(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

domingo, 20 de maio de 2012

"Boa noite"

O meu coração bate ao som de um tambor nas batidas dos segundos dos minutos e horas que passam sem passarem, que quero que fujam e não fogem, das coisas que o sono me obriga a lembrar e despejar cá para fora. A minha mente lateja  no sofrimento do aperto a que se submeteu, às cordas a que se amarrou, aos pensamentos a que se marcou, grita e exige descanso, descanso que não lhe posso dar, memórias para recordar, sentimentos para perfazer, se descansar terei de me render ao que o sono me traz, acordar de mãos vazias, sem o nada de um todo, um todo que nunca se teve, tão estranho que se tem saudades como se ainda aqui estivesse, como se ainda existisse e lhe pudesse tocar, sentir, amar e ainda existe, na persistência, resistência, coerência do que sempre foi e não pode deixar de ser. O coração bate, não deixa de bater, mesmo que me deite os sons e segundos serão os mesmos, por isso boa noite, vou descansar. 

5 comentários:

  1. ...Tudo tão belo, mas eis que a expressão "despejar cá para fora" estraga tudo!... Que pena!...

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    1. Empregaria várias menos essa expressão... Vejamos. A título de exemplo: "coisas... que me saem", "coisas... que me abandonam", "coisas... que escorrem de mim", "coisas... que me pedem dizer", "coisas... que se separam dos meus sentidos, e do meu sentido", etc, etc... Tantas expressões para designar o mesmo. O verbo "Despejar" já indica sair para o exterior e normalmente refere-se a líquido. No entanto em poesia, tudo pode ser olhado de outra forma... Se lhe acrescentarmos o pleonasmo "cá para fora", a expressão perde totalmente leveza, doçura, encanto. Mesmo contrariados, devemos deixar elevação e subtileza no que escrevemos. Não me leve a mal, a sinceridade. O assunto é polémico, como toda a "discussão" ao redor da sintaxe, do estilo. Concordará ou não... A mimha opinião vale o que vale. Vale tanto como outra qualquer. Emília!... Entretanto... Escreva como o pensamento lhe sugerir... Tudo está bem, quando ficamos bem. Creia-me na amizade e na fidelidade ao espírito que esta concebe.

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  3. Sim essas palavras designam o mesmo mas não as consigo ver a dizerem o mesmo. Despejar no sentido em que escrevi não tem haver com liquido mas antes foi escrito no sentido de expulsar, expelir, atirar...
    Não consigo tirar o "cá para fora" perdia o sentido do que estava a sentir no momento. Não seria eu.

    Obrigada pela opinião.

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    1. Emília!... Escrevi, discordando somente sobre a morfologia semântica do texto, naquilo que se apelida de "jargão", e com respeito às citadas palavras - se me permite a designação... Mas, compreendo-a, acredite!... E estou de acordo com a forma vincada e autêntica como expressa o que sente, as suas razões sobre o significado que as palavras poderão ter para si. As diversas conotações das próprias palavras tecem-nos estes percalços... Deste modo, a sua resposta traz a marca de Alguém com uma personalidade bem formada, que sabe porque o afirma, aquilo que quer dizer, e a quem se dirige, a maioria das vezes a si própria, ao seu Ego, sob a forma diarística. Para além do mais, a Emília reafirma as suas capacidades em matéria de escrita confessional, em matéria da ampla liberdade que dá ao seu pensamento, ao modo como enlaça o discurso narrativo.

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