São 10 horas e 15 minutos da manhã de um sábado. A clínica fecha às 10 e meia mas eu sei que a esta hora não está ninguém na sala de espera e a (o) enfermeira (o)quer é despachar-me por isso não vai fazer grandes alaridos à minha presença.
Não gosto particularmente de tirar sangue mas de vez em quando lá vou eu fazer o gostinho à seringa e às minhas veias que quase inexistentes, fazem questão de fazer a sua aparição em público, como que se se tratasse de uma ocasião especial.
Entro logo para a sala e sento-me esticando o braço esquerdo. Apalpam-me o braço à procura como se albergasse um tesouro escondido.
- Isto está mau. (Dizem)
- Pois mas o outro braço é pior. (digo eu)
- Tem a certeza. Ora deixe lá ver.
Não que me incomode. Ok, incomoda. Eu estiquei o braço esquerdo quando normalmente é o direito que se apresenta por alguma razão foi.
- Pois realmente isto está pior. (Dizem)
E lá volto eu para o mesmo lugar.
A partir daqui acontecem versões diferentes, quer seja mulher ou homem.
Mulher:
Enquanto apalpa novamente o braço
- Então está a tirar sangue porquê?
- Rotina.
- Pois tem de ser, não é.
- É.
Continua a busca
- Eu também tenho de fazer analises e bla bla bla…..
Continua a busca
Homem:
Agarra-me no braço e olha para mim, nas suas longas explicações teóricas e afins…
- Tens de fechar a mão com muita força, tirar o braço de cima da mesa e coloca-lo para baixo e dobra-lo para a direita.
Começa a busca
- Não importa se sou eu que estou aqui ou não, tens de fazer isto para ser mais fácil, bla bla bla ….
Continua a busca
São 10 e meia, as portas já deviam estar fechadas e eu a meio do caminho de volta para casa para o meu pequeno-almoço. Mas a única coisa que vejo é tremores, irritação, frustração, suores frios e uma vontade enorme de sair dali para fora.
Talvez lhes devesse perguntar se vão desmaiar ou se precisam de um lenço de papel para lhes limpar a testa. Ou que sei onde está a veia que andam à procura…
- Está tudo bem? (Dizem)
- Tudo Ok, tenta lá.
É só uma picadasita...
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