(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Comecei a falar tarde, bem, mas tarde. Não estava zangada com as palavras, compreendia-as e assentia-as em mim, mas não lhes respondia por sons. Respondia no grito do silêncio.
Os meus pais achavam-me graça e o meu pai dizia - Titi vai ali buscar-me os chinelos! E eu ia. - Titi, vai buscar o café do pai! E eu ia. Sem dizer palavra, e ia. 
Porquê Titi, de onde vem o Titi...Não é o meu nome mas eu ia. Ia e achavam graça! Eu não falar mas compreender e ir. 
Ainda sou uma criança calada. Calada. Muitas vezes calada. A calada que vai. Que não fala. E eu tenho tanta coisa para falar. Explicar em movimentos de sons ritmados o que digo quando estou calada. 
Porque eu falo. Oh se falo, tanto que por vezes já nem me posso ouvir e tenho de me calar. Apenas falo cá dentro, em registos inadiáveis. Porque é que não falo lá fora???..... 

1 comentário:

  1. ... Porquê?!...
    Porque mais cala no mundo, quem mais o mundo conhece!...
    A criança cala, quando sente que pouco falaram com ela, na primeira infância. Pouco se interessaram pelos seus problemas mais íntimos e mais pessoais...
    Dizem os adultos...
    "Não percebe ainda, não vale a pena estarmos a conversar com ela!... É muito criança!..."
    Esta percepção é um erro, em termos de educação!
    A criança apercebeu-se intuitivamente que não (nunca!...) teve interlocutor à altura do que sentia e pretendia comunicar. Interclocutor que acolhesse as suas palavras.

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