De cor é a dor! Será génio, será loucura o que vejo, o que sinto...Nas ruas descalças, nas peles húmidas das chuvas da noite, no sacudir do tapete, na vassoura que varre a imundice da estrada, na cama que se faz com zelo, na limpeza que se deseja e os ratos que saem à noite conspurcam com as suas patas, de pelos imundos. Não se importam quem somos, somos iguais, mais um para trincar, mais um para comer, tudo sabe igual, tudo sabe a fome.
O que é que nos faz separados, na cor e na dor, senão a indiferença, senão o não ser de parte a parte! O que não vês não sentes o que não és não pressentes por isso tudo está errado menos tu, que te vês a ti próprio e a mais ninguém!
Tem um certo olhar de clemencia a loucura, mesmo a sã, a que se abala em nós consciente e nos trama assim a ser, sem ser mais, não querer mais do que o estado de graça, amar para além dos limites e voltar, sentir saudades do que não se sabia que existia, do que não se sabia que se gostava, que está para além da carne, do mar, da gentes!
Lágrima emocional, diferente das outras, igual à outras, sem cor, maior que as outras por ter todas as cores!