Ouço passos vindos no meu caminho ou talvez seja o vento que ouço assim baixinho! Ouve, escuta o que tenho para te contar, pára e escuta o tenho para te dizer! Mas não pára, tudo em redor roda, tudo em volta anda, sem se querer quietar à minha voz, se sequer se querer perguntar ao que me vá, sem se importar aonde quer que está! O vento sopra assim baixinho, muito mais longe e barulhento ao meu ouvido e nem te sei dizer a como tudo vai na minha ideia! De fora vê-se a luz da minha janela, e é de noite e a luz nela passa como passam as gentes por baixo dela, sem nela tropeçarem! São vãs as idas, as conversas aleatórias de histórias recicladas e ideias já mordidas por diversas vezes e agora mais uma vez cuspidas fora! Tudo lhes é certo para as gentes que passam, fingem-se heróis conquistadores de medalhas e glorias já cumpridas por outros, mas que a memória gasta já não faz lembrar! Querem a imortalidade do agora, do presente assente na visão plena do futuro ridículo da felicidade, porque neste momento não o são! Espera-se o momento seguinte e o outro e o outro...e o demais não vem, porque se assenta a pedra no futuro ainda não visto e se deixa o presente palpável e mesuradamente aguerrido de fora!
Está silêncio outra vez, por hora chove e o pensamento me imunda de todas as palavras às quais não consigo fazer a sua tradução! Escreve-se sem papel ou tinta em todo o espaço da memória. Lembro-me do velho Freixo à chuva, que julgavam morto e que a seus pés fizeram nascer um outro novo. Lembro-me de mim e de minha mãe, à revelia arrancarmos do seu tronco os fungos que o comiam. Está vivo e eu espreito por ele. O outro se curva a seus pés! Ele é a memória de um velho que morreu sem nada seu a não ser a árvore que plantou num terreno seu que deixou de o ser, para uma mulher amada que nunca chegou a ser! A vida do que sempre amou! Chove por estas horas, o vento se levanta e não me deixa dormir! O Freixo ainda dorme!...
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