Já seguraste dentro da tua mão um pássaro? Um pequeno pássaro? Daqueles que cabem por inteiro na tua mão? É como segurar um coração cheio sem pontas descaídas, inacabadas com fios por cortar. Um coração inteiro bate forte dentro da palma da mão, tão forte que seria para nós capaz de ultrapassar o corpo da frágil da ave e tomar assim o seu lugar. Bate de medo, do desconhecido que mesmo sendo conhecido se desconhece, de si mesmo e do que lhe aparece, bate forte, tão forte que não lhe consigo já fechar a mão para o segurar e mantenho-a assim entreaberta, entre a guarda e a fuga, sentindo na minha mão um coração por inteiro. E estranho...estranho é que me sinto cair da grandeza do meu tamanho capaz de numa mão segurar um coração, para a servidão de não perturbar aquele pequeno tambor que toca sem notas ou pautas, no caos do que não sabe. Acalmar? Como posso acalmar esse pequeno passarinho na minha mão? Esse coração que não sabe do que bate, apenas que se sente preso ao que desconhece. Não posso. Um pequeno pássaro voa e de lá do cimo dos seus ventos, no bater das suas asas espero que olhe para mim, veja nos meus olhos que sou apenas eu e mais ninguém. Que sou eu que na minha mão o segurava e que ela de palma aberta virada ao alto o espera e aguarda que nela venha pousar porque quer.
Sensibilizou-me sobretudo o desenrolar do descrito, o modo, as palavras com que a Emília conduziu a mensagem que nos queria deixar... Se existem seres que sabem guardar numa mão uma ave por momentos, que se preocupam em abrigar um coração, toda essa palpitação frenética de luta pela liberdade, pela vida, porque será que existem outros (em muito menor número, felizmente...) que nunca souberam dar abrigo - mesmo que por momentos - a um coração que necessita de ser acolhido, perfilhado, possuído, intimamente adoptado?!...
ResponderEliminarEles não sabem o que é amar.
ResponderEliminarO que me faz sentir tristeza e raiva ao mesmo tempo...
Boa noite, obrigada por estares aí.
... Volto de mais uma jornada, por esse mundo fora, como sempre desejei ser, um viajante errante, mas sabendo o que procura, e em espreita do que desconhece... Os aviões colocam-nos um poucas horas a distâncias enormes!... Aprendemos muito com as pessoas, com outras culturas. Existem ainda muitos locais onde a internet não chega, e as pessoas aí vivem num quase primitivismo absoluto. Porém, valeu a pena! Vale sempre a pena!... Emília, embora não estando, estive, e estou. Uma certeza com que ficas!
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