(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

terça-feira, 27 de abril de 2010

O preconceito

Qual é a voz da razão? A dos nossos pais? Das pessoas mais velhas, com mais experiencia? A dos mestres, estudiosos, cientistas, sábios? A voz do povo, da tradição, da história, da democracia? Da maioria?...
Onde está a verdade, e o que é a verdade? Como devemos agir, perante o outro?
O preconceito, está intrínseco em toda a humanidade, mesmo que o negue, é inevitável essa conclusão. Nascemos a acreditar em verdades impostas por nós mesmos ou pelos outros. A conhecer apenas um caminho a seguir. Ao longo desse caminho vão surgindo escolhas, que nos fazem mudar a direcção do caminho que estamos a seguir. No entanto somos sempre influenciados pelas ideias preconcebidas que temos de algo. Caminhamos em frente sem por vezes olhar para trás. Mais difícil é recuar, e mudar para um caminho mais complicado, embora seja o caminho que devemos seguir.
Sentimo-nos seguros, perante o que nos dizem, o que ouvimos dizer, o que acham que é o melhor para nós. Não somos de todo um ser que opte em primeira instância, pela igualdade de géneros, isso vem muito depois. Primeiro vem a supremacia do ser, e o ser, sou eu mesmo. Primeiro existe a minha individualidade, a minha sobrevivência, a minha existência, depois vêm os outros. O ser humano é mau, desde a sua meninice, e apenas aprende a olhar para os outros quando “vê” que não consegue “viver” sozinho. Como dizia Aristóteles, “o homem é um animal da sociedade”. Não podemos viver como uma ilha, precisamos uns dos outros para sobreviver.
Usamos, então meios, para criarmos grupos de sobrevivência, grupos em quem possamos confiar, que utopicamente, nos ajudem em momentos de angústia. Grupos que pretendemos que nos apoiem no círculo perfeito e indubitável da nossa existência. Dai o conceito de racismo, xenofobia, preconceitos, violência, intolerância em relação ao outro
Naturalmente tudo cai por terra, quando confrontados, com o outro lado da moeda. Se algo sair do estipulado, pelas regras que criamos, o nosso mundo desaba.
Ao ser humano é necessário, olhar para si mesmo, criticar-se, para que possa crescer. Quando alguém vê uma desumanidade, passar-se consigo ou com outro ser humano, tende a questionar-se a si mesmo e ao mundo que o rodeia. Surgem nestes momentos, pessoas corajosas, e com sensibilidade suficiente para manifestar a sua opinião e tentar mudar a humanidade, fazendo-os pensar que não podemos ser ilhas isoladas. O objectivo da vida é olhar para os outros como para nós mesmos.
Carolina Beatriz Ângelo nasceu na Guarda, em 1877, onde frequentou o Liceu. Mais tarde ingressou nas Escolas Politécnica e Médico-Cirúrgica em Lisboa, onde concluiu o curso de Medicina em 1902. Foi a primeira médica portuguesa a operar no Hospital de São José, em Lisboa, sob a orientação de Miguel Bombarda e acabou por se dedicar à especialidade de ginecologia. Fez parte de diversas organizações republicanas e militou a causa dos direitos das mulheres, fazendo parte de uma delegação que, após a instauração da República, reivindicou junto de Teófilo Braga o direito de voto para a mulher economicamente independente. Com a publicação da primeira lei eleitoral da República, Carolina Beatriz Ângelo previu a hipótese de ser admitida a votar já que este direito era concedido apenas a cidadãos portugueses com mais de 21 anos que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família. Invocando a sua qualidade de chefe de família, uma vez que o marido tinha falecido em 1910 e era Carolina Beatriz Ângelo quem havia assumido a educação e guarda da filha menor, pediu à comissão de recenseamento a inclusão nos cadernos eleitorais, o que lhe foi negado pelo Ministro do Interior, António José de Almeida. Em consequência desta recusa, apelou então para o tribunal, entregando em 24 de Abril de 1911 uma petição subscrita por si, no Tribunal da Boa Hora, onde pedia o direito à inclusão nos cadernos eleitorais e a possibilidade de votar com base nas razões que tinha invocado junto da comissão de recenseamento. Em 28 de Abril de 1911, o Juiz da 1.