Todos os dias ao acordar estico o meu braço na direcção da janela, a minha mão sai da sombra do quarto e os dedos esticados cruzam a luz que num sinal de roubo agarram no que lhe é oferecido. Não sei porque insisto nisso se o que trago me é dado. Talvez porque se roubar não vou precisar de agradecer a quem me deu e não ficarei em dívida para com quem me viu. Se roubar apenas sentirão a falta do que estava e se me apresentar para buscar terei de ficar para sentar e conversar. E todos os dias faço isso como se disso precisasse, como se nisso encontrasse a minha presença, a minha independência. Independência de quê e para quê? Do que fujo afinal senão de mim mesma, do que sou e não quero dizer, do que fiz e não quero lembrar, de onde estou e não consigo partir. Gostava de aqui prometer que amanhã ao acordar vou sentar e conversar, aceitar e não roubar mas a verdade é que só se obriga um ladrão a parar quando se consegue apanhar.
Não vejo aqui qualquer espécie de "roubo"... Porém, é bom ter paciência e tempo para nos sentarmos e conversar, seja com quem for, nem que seja connosco próprios.
ResponderEliminarNão é paciência que me falta mas coragem.
ResponderEliminarMas vou confessar que gosto de te-lo como amigo e que isso sabe bem.
Igualmente, tanto, e reciprocamente... Com elegância, a elegância que nos distingue, que desejo nos distinguirá sempre.
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