Somos simetria e simetria existia, era perfeita e complexa. Quando somos pequenos tudo é certo e correcto mas o corpo cresce e se separa, torna-se desigual e separado nas suas duas partes que antes eram e também agora são mas em pesos e formas diferentes. Ainda o reconheces a ele e à sua parte no que se quer dizer e chamar mas são diferentes. Diferem na idade e da doença, diferem na rigidez e na placidez.
Olhas-te no espelho e perguntas quem és, o esquerdo ou o direito e se fores direito o aceitas como sendo esse ou queres antes o esquerdo. O que aceitares é esse que te rege, ao qual rezas e pedes para não perderes, para que te deixe viver mais um pouco. Sou mais do que a carne, sou tudo menos carne e a carne me cobre e não posso viver sem ela. Quis tantas vezes que este cobertor não me tapasse para que se visse apenas eu, apenas o que sou, quem sou, mas como raiz que me agarra há terra não me larga e me torna humilde da perda, da mortalidade, no sentido do agora, do presente sentido, respirado como eterno. A minha fraqueza faz-me forte, não porque me faça viver mais mas porque me faz viver mais. Muitas vezes choro e pergunto porquê e ele apenas me responde porque não. Acorda, vive e aprende, sente e recorda, precisas ver para sentir e o que sentes é a tua imortalidade do que sempre fomos. Tu e eu.
No corpo de cada um, em termos anatómicos, nada é simétrico... Nem os olhos, nem as orelhas, nem os braços, nem as pernas...
ResponderEliminarO espelho é a metáfora do narcisismo.
Somos substância, para além de imagem!
"Tu e eu", acordados para viver, corpos enlaçados, visão de prece, um no outro,... ainda somos a eternidade ao alcance das nossas mãos.