Tenho um jardim e esse jardim tem uma porta e essa porta tem uma chave que abre e fecha. Muitas vezes está fechada mas tem sempre a chave na porta. No jardim estão flores de todos os tipos, com muitas cores outras com poucas, algumas com espinhos que nem sempre picam, umas cheiram bem outras nem por isso. No jardim as quatro estações acontecem e o tempo passa como se fosse lá fora mas não tão depressa, um pouco mais devagar, ainda assim o tempo passa, sempre passa. Por vezes alguém entra, sempre entra alguém por uma porta que tem a chave, e depois de entrar sai, sempre sai alguém por uma porta que tem chave. Não têm tempo para ver o jardim, não têm tempo para as flores, não estão na moda, não falam como as outras, demasiado ingénuas, demasiado jovens, demasiado belas, demasiado duras, demasiado complicadas, demasiado para ter tempo, demasiado, demasiado, demasiado...
Tenho um jardim mas é um jardim que muito poucos ficam para conhecer, sentar e esperar que as flores abram assim que o sol nasce e ver as outras flores que lá dentro trazem. Tenho um jardim e esse jardim tem uma porta e essa porta tem uma chave.
... Para alguém entrar nesse jardim e aí se demorar demoradamente é preciso sentir-se bem, sentir-se desejado, acolhido, beijado e mil ocasiões abençoado. E assim, sem precisar de chave para a porta porque já a depositaram nele desde o primeiro momento, assim, acolhido com ternura, entrega, adoração, assim permanecerá todo o tempo que for querido, desejado. Veio, chegou, chegou para ficar. O seu nome?... Daí em diante passará a chamar-se "Dedicação"!... Como tudo o que nascer a começar nessas primeiras horas é fruto de serenidade, da confiança, daquele saber esperar, e de uma dedicação permanente, sem limites, estável, sem pressas, sem desequilíbrios. Estamos, gostamos de estar num jardim por que olham por nós e onde nos vêem... E que desejamos mais, senão que haja um jardim onde possamos ancorar e de alguém que olhe por nós?!... De alguém que nos diga: "Descansa em mim, olha-me, olha-me muitas vezes, que eu olho, olharei sempre por ti!
ResponderEliminarCompreendo mas há pessoas que só vêm ao jardim não para ficar mas para espreitar, há pessoas que entram mas deixam um pé de fora e há pessoas que só vêm roubar, arrancar da terra a flor mais bonita do jardim para depois sair e a expor como um troféu ao sol a secar.
EliminarAcontece, também!... Há quem proceda assim... Porém, a esses(as) não os(as) deixemos entrar ou espreitar o jardim! A escolha, uma sábia percepção da índole e das intenções de algumas pessoas, pela nossa parte, são necessárias, imprescindíveis. Para preservar o que deve ser preservado. No entanto, não penalizemos as excepções, beneficiando uma maioria que não merece crédito.
EliminarSim, tens razão...
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