Já alguma vez vos pediram dinheiro para comer? Claro que sim. Puxaram da carteira e deram algum dinheiro, sem olhar para trás. Porque todos nós conhecemos alguém nessa
situação, quer seja directa, ou indirectamente. Todos concordamos que a pior situação em que o ser humano se pode encontrar é a passar fome. Aniquila o corpo e a mente, transformando-o num farrapo. Já alguma vez vos pediram dinheiro para comprar um jogo para o filho brincar ou uma bola? Provavelmente trataram-nos mal. Como se atrevem a pedir dinheiro para brincar quando deviam pedir para comer. Também a mim, num momento não há muito longe da minha vida, me pediram dinheiro para comprar uma bola para o filho. Na altura também disse que não, mas é algo que me arrependo amargamente de ter feito. Porquê? Bem. Eu sei que a primeira necessidade a ser suprida deverá ser a física, mas então e onde fica o espírito, quem é que o alimenta? O alimento do corpo dura apenas uma hora, por vezes menos e no dia a seguir já nos esquecemos do que comemos e qual o seu sabor. Imaginem uma criança descalça com uns simples calções vestidos correndo com uma bola em direcção à baliza. Todos os adversários o perseguem, mas ele é mais rápido, finta o guarda-redes e marca o golo. O golo da vitória. Todos o aplaudem, o felicitam, erguem no ar. E nesse momento, nesse instante, por uns nanossegundos, ele é o Eusébio, o Pélé, o Maradona, imortal. E esse sonho em que foi herói por um instante ficar-lhe-á para sempre no coração e terá sempre o mesmo sabor.
Parabéns Emília.
ResponderEliminarPelo blog e pelo texto magnífico.
Continue, porque gosto muito de a ler.
Beijinhos