ª Vara Cível de Lisboa, Dr. João Baptista de Castro, proferiu sentença ordenando a inclusão de Carolina Beatriz Ângelo nos cadernos eleitorais. Recenseada com o n.º 2513, Beatriz Ângelo votou nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, ocorridas a 28 de Maio, tornando-se na primeira mulher a exercer o direito de voto em Portugal, ou em qualquer outro país da Europa do Sul. O acontecimento teve lugar na Assembleia Eleitoral de Arroios, instalada no Clube Estefânia. Desta forma, Carolina Beatriz Ângelo conseguiu obter o direito de votar para a Assembleia Constituinte em 28 de Maio de 1911, tornando-se a primeira mulher a exercer esse direito em Portugal.
Carolina Beatriz Ângelo faleceu apenas com 33 anos de idade, em 3 de Outubro de 1911, vítima de síncope cardíaca.
Para a História, ficou a sua carreira médica, as suas qualidades humanas, o modelo de civismo e coerência que a tornaram a pioneira do sufrágio feminino em Portugal, que apenas viria a tornar-se extensivo a outras mulheres mais tarde e com carácter universal, apenas com as leis eleitorais publicadas depois de Abril de 1974.
O Homem deve desejar respostas, para o que procura. Hoje em dia, existe à disposição de qualquer cidadão imensa informação. Por vezes totalmente grátis. A internet é um meio ao qual, praticamente, todos temos acesso. É possível, fazerem-se pesquisas, análises de textos, consultas de livros, fazer downloads, etc., sem a necessidade de comprar nada.
Temos uma porta aberta para o mundo social e político, com notícias nacionais e internacionais, através de jornais, da televisão, revistas, panfletos, cartazes, etc., onde para quem quiser e estiver disponível, a manter a mente aberta, consiga criar a sua própria opinião sobre determinado assunto.
A opinião pública forma-se quando se discute diferentes factos e atitudes sociais, que interessam à sociedade. Quanto mais se discutir, e se informar sobre um determinado assunto, melhor será a sua opinião. A T.V., a rádio e os jornais são sistemas informativos, mas que estão muito ligados à economia de mercado, onde a sua principal demanda é o lucro. Devemos então, analisar, os diversos registos, que existem de uma dada noticia, de forma a criar a nossa opinião (mesmo que errada), o mais alicerçada, possível.
No entanto, não se devem fazer juízos de valor, sobre o que é informação credível ou aceitável. Pois o que a maioria acha valorizável, poderá não o ser para mim. A maioria da população votou em Hitler, para ser o seu chanceler. Levando o país a matar mais de 6 milhões de pessoas. Por isso, quer se leia; “O diário de Anne Frank”, “O refúgio secreto” de Corrie ten Boom/Jonh e Elizabeth Sherrill, livros que descrevem a versão das vítimas da II Guerra Mundial. “Mein Kampf”, (A minha Luta), de Adolf Hitler, escrito com o intuito de incutir na população a revolta contra as minorias do seu país, ou “O Triunfo dos Porcos”, de George Orwell, pura sátira, ao comunismo, à utopia de uma sociedade perfeita e à traição em si mesma; sempre acharemos, pequenas peças, para construir o puzzle, de nós mesmos e da sociedade em comum.
Com os novos meios que existem ao nosso dispor é fácil olhar para o outro lado da mesma moeda. Já não existem desculpas para só acreditar numa versão do mesmo facto, a não ser o comodismo do indivíduo.
O livro mais lido e mais discutido de toda a humanidade, a Bíblia, diz; “Analisai tudo, retende o bem” Tessalonicences 5:21. Mas quem sabe, até esse livro pode estar errado…

1 comentário:

  1. Simplesmente fantástica esta tua análise sobre a formação da mentalidade humana e o percurso a seguir.
    Custa-me a aceitar e a acreditar que esta "pequena" Emília, pequena só de estatura, esteja a trabalhar numa cerâmica.
    Está na altura de dar o salta! Voa mais longe, tu mereces e um dia vais conseguir...

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