(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O vento

Gosto de sentir o vento. Gosto de sentir a sua força, a sua frieza, o seu calor, o seu poder…Fecho os olhos e deixo-me levar. Imagino-me como uma saca plástica, que depois de usada é levada pelo vento.
Vento porque me empurras, para a frente…para trás…Porque não me deixas descansar? Empurra-me para um canto e deixa-me lá. Porque me empurras para todo o lado, obrigando-me a ver o que quero e o que não quero? Ninguém me vê. Quem passa apenas olha para a saca vazia e já sem utilidade, que alguém se esqueceu de colocar no lixo. Já esvaziaram o seu conteúdo. Já cumpriu o seu propósito. Chegou o fim. Agora só serve para fazer mais lixo. Porque te importas. Deixa-me. Sinto-me tão cansada. Mais alegre do que o que sinto, mais triste do que o que realmente estou.
Como gostaria de subir ao cimo de uma montanha, sentar-me e esperar pelo pôr-do-sol. Esvaziar-me de mim mesma. De todos os meus pensamentos, de todos os meus sentimentos…Deixava-me cair. Cair atrás do último raio de sol nas profundezas do oceano. Na escuridão da sua alma, lavaria a minha. Na obscuridade dos seus pensamentos deixaria os meus. No negrume dos seus olhos morreriam os meus. Ao raiar o primeiro raio de sol nasceria de novo, sem um último olhar ao que ficou para trás. Como água cristalina, como Ícaro, consumir-me-ia o sol. E não seria mais um só, mas um todo.
Mas tu, vento, não me deixas parar, não me deixas cair. Sou tua, e não precisava de o dizer, já o sabias antes mesmo de mim. Antes mesmo de eu existir. Continuas a empurrar. Não sei para onde. Acho que já não me importa…Confio em ti. Vem vento, vem. Apenas tu não me deixas cair.

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