar, por onde não sei mas voava cá para dentro, para o lugar onde eu estava. Era linda, simplesmente linda, de cores brilhantes . Selvagem como era estranhei que ali estivesse. Talvez encontrasse o caminho de volta para o ar da rua, que poderia eu fazer, ela era uma borboleta e eu não a conseguiria apanhar, mesmo que quisesse. 
Então fui, fui ao que era suposto fazer e deixei-a, deixei-a ali, no caminho dela que se cruzou com o meu e fui ao meu. 
Coloquei os olhos ao chão e lá estava ela outra vez, agora presa, por trás das grelhas.
Está parada e ainda bate as asas mas não voa. Como é que ela ali foi parar! Como foi que se ali conseguiu esconder para agora não conseguir sair. Agora não posso soltá-la, primeiro tenho outras coisas a fazer depois eu vou e a liberto. 
Então o que estou a fazer, faz o que não estava à espera e liberta um toxico mortal sobre a borboleta e eu continuo a pensar, é só deixar encher e depois vou, depois vou, só mais um pouco....Ela agora está deitada, as asas estão coladas como uma e consigo ver as respiração pesada e cada vez mais espaçada. Está a morrer. 
Agora a liberto, agora me lembro de a libertar, agora que está a morrer. Levanto a grelha e entalo o braço ao tentar agarra-la com cuidado para não a partir. Partir o quê...Ela está a morrer... Levo-a à rua e pouso-a em cima de uma banca para que o ar a tente reanimar, mas parece-me tarde embora as suas asas se agitem um pouco. Não posso ficar e vê-la, já alguém me chama e tenho de ir. Olho outra vez para ela e não sei se é o vento que a abana que é ela que está a lutar pelo ar que lhe sopra aos pequenos pulmões. Vou embora, faço o meu trabalho, cumpro o meu dever e agora que saio já não a vejo, não sei se voou, não sei se morreu, não sei se o vento a levou. Estava demasiado ocupada para me ocupar com ela e agora ela é todo o meu pensamento. Onde ela estará?!!...

terça-feira, 2 de abril de 2013

"A ela, só a ela e não eu..."

Uma vez, devia ter uns seis anos, fui com a minha mãe visitar uma rapariga já com quinze, vinte anos, que estava doente e internada num hospital. Era bonita, de cabelos negros e inteligente. Simpática, foi nisso que reparei enquanto a minha mãe e a mãe dela conversavam com ela. Ela quase não ouvia, olhava para a rua, para o sol que batia na janela, para as pessoas que passavam na rua e respondia em monólogos ou então assentia com a cabeça para não ter de se distrair com o som da sua própria voz. Ia quando desviava o olhar desenhando uns papelinhos que depois coloria. Eu pedi para os ver e fiquei maravilhada, era tudo perfeito, não era um desenho torto e estranho como os meus que saiam dos limites, eram perfeitos. Eu olhei para ela e sorri e disse - tu consegues fazer isto... Mas ela olhou para mim, colocou os desenhos para o lado irritada e disse que estava farta de estar ali, queira se ir embora... - Deixem-me sair...
Ela transformou-se na minha frente, o que ela era já não era e mesmo assim ainda não a via, porque eu não compreendia como alguém podia estar zangado quando conseguia fazer o que ela fazia, ela era perfeita e eu queria fazer o que ela fazia, como ela fazia....Mas ela era mais do que um desenho era o que estava lá fora, era a tempestade dentro dela e eu apenas via as linhas coloridas e ela queria que a visse a ela, queria que eu gostasse dela por inteiro e não apenas o bonito do que via. 
Se eu visse o feio dela, viria o feio de mim, e se gostasse do feio dela talvez também  gostasse do feio em mim e viria que não preciso ser outro mas apenas eu.
Não me lembro do rosto dela, não me lembro do nome dela mas lembro-me dela como ela queria que eu a lembrasse. A ela, só a ela e não eu...