(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

quinta-feira, 28 de abril de 2011



"Às vezes os pensamentos melancólicos trazem consigo algum prazer também, um prazer suave, íntimo, consolador"   Júlio Dinis

Pó das estrelas

Estivemos todos juntos no inicio, nessa grande imensidão do espaço. Átomos, carbono, nitrogénio e oxigénio, temos a mesma massa que as estrelas. Mas esse início também teve um fim. Quando morrem, as estrelas massivas chamadas supernovas explodem expelindo todo o seu material para o espaço interestelar para que possam fazer parte de outras estrelas, planetas e pessoas. Todo o carbono que contém matéria orgânica foi produzido originalmente nas estrelas. 

Passaram três anos desde que partiram e parece que foi hoje de manhã. Por vezes penso que tudo é um mau filme em que posso a qualquer momento agarrar no comando e voltar ao momento em que mesmo sabendo que não poderia alterar em nada o curso da história, mas que talvez, talvez, e olhando agora para trás, talvez pudesse pelo menos tentar.

“Tu és pó, e em pó te hás-de tornar”. Um dia os nossos corpos voltarão ao seu estado primitivo, os átomos voltarão a se reorganizar em novas formas e talvez nesse dia sejamos; areia do mar, arvores cujos ramos se tocam, duas pessoas que atravessam o mesmo passeio, companheiros de viagem, amigos que se abraçam, e outra vez, pó das estrelas.

Sem dizer adeus, Laura e Lara, ainda vos amo.

“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”
Lavoisier

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Ilusões

Apetece-me chorar mas esta tremenda raiva que me corta a garganta como uma faca, não me deixa. Não consigo permitir-me a desistir, a sufocar nessa tristeza dúbia que não te ajuda mas te afunda. Sinto que lutei na grande batalha, desferi todos os golpes no meu adversário mas fui eu que perdi. E o porquê vem a seguir, vem sempre. Aliás é o único que resta. A divina interrogação.
Iludo-me a mim mesma ao sorrir nessa vitoria que não ganhei, que não me trouxe o troféu final, cujo qual já nem sei qual era.
Estou cansada desta inércia, da morfina que me atordoa os sentidos. Olho para o relógio e penso mais um minuto e vou, mais um minuto e faço. Ilusões perdidas nos sonhos.