Tenho uma coisa atrás das costas, e chamo-lhe coisa porque ainda não tenho outro nome para lhe dar. Tento chegar a essa coisa mas está num tempo tão longe, num espaço tão vago que por muito que estique os braços e estique as mãos colocando os dedos em profunda extensão não lhe consigo chegar. E essa coisa continua lá atrás, num lugar onde sei que está mas onde não lhe chego, com o peso todo que coloca nas costas, no incomodo que faz sentir por ser exterior à minha carne, por ser um excerto que quer criar raízes em mim sem que eu queira, como um cancro benigno que não mata mas se alimenta do seu paciente, hospedeiro, cliente. Carrego essa carga não por umas horas, não por uns dias, não por uns anos mas uma vida quase inteira, que por muito curta que possa parecer aos outros a mim parece-me muito mais longa, muito mais longe de onde estou e me faz andar mais à frente do que onde deveria estar.
Todos carregamos o existente e o inexistente, e o que há-de existir!... Todo o trilho que nos destinaram. Eis a sequência e o consequente...
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