(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

terça-feira, 19 de junho de 2012

Não gosto de regras e essa é a única regra que eu cumpro.

8 comentários:

  1. As regras nasceram para justificar aquilo que se considerava desvio ou algo estranho, ou ainda por razões de medo, de defesa pessoal e de resguardo social, principalmente social, dado que a regra ou as regras é matéria mais ou menos consensual na organização de uma sociedade. As regras são uma das formas de socialização... Não gostar de regras traduz um forte desejo de ser livre e de pensar pela própria cabeça e igualmente muita determinação no querer e no poder até aí conquistado. Faz parte da sua personalidade, Emília!... Não concorda?... E isso é uma mais-valia! Porém, quero observar que se se deseja ser livre, é porque o não somos e o reconhecemos como tal, e daí a saída em fuga pela "porta" da afirmação e da reafirmação, do desejo, da necessidade daquilo que comummente se apelida de contraditório, como apoio aos nossos gestos. Não gostar de regras, não será então mais um desabafo de que estamos fartos delas e de as cumprir obrigatoria e penosamente?!... E será que cumprimos essa regra do "não gostar de regras" com afinco e propósito e assiduamente no nosso quotidiano, no âmbito profissional, no familiar (entre os nossos, aqueles que nos são mais queridos), e no âmbito social?... Para reflectirmos... Se fui profundo em demasia, diga. As notas do seu "Diário" produzem quase sempre um apaixonante cruzamento de opiniões. E fomentar opinião é um criar amizade, é furtivamente gerar amor e arrimo, um apoio saudável e imprescindível, as mais das vezes. Com admiração...

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  2. Todos temos de cumprir regras se queremos viver em sociedade.
    O que eu me estava a referir é... por exemplo; se alguém colocar uma fita no passeio a delimitar a passagem e colocar um aviso a dizer "proibida a passagem", segundo as regras terei de contornar o obstáculo, descer o passeio e atravessar aquela extensão na estrada onde passam os veículos que podem colocar a minha vida em perigo. Mesmo que olhe para o passeio e veja que não existe perigo, que o pavimento está perfeito, que nada indique que exista perigo muito provavelmente vou contornar o passeio. Não seria mais frutífero saber o porquê da fita? Questionar-me ou questionar alguém sobre? Porque pode já não existir perigo e somente alguém que se esqueceu de retirar o material dali. Não devíamos-nos questionar acerca dos porquês?

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  3. Fiquei a pensar...
    Até onde iremos para conseguir as nossas respostas?!...Provavelmente dependerá da pergunta.

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  4. Questionarmo-nos e questionar é saudável, pertinente, impõe por si mesmo! No entanto, existem respostas às nossas questões que já estão implícitas nas perguntas, na própria formulação das questões. Saber os porquês de tudo?!... Para quê?... Os porquês, as verdadeiras, autênticas razões do muito que vemos e que sucede são absolutamente cretinas, vazias de sentido, e por vezes horripilantes! Verdadeiros monstros!... O que fica por conhecer, converte-se em tranquilidade, felicidade, e senso para nós. É tão bom não sabermos tantos porquês!... Tão bom, não saber!... Emília! Um dia talvez me dei razão. O tempo vai-lhe fazer ver que o conhecimento dos motivos porque tal e tais acontecem é perfeitamente uma banalidade, uma inutilidade...

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    1. Não, não quero saber os porquês de tudo, apenas os que me obrigaram a me reconstruir sabendo que não posso mais ser quem era...mas tem razão saber para quê se as explicações tornam o sentido das coisas mais cruéis do que já são, se por cada uma delas um pedaço de esperança de lógica, de algum sentido de ser encontrado fenece. E ainda assim sei que se me dessem a possibilidade de saber a razão para o porquê, sei que hesitaria no momento da escolha...

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    2. Ah!... Sobretudo as vozes dos outros, que em si mesmas são resposta a tantas coisas que nos cercam, e que são alvo de comentário no quotidiano!... Os nossos dizeres são feitos de sons, Emília, embora eu nunca a tenha ouvido, ou esteja a ouvir a sua voz... E muito menos, que tenha ouvido o meu olhar!... Todavia sei que os seus lamentos são vocais, sinto a sua revolta, os seus "nãos" em conflito consigo própria, sinto a proximidade deles, sinto-os a todos. Contudo, as palavras, preciosos auxiliares, magnetizam-nos, desviam-nos levam-nos para muito longe!... As palavras (as nossas...) tornam-se infinitas, como que fios segregados em incontáveis relações. Formam teias que a nossa consciência não consegue dominar! Vejo-a - mesmo sem a ter olhado, porque me é inacessível de momento - mas a sua vocalidade quase que se me torna imarcescível - e contemplo-a nesta roldana de palavras encadeadas, no quanto podem penetrar em si, no mais profundo da sua sensibilidade. Vejo-a com uma experiência de vida, de renúncia, de sofrimento, muito precocemente sujeita às intempéries, aos sustos, ao desejo de brandamente desaparecer de lugares onde nunca desejou estar, vejo-a a correr, a largar por aí em busca de momentos de felicidade, tendo interiorizado o sentido que o Tempo não espera por nenhum de nós!... Somos o real das ideias, a apropriação do próprio corpo, a volúpia do vivido, somos - no passado - o reconhecimento em muitíssimas vezes de... " o não poder ser assim!", ou de o "não pode continuar deste modo!"... Só o que se pode perder nos perturba a existência e nos faz criar o que não existe. E nos faz aguentar o que nos decepciona! Não será?...

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  5. ... Existir?!... Existir é uma dor, uma dor que nasce com a gente!... E demora, leva-nos tempo, demasiado tempo connosco, debatendo-se numa intimidade coerciva e feroz!...

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