(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)
quinta-feira, 12 de julho de 2012
"O dia do meu aniversário"
O dia do meu aniversário é escolhido ou decidido pelo momento em que me separo e o cordão é cortado daquela a quem pertencia e da qual era um só. No momento em que um mundo acaba e começa outro e nesse mundo os dias e horas são contados como que a lembrar que a efemeridade dos tempos devem ser festejadas ao segundo. Um dia mais, um mês mais, um ano mais, como se contar mais fosse viver mais, como se mais fosse mais quando é exactamente ao contrário o menos é muito maior, é no intervalo dos dias que se festeja, é nos segundos de festa que se celebra, é nos momentos que se vive. O dia do meu aniversário é o prazer de ser e não o contar dos dias, é a consciência de estar e gostar que me faz sorrir. É estar outra vez dentro daquela de quem éramos um só e não existir tempo porque não se sabe como o contar, ser cego, surdo e mudo para o mundo de cá de fora mas existir em certezas nenhumas, em memorias algumas, e ainda assim sentir o conforto de se estar a ser contado como ser.
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... Que texto admirável sobre o nascer e o conhecimento do viver!... Que percepção serena, objectiva, tua, toda tua, intrínseca e real, Emília!... Muito belo!
ResponderEliminar..."É no intervalo dos dias que se festeja"... Festeja-se a cada momento!
ResponderEliminarQue se pode desejar mais?....
Acho que sempre vou sentir falta de alguma coisa ou de alguém. Suponho que seja inevitável para alguns.
ResponderEliminar...Como seres imcompletos que somos, sentimos sempre a ausência de outrem, da outra parte de nós nos outros, sobretudo de quem desejamos e não possuimos nem nos possui, de quem gostamos e connosco nunca se cruzou, de quem passou por nós e não nos viu, e sentimos ainda a falta de inúmeras vivências que ansiosamente adorávamos tê-las experienciado. Inevitável, sim. No entando é também um "leitmotiv" para o caminho a percorrer... O que nos está destinado, o que nos espera na curva do percurso, os braços que nos hão-de abraçar, os lábios que se vão fundir nos nossos, nem sempre é o que nos cerca em dado momento do nosso estar, nas estações onde o nosso corpo caiu. Sentir falta é tomarmos nas nossas mãos o desejo, esperando que o objecto nos ocupe, que nos preencha...
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