(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

segunda-feira, 30 de julho de 2012

"Pena"

Que inveja tenho dos homens do mar para poder escrever na areia. Poder usar a palavra no momento em que ela nos busca e fazer os riscos do que nos diz. E as ondas na pressa que têm lavariam as letras mas as levariam para a outra banda onde alguém as pudesse ler. Mas as minhas muitas vezes ficam por dizer, e quando as quero dizer já não são as mesmas porque me vendo pelo trabalho que me prende as mãos e a mente pelo que hei-de comer. Que sorte a minha de ser a pena de um tinteiro que não tem onde escrever. 

1 comentário:

  1. Amarrados à terra, porque somos da terra. Pertencemos à terra e a terra nos irá recolher no seu seio um dia... Porque esperamos, então?...
    Nunca possuímos a largueza e a profundidade do mar que corre nas almas da gente que apreendeu de menino o que o mar dá e leva, o que o mar traz e esconde! Como nos levaria e lavaria num flash a espuma das ondas o que pudéssemos escrever na areia, tudo porque o que quer que escrevéssemos nunca esteve inscrito em nós, Emília!... nós somos da terra... E esta é, talvez seja a verdade que sangra! O que os homens do mar, os que lidam com ele e lhe falam em susssurro todos os dias, esses, esses podem praguejar, escrever na areia o que sempre esteve inscrito neles, inscrito (compreendes-me...) inscrito na comunicativa, na "comunista" vida que levam, no azul esfumado dos seus olhos. Eis a diferença. Ou não?!... Tivesses tu, querida amiga, os dias sobre as águas, a estonteante incerteza dos minutos que escorrem, então, então, iria ver-te construir castelos na areia, garatujar com o indicador palavras do teu coração no areal, e ajudares a empurrar as lanchas, e acender o trabalhar ruidoso dos motores, a levantar a fronte ao alto, a divisar a linha do horizonte e a zarpar da terra firme em procura dos tormentos de alguma outra casual tormenta!...

    ResponderEliminar