Gosto quando chove, de me molhar até aos ossos e ficar com soluços, gosto de ter aprendido a nadar, gosto de nadar de costas, de boiar, gosto do sol, não gosto de ficar com marcas no corpo, não gosto de trabalhar com calor, gosto de colher folhas das árvores, esmaga-las nas mãos e cheirar, gosto de tomar banho com água que me deixe arrepiada, gosto de conduzir, gosto da minha mota, gosto de bons amigos, não gosto quando me tratam como se fosse uma flor para colocar na lapela num dia de verão unicamente para sua própria vaidade, gosto de silêncio, das minhas longas reflexões, gosto de estar só, gosto de música que me diz o que estou a sentir sem ter de falar, gosto de ter aprendido a gostar de poesia, gosto de gatos que me arranham, gosto de colocar-lhes a mão na cabeça e sentir o seu ronronar, gosto dos seus olhos azuis, gosto do miar irritante dos gatos pequenos, gosto quando consigo não chorar, gosto quando consigo chorar, gosto da minha família, gosto de observar pessoas, gosto de ensinar, gosto que me ensinem, gosto quando estou feliz, gosto quando acho que sou bonita, gosto de espelhos, não gosto quando estou triste, não gosto de ir ao médico, não gosto de fazer exames, não gosto de estar doente, gosto quando gosto de comer, não gosto quando não tenho vontade de comer, gosto quando a minha mãe me obriga a comer, gosto de me obrigar a fazer coisas, não gosto quando acho que não tenho nada para fazer, gosto quando dizem obrigado, gosto de dizer obrigada, gosto de surpreender quem gosto, gosto quando os adultos me tratam por menina e as crianças por senhora, não gosto quando o meu chefe me trata por menina, gosto de escrever, não gosto de não saber, gosto do mar, gosto de dormir e não me lembrar dos sonhos, gosto da minha cama, gosto do meu quarto, não gosto de ser desarrumada, não gosto de não me lembrar das palavras, não gosto de corar, gosto de livros, gosto de filmes, gosto de fotografia, gosto de sonhar acordada e sorrir.
(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)
sexta-feira, 29 de julho de 2011
segunda-feira, 25 de julho de 2011
O salteador
Estou deitada na minha cama. Apareces à janela, e como um salteador entras sem ser convidado. Gosto quando me acordas e sem que abra os olhos deixo que me toques os cabelos, abraces a pele nua e me aqueças com o teu calor.
Fujo dos lençóis em que estiveste, mas continuas a perseguir-me...e eu deixo. Se tivesse que partir já o teria feito à muito tempo. Espero toda a noite pela tua chegada e nada me dá mais prazer do que antes de chegares, acordar com a ansiedade da tua presença.
Já posso abrir os meu olhos e ver a beleza da tua cor, do teu respirar, do teu acordar que me envolve nos teus braços de luz.
Gosto quando partes, pois deixas as saudades para trás como companhia, mas amo mais a tua chegada porque me és mais querido. Por vezes uns dias são mais especiais do que outros mas todos os dias espero por ti sol, quando nasces e espreitas a janela do meu quarto.
domingo, 24 de julho de 2011
Desisto
Desisto, não posso mais, chega, basta, estou farta de olhar para trás, de jogar os mesmos jogos, das mesmas metas, dos mesmos resultados. Não consigo mais, cheguei ao meu limite, de me ver rodeada de tanta estupidez.
A continua possibilidade de jamais haver mudança, torna as minhas atitudes perante as circunstancias, extremamente e ridiculamente previsíveis. E se assim o é, é porque cheguei a águas paradas que não me levarão a lado nenhum. Estou presa num barco, olhando o horizonte debaixo de um sol escaldante, sem vento que empurre as velas içadas.
É tempo de agarrar nos remos e começar a navegar. Se o vento não me ajuda, ajudar-me-à o peso do meu querer.
Um dia voarei até ao planeta do "Pequeno Príncipe" que guarda um bela rosa debaixo da redoma de vidro.
Mas não agora...um dia...não agora...agora é tempo de navegar até ao horizonte.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Não há coincidências!
Não acredito em coincidências. Acredito que tudo o que surge no nosso caminho, acontece por um determinado motivo, quer seja algo que achemos ser bom ou mau. Existe sim, a necessidade de “olhar” a vida com um “terceiro olho”. Aquele que te dá as respostas para as perguntas que fazes sem sequer ser preciso perguntar. Instinto. O frio na nuca que te provoca arrepios quando sabes que decisão tomar, mas que mesmo assim preferes arriscar que a vida te diga “eu avisei-te”.
