(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

"Saudade"

Quanto tempo deverá existir de passagem para que se sinta saudade! Serão precisos dez anos, quinze, vinte ou mais anos, desde o tempo que se foi, sendo esse o peso necessário para que a regra se sinta satisfeita e diga, agora basta! Três anos, um dia! Uma brisa que passa, um olhar que se some, esse é o tempo para mim. Uma passagem de tempo cruza o meu tempo em velocidade acelerada sem esperar que entre no seu espaço e não aguarda por mim, por muito que lhe diga -  espera, aguarda mais um pouco. Ela não espera. 
Momentos, vivemos de momentos, nos que conseguimos agarrar na electrização do momento. Momentos do que foram e que são, que se tornam no agora, nos cheiros e sentidos de ser de estarem presentes.
Quanto tempo será preciso quando o tempo não existe ou deixa de existir, quando o que passa a existir é somente o momento e o momento vive na eternidade de quem o sente! Nenhum! A saudade é permanente! 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

"Um pedaço do teu sonhar"

Deitei-me ao teu lado nesse pedaço de lençol que escolheste para dormir e sinto sem te tocar o calor da tua pele. O teu respirar, o ar já consumido pelo teu corpo sai agora ao encontro do meu. Não fechei os olhos, tenho-os abertos e olho não no sentido do teu olhar mas no contraditório dos teus, para ver o que está a sentir e não para onde estás a olhar. E fico assim por um tempo, imaginando. Abres os olhos e vês-me como se tivesse agora chegado quando já aqui estou há muito tempo. Não te conto. E sorris. E fazes-me sorrir num sorriso tonto, de orelha a orelha, de risinhos baixos, meios envergonhados por ter sido surpreendida quando te roubava um pedaço do teu dormir, um pedaço do teu sonhar. 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A todos os amigos. 
Aos amigos que são,  
Aos amigos que acham que não são, 
Aos amigos que vieram desde cedo, 
Aos amigos que ainda agora chegaram, 
Aos amigos que fiz irmãos, 
Aos irmãos que fiz amigos, 
Aos amigos companheiros, 
Aos amigos que não me deixaram desistir e que de mim não desistiram, 
Aos amigos que conhecemos, 
Aos amigos que nunca vimos, ouvimos a voz, tocamos a carne e sempre aí estiveram, 
desde sempre, para todo o sempre.
Aos amigos a que vimos a sua luz, 
Aos amigos de todas as idades, em  que todas somos uma só,
Aos amigos perdidos, 
Aos amigos encontrados,
Aos amigos não digo adeus,
A todos os amigos um pedaço de mar.
O meu pedaço de mar, 
Azul, vermelho e dourado,
No constante contraste de mim. 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Hoje pintei o quarto do meu sobrinho de vermelho e azul.
O pai achou estranho e disse que as cores não combinavam.
Claro que combinam, os templos gregos já foram pintados de vermelho, azul e dourado.
Mas não tens o dourado.
Claro que tenho, será este menino de ouro que hoje dormirá sobre o vermelho e azul deste quarto.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

SEI LÁ?

Sabes disso não sabes?
Do quê se ainda não disseste nada?
Vá, vá lá sabes bem!!
Sei o quê?
O que te estou a dizer!!
Mas o que é que disseste?
Ah então sempre ouviste, só não compreendeste!!
Não, eu não ouvi.
Mas ainda agora me perguntas-te pelo que te disse!!
Disse...sei lá o que disse, disse que não disseste nada.
Não, não, tu disseste para te repetir o que disse, por isso ouviste o que disse mas não compreendeste o que disse, compreendeste?
Ah.!!!
Ah o quê? Do que queres falar?
Eu não quero falar de nada tu é que disseste se eu sabia de qualquer coisa.
Então e sabes?
Do quê?
Do que te estava a perguntar?
Mas eu não sei o que estás a perguntar.
Então porque é que eu te perguntei?
SEI LÁ?

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

"Uma folha"

O vento levantou  uma folha, verde ainda por pouco tempo, que se desprendeu de uma flor e diz que agora é dele que a sopra para onde ele quiser. Mas o que ele não conta é com as pedras  grandes de musgo velho que no seu caminho se encontram, com as árvores de ramos esticados que se abraçam, com os passos das crianças que na praça correm, com as portas mal fechadas, janelas abertas, fontes cujas aguas fogem para o mar, flores sós de um jardim tratado, com todo o viver que vive em redor do vento. Uma ida e uma volta, outra volta e outra revolta, no cruzar dos espaços, nos tempos e passos, no continuo soprar que o vento provoca. Para onde irá? Quem saberá? Nem o vento o sabe. 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Diz-me meu pequenino o que queres ser, quando fores grande e crescer, conta-me o que te vai na alma, na calma que aparentas ter quando me olhas de olhos grandes meu pequenino. Não sabes o que dizer, preferes calar, brincar a crescer. Que importam os quereres de pedir se ninguém te der o grande e o crescer. Dorme meu pequenino dorme, fecha os olhos e sonha com sonhos de pequenino, que em meus braços te vou guardar e segurar do crescer e serás sempre pequenino. O meu pequenino. 

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

"Histórias de quem sou"

Histórias de quem sou foi o primeiro titulo deste blog. Fui eu que o escolhi e sei perfeitamente porquê, como me sentia na altura, o que queria dizer, a forma como queria construir o blog reflectia-se no titulo. 
Já não me lembrava deste titulo e isso torna-se estranho em mim. Não foi outra pessoa que o escreveu, fui eu, embora esse eu agora me pareça um pouco longe, mesmo não tendo passado tanto tempo assim. 
Estranho como alguém se pode, como alguém se consegue esquecer a si mesmo. Não me lembrava e apenas me lembrei porque li o titulo no texto de outro. Esse alguém lembrou-se de mim e eu não me lembrei e isso faz-me pensar em quantos outros títulos de outras páginas me esqueci, quantas coisas me esqueci ao transformar, ao cruzar de passeio, ao passar a curva da estrada. Seriam coisas importantes? Terei deixado alguma coisa por dizer ou fazer? Já não sei, não me lembro. Nem poderei pedir para que me lembrem porque não sei o que era. Quão estranho é. Esquecer-me de mim. 
Novos títulos, novas ideias, novas viagens trazem o esquecimento também. 

sexta-feira, 3 de agosto de 2012


Abraço meu irmão a ti, a essa áurea que se aproxima de mim despida. Estás sujo dizes tu, também eu digo eu, somos iguais, a minha cor é diferente dizes,  pois eu não tenho cor meu irmão por isso dá-me um pedaço da tua quando nos tocarmos, sou velho, também eu, muito mais do que julgas, sou velha desde criança, sou um estranho, pois eu sou mais, talvez me digas quem sou, perdi-me à muito tempo e apenas encontrei um pedacinho de mim, talvez queiras procurar comigo o resto que ficou, não sou um homem de letras dizes, não te posso ler historias nem te ensinar nada que esteja no livros, eu também não, não importa aprendemos os dois nos caminhos das estrelas que cobrem os céus. Recebe-me meu irmão assim como te recebo porque fui eu que vim ter contigo para te abraçar mas sou eu que preciso que me abraces.