(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O que é "normal"?

Vivi a minha vida como se tratasse de uma realidade paralela, não fiz o mesmo percurso que os meus colegas e acho que lhes sou um pouco estranha por isso mesmo. 
Existem regras na sociedade, intemporais,  principalmente para as mulheres, que devem ser seguidas e eu não as segui, nem sigo. Doí quando me questionam e perguntam porquê.  Mas, porque não? Gosto de ser quem sou, mesmo "torta" sou eu e não o seria se agisse só porque tem de ser, porque "é normal". O que é "normal"? 
Apenas sei que sou consciente de mim mesma e sem pudor e com toda a cagança digo: Sou Feliz.  

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Fogo a mota é linda

Comprei uma mota à minha altura. Quer dizer...não é bem à minha altura...Digamos que o senhor do stand me aconselhou que perante a minha estatura o melhor seria esperar que viesse uma mota por encomenda...Pois, está bem, e teria uma mota especialmente concebida para mim, poupem-me, eu queria era uma igual às outras, e se eu não me adaptava à mota, ela que se adaptasse a mim...ora essa.
Lá comprei a mota, e a primeira tarefa a fazer foi é claro...aprender a conduzir. 
Não devia ser muito difícil...devia ser como uma bicicleta, afinal não tem mudanças...Bem, não é bem assim...digamos que a condução é feita a velocidades diferentes...tal como os efeitos de colisão...
Final da história, digamos que foi muito divertido aprender a conduzir, principalmente curvas, pontos de paragem...
Normalmente conduzo por vias secundárias, mas um dia destes fiz o grande teste...já me achava uma profissional na coisa e então porque não...lá fui eu para a via rápida da estrada nacional...o pessoal da estrada também merecia ver a minha mota linda...Sempre na direita a puxar a fundo, conduzia a uns loucos 60 km/h...e o pessoal claro, a arredar-se de mim não fosse o diabo tece-las e riscar a mota...
Fogo a mota é linda.
Para minha surpresa muitos acenavam e apitavam à minha passagem...não querendo ser mal educada lá lhes acenava de volta...apesar de não saber quem eram...até ao momento em que passou uma carrinha de obras com alguns rapazes lá dentro, gritando e gesticulando pelas janelas:
- Vá força, então anda lá, isso não dá mais?????
Então, levantei a minha mão esquerda e fiz o sinal que qualquer um faria. 
Acenei-lhes a dizer adeus. 





Poker face

Detesto quando um adulto não deixa uma criança chorar, como se depois de ter feito qualquer coisa de errado não tivesse o direito a mostrar arrependimento. 
Esse estado de espírito em que para benesse de outro deve existir o dever de suprimir o nosso sentimento, faz com que criemos uma máscara de suposta indiferença perante os acontecimentos. 
Lembro-me quando era criança e o meu avô ficou doente, a minha mãe me dizer para lhe levar o comer à cama, como forma de o agradar pois era a sua neta mais velha que estava a cuidar dele. Os dois sabíamos o quanto ele estava doente, no entanto agíamos como se estivesse tudo bem, para nos confortarmos durante aqueles minutos em que a realidade era deixada fora do quarto e nele só existia a fantasia da normalidade. 
- Está melhor avô? 
- Estou sim. 
Não era verdade e ambos sabíamos. E porquê dar ouvidos à realidade, quando não era por ela que clamávamos  mas sim o regresso à rotina da ignorância da morte. 
Por vezes penso que somos duas pessoas dentro de um mesmo invólucro. O espírito e o corpo. Um diz uma coisa e o outro diz outra e a luta permanece indefinida. Qual deles terá mais valor, razão ou competência de definir o que é certo ou errado é a continua busca que alimenta o meu inconsciente.
Ao visitar um amigo doente, sinto as lágrimas tentarem romper a barreira da realidade, mas ouço a voz vinda não sei de que direcção que diz, "não quero ver nem uma lágrima, não te atrevas a chorar", e então sorrimos.
- Estás melhor?
- Claro que sim.