Porque tal como o bater das asas de uma borboleta num ponto do planeta, possa porventura provocar um furação no outro extremo, acredito que todas coincidências da nossa vida têm um elo de ligação entre elas.
Tirar o melhor partido da vida é então saber “ver” as situações ou pessoas que nos vão surgindo no nosso caminho. Elas não aparecem por coincidência, mas sim porque de alguma forma vamos precisar delas e elas de nós.
Tudo tem o seu tempo determinado, não há coincidências, apenas o livre arbítrio de decidir quais as variáveis que vamos introduzir.
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Cruel
Algumas pessoas por vezes são muito cruéis. Têm o inegável e sórdido prazer de magoar quem lhes aparece à frente. Decepcionam, decepcionam e voltam a decepcionar.
O estandarte da vitoria que erguem com orgulho vale a vida que acabaram de ceifar.
Não é vingança, gozo ou sequer indiferença o que sinto, mas tristeza por esse alguém que prefere ter o seu troféu na ponta de uma espada e não no laço do seu coração.
terça-feira, 12 de julho de 2011
A indiferença
- O que sou para ti?
- Indiferente.
- Indiferente? Como?
- Bem, em primeiro lugar está a minha família, a seguir eu, os meus amigos, os meus vizinhos.
- E a seguir sou eu?
- Não, depois vem o meu patrão, chefes, funcionários públicos.
- Agora sou eu?
- Espera mais um pouco. Finanças, cães, caca.
- Ok, eu estou aí…
- Não, depois vêm as pedras que estão por baixo da caca e a seguir vens tu.
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Ok, tenta lá.
São 10 horas e 15 minutos da manhã de um sábado. A clínica fecha às 10 e meia mas eu sei que a esta hora não está ninguém na sala de espera e a (o) enfermeira (o)quer é despachar-me por isso não vai fazer grandes alaridos à minha presença.
Não gosto particularmente de tirar sangue mas de vez em quando lá vou eu fazer o gostinho à seringa e às minhas veias que quase inexistentes, fazem questão de fazer a sua aparição em público, como que se se tratasse de uma ocasião especial.
Entro logo para a sala e sento-me esticando o braço esquerdo. Apalpam-me o braço à procura como se albergasse um tesouro escondido.
- Isto está mau. (Dizem)
- Pois mas o outro braço é pior. (digo eu)
- Tem a certeza. Ora deixe lá ver.
Não que me incomode. Ok, incomoda. Eu estiquei o braço esquerdo quando normalmente é o direito que se apresenta por alguma razão foi.
- Pois realmente isto está pior. (Dizem)
E lá volto eu para o mesmo lugar.
A partir daqui acontecem versões diferentes, quer seja mulher ou homem.
Mulher:
Enquanto apalpa novamente o braço
- Então está a tirar sangue porquê?
- Rotina.
- Pois tem de ser, não é.
- É.
Continua a busca
- Eu também tenho de fazer analises e bla bla bla…..
Continua a busca
Homem:
Agarra-me no braço e olha para mim, nas suas longas explicações teóricas e afins…
- Tens de fechar a mão com muita força, tirar o braço de cima da mesa e coloca-lo para baixo e dobra-lo para a direita.
Começa a busca
- Não importa se sou eu que estou aqui ou não, tens de fazer isto para ser mais fácil, bla bla bla ….
Continua a busca
São 10 e meia, as portas já deviam estar fechadas e eu a meio do caminho de volta para casa para o meu pequeno-almoço. Mas a única coisa que vejo é tremores, irritação, frustração, suores frios e uma vontade enorme de sair dali para fora.
Talvez lhes devesse perguntar se vão desmaiar ou se precisam de um lenço de papel para lhes limpar a testa. Ou que sei onde está a veia que andam à procura…
- Está tudo bem? (Dizem)
- Tudo Ok, tenta lá.
O valor das coisas
"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."
Fernando Pessoa
terça-feira, 5 de julho de 2011
Não posso voltar a ser quem era.
Tantas vezes renasci.
Rendo-me ao meu cansaço e deito-me na terra húmida que me acolhe como um doce leito. O sol obriga-me a desviar o olhar. A erva cheira a água e terra onde a vida prossegue sem notar a minha presença. O vento sopra devagar, refrescante, cuidadoso para não retirar o sabor do meu prazer e a alma renasce uma vez mais de olhos bem abertos e não posso voltar a ser quem era.
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