(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

quarta-feira, 31 de julho de 2013

"A verdade"


A verdade é como um papel amarrotado no qual escreveste e depois de ler te viste e o que viste já não era o que pensaste. Esmagas de raiva ao que acreditavas ser, mas não é o papel que erra, é tu que acreditas na verdade quando a verdade é mentira. Não é verdade, nunca é, só por si verdade, porque a tocas, te dizem que é, crêem que é, respiram e cospem em ti todos os dizeres que dizem para si, como se a si quisessem enganar. E enganam, sempre enganam, nada disso é verdade, é o cego que vê a verdade, na obscuridade do dia ele vê além de ti. O cego é uma página em branco ao qual o vicio ainda não corrompeu e se tiver sorte, que para estas coisas também é preciso um pouco disso, se tiver sorte em ser cego, até ao fim da sua vida mortal, a ele, só a ele será revelada a verdade da mentira. O cego não tem o vicio da página em branco que em nós já foi tingida, o vicio da cor em nós é contagiante e antes de pensares em que cores queres gostar, já foste marcado a ferro por uma delas, muitas vezes por muitas. Cores que não saem e te marcam a pele até aos ossos. 
A verdade é uma mentira, sempre mentira, se fosse verdade conseguias reconhecê-la! 

terça-feira, 16 de julho de 2013

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Se olhar para uma montanha e a fizer curvar, já não sou a montanha curvada mas a curva da montanha...

sábado, 13 de julho de 2013

"Sinto-me"

Sinto-me cá dentro, num centro dormente, surdo. Lá fora o vento bate forte num sentido violento e ainda assim não o sinto. O vejo, o que torna e retorna, sem vida ou sentido. Gente que passa como se fosse outro vendo-o eu hoje, ontem e depois, tocável e tão frio lá fora. E ainda assim, vendo assim o que vejo, terei ficado eu, do lado que observa e passa a ver o que sempre viu, de outro ponto de chegada. O que vejo é outro, a tua sombra, o teu ego escondido que nem sequer me nota, que para além de ti estou eu, o eu e o que vejo dentro. Dizes que acertei no lugar errado na hora certa! Tens razão! Este é o lugar que não vês, por isso o chamas errado sendo para ti o certo, estando pois certo para os dois. Se estivesse nesse lado que  passas não estaria aqui eu, este eu que me consome e me toma sem eu saber ou querer. Não posso ser mais do que o que sou, porque se fosse, seria outro e não eu. O que seria então! Uma forma imaginária que se rende, um centro sem prazer, um cem numero de outras coisas fora, sem pouso certo que eu lhe pudesse dar. Não posso ser esse que me dizes ser certo ser, esse é o teu ser. Eu sou aquele que está do outro lado, do lado que não queres ver...

domingo, 7 de julho de 2013

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Existe um olhar nosso nesse teu reflexo em que te vejo. Alguma coisa que ambos vemos cada vez que o nosso olhar se cruza. Penso que o reconheço mas penso apenas...por isso te vejo e revejo tantas vezes quantas posso, quantas vezes tento, nem todas quantas quero, nem todas as que consigo. Foges e não te consigo  agarrar, puxar para mim e fazer-te ficar aqui. Talvez te conseguisse chegar, talvez te pudesse fazer querer, embora não me tivesses pedido  nada, ou talvez peças...
Estico o braço, no impulso primitivo do instinto, na velocidade do tempo em que decorre a acção. Um dedo se forma, na carne em que agora se encontra e assim que te toca, na imagem desse momento encontrado, e já não estás no que te vi. 
Sei que está aí, mesmo quando não te encontro, no reflexo em que te vejo!
Estranho como nos deixamos ficar, render, na inocência do momento, sem possuir, ao que nos agarrou. E passamos a viver nesse limbo de prazer alimentado-nos apenas com a sua presença, com o que o nosso olhar consegue ver.