(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
Dor é a roda em que brincava, roda de onde caí, roda de onde vi meu pai gritar, roda de onde me me veio para acudir. Dor é não saber porque perdi o equilíbrio, porque a roda passou por cima do meu pé e não senti nenhuma dor. Lembro-me de meu pai, do meu pé no chão, da certeza da roda pesada por cima dele, da dor existir sem ali estar porque alguém, quem foi não sei, alguém me puxou para fora estando ainda ali, e a dor ficou no tempo e não em mim. Quem me poupou à dor não sei, para quê não sei, mas lembro-me do meu pai a gritar, de apalpar o meu pé, de dizer desculpa, não aconteceu nada, está tudo bem...
terça-feira, 17 de setembro de 2013
Verde-água
Azul-marinho
Essas são as cores
Do meu menino
Corre pela praia
Movendo a areia
Corre com a alegria
De quem só quer sonhar
E é tão bonito
De cabelos ao vento
Braços no balanço
E riso no ar
Não cresças
Não quero que conheças
A morte das flores
Do nosso jardim
Corre, corre, foge, vai
Sem dizer adeus
A quem te quer bem!...
Azul-marinho
Essas são as cores
Do meu menino
Corre pela praia
Movendo a areia
Corre com a alegria
De quem só quer sonhar
E é tão bonito
De cabelos ao vento
Braços no balanço
E riso no ar
Não cresças
Não quero que conheças
A morte das flores
Do nosso jardim
Corre, corre, foge, vai
Sem dizer adeus
A quem te quer bem!...
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
Desculpa, quero-te pedir perdão. Daquilo que dizes que tenho e deveria fazer com ele. Não tenho tempo, tenho pressa, o tempo acaba depressa. Mas tu fazes-me esperar e esperar numa caminhada que me parece demasiado longa para fazer só. Teria sido mais fácil mostrares-me o que queria, aí saberia quem sou porque mo terias dito. Não sei se teria acreditado, para acreditar é preciso uma certa dose de fé e a fé às vezes vai-se-me como areia escorregadia que atravessa os dedos das mãos. Nunca fica nada nas mãos, no corpo talvez mas nas mãos não.
Devias estar só quando nos fizeste a nós, estamos sempre. Querias um reflexo teu uma coisa que chamasses tua, mas deixaste-nos escolher, mesmo tendo dado o que nos deste, porque temos algo, um pedaço de ti, todos nós. E deixas-nos escolher...Largar, deixar livre não é fácil. Se se cria deveria ser nosso, mas que mais pode ser nosso senão o que deixa livre.
Nunca verei o teu rosto mas talvez me deixes um dia ver-te a trabalhar no teu jardim.
As pessoas dizem que não se deve questionar a Deus, mas eu, eu só quero conversar contigo....
As pessoas dizem que não se deve questionar a Deus, mas eu, eu só quero conversar contigo....
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
O vento hoje está diferente, tem sabor a mel e fel. Talvez seja por estar cansada e este vento quente me traz uma certa certeza das rodas do carro que nos conduzem. Às vezes sabe-se para onde se vai e não sei se é mais triste saber se a completa certeza de que realmente aconteceu. As coisas são simples o difícil é quando complicamos e as linhas que nos pareciam rectas se transformam em curvas anunciadas de um escuro que não se sabe e não se conhece. Quantas vezes se sai de lá para lá voltar a cair, sem ter visto nada de nada, certo ou errado.
Inventamos sempre umas certas regras, dá-nos algum conforto não ter de fazer perguntas para não ter que receber respostas. É que a resposta pode bem ser aquela que queremos ouvir. Mas e depois, depois, o que fazemos com tudo o que pedimos e nos foi dado. Preparamos-nos para que os outros sejam o que queremos que sejam em nós, mas não nos preparamos para sermos nós em eles.
terça-feira, 10 de setembro de 2013
O limite da realidade a que nos acostuma-mos é a face do sonho. Uma passagem, uma vista, um sentido certo do que no certo te vês. Ilusões perdidas, que sem estarem as encontras, nessa miscelânea do que é teu ou dado como teu.
