A verdade é como um papel amarrotado no qual escreveste e depois de ler te viste e o que viste já não era o que pensaste. Esmagas de raiva ao que acreditavas ser, mas não é o papel que erra, é tu que acreditas na verdade quando a verdade é mentira. Não é verdade, nunca é, só por si verdade, porque a tocas, te dizem que é, crêem que é, respiram e cospem em ti todos os dizeres que dizem para si, como se a si quisessem enganar. E enganam, sempre enganam, nada disso é verdade, é o cego que vê a verdade, na obscuridade do dia ele vê além de ti. O cego é uma página em branco ao qual o vicio ainda não corrompeu e se tiver sorte, que para estas coisas também é preciso um pouco disso, se tiver sorte em ser cego, até ao fim da sua vida mortal, a ele, só a ele será revelada a verdade da mentira. O cego não tem o vicio da página em branco que em nós já foi tingida, o vicio da cor em nós é contagiante e antes de pensares em que cores queres gostar, já foste marcado a ferro por uma delas, muitas vezes por muitas. Cores que não saem e te marcam a pele até aos ossos.
A verdade é uma mentira, sempre mentira, se fosse verdade conseguias reconhecê-la!