Respira fundo, atenta ao que encontras, projecta na tua mão, nas tuas mãos, quantas tiveres e crê, por mim, acredita. Sabes o que quer dizer, sabes....é um mundo, um novo mundo. Céus livres, livres, uma nova manhã, um novo nascer. Tocar no incerto, da realidade tomada como certa, imaginar no lugar comum ao que se diz, ao que dizemos sem dizer. Viver na abstracta forma do ser que cobre como uma neblina fugidia a vista de quem sempre sonha...
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
"O melhor dos vinhos"
Existem dois tipos que vinho que são considerados os melhores!
Um deles é o sobrevivente, cria-se em qualquer terra, adapta-se ao clima, das raízes mortas nascem novas bases para as mesmas plantas, mesmo corroída pelos insectos e as pestes o fruto vinga, saboroso como se estivesse nascido nas planícies do Éden. Luta e sobrevive a tudo e todos. Podemos usar a sua cepa e confiar nela porque jamais nos irá falhar. Nasceu para nos dar o fruto, foi criada para isso e é isso que irá dar. Não se deixa conquistar ou derrotar pelas intempéries da vida e lhe ganha sempre. Dar-nos-á sempre a provar bom e excelente vinho!
O outro, só se cria em determinados espaços, em certos lugares, em certas ocasiões. Se o clima muda a cepa morre, se a temperatura não é adequada ela morre. A terra tem de ser a certa, a correcta, no ponto por ela exigido! É delicada, não se cria todos os anos, só nos que ela escolhe e lhe parece bem. Precisa de cuidados extremos, diários, como se uma flor que se carrega nas mãos com medo que se quebre...Mas se tivermos toda essa paciência, todos esses cuidados, todas essas exigências, ela nos dará a degustar o melhor dos vinhos que alguma vez provámos.
Qual é o teu vinho?!!
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
Somos simetria e simetria existia, era perfeita e complexa. Quando somos pequenos tudo é certo e correcto mas o corpo cresce e se separa, torna-se desigual e separado nas suas duas partes que antes eram e também agora são mas em pesos e formas diferentes. Ainda o reconheces a ele e à sua parte no que se quer dizer e chamar mas são diferentes. Diferem na idade e da doença, diferem na rigidez e na placidez.
Olhas-te no espelho e perguntas quem és, o esquerdo ou o direito e se fores direito o aceitas como sendo esse ou queres antes o esquerdo. O que aceitares é esse que te rege, ao qual rezas e pedes para não perderes, para que te deixe viver mais um pouco. Sou mais do que a carne, sou tudo menos carne e a carne me cobre e não posso viver sem ela. Quis tantas vezes que este cobertor não me tapasse para que se visse apenas eu, apenas o que sou, quem sou, mas como raiz que me agarra há terra não me larga e me torna humilde da perda, da mortalidade, no sentido do agora, do presente sentido, respirado como eterno. A minha fraqueza faz-me forte, não porque me faça viver mais mas porque me faz viver mais. Muitas vezes choro e pergunto porquê e ele apenas me responde porque não. Acorda, vive e aprende, sente e recorda, precisas ver para sentir e o que sentes é a tua imortalidade do que sempre fomos. Tu e eu.
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
"Pedra no muro"
Era um muro velho, construído de terra amassada pelas mãos, junto com a erva do campo para lhe dar mais robustez, tinha cinza, tinha cal, e aguentou-se ao vento e às chuvas, sem nunca perder a sua altivez.
Mas uma vez, uns olhos de menina, viram uma pedra linda no meio do muro velho, uma pedra mais antiga que o muro e pareceu-lhe mal que o muro a mantivesse refêm, prisioneira no meio de toda aquela terra velha. Pareceu à menina que o melhor era tirar, regastar ao mundo aquela pedra tão linda, para mostrar que o mundo era mundo antes do muro.
A menina tirou a pedra, com muito cuidado, para deixar o muro inteiro, mesmo que sem a pedra e continuasse a ser muro, mas o muro era de terra e a pedra fazia-lhe falta, por isso cedeu à falta e começou a cair, a se desfazer. A menina tentou mantê-lo em pé, de outras formas, de outras maneiras mas ele todos os dias caía um pouco mais, e agora que a chuva cai, cai um bocadinho mais...
É que à terra é preciso pedra e à pedra é preciso chão, tudo faz falta na construção. Na nossa também!
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