Tantos anos, em tantos sítios e espaços, que queria que todos fossem um e eu em todos um só. A criança olha as estrelas, as árvores e as flores. Colhe cada uma delas sem o peso da consciência e é feliz, sem pesos, sem o certo e o errado, de onde nasce ou se fez. Assim o quer assim o faz. Tenho saudades desses tempos, de antes de o ser já o era, e sem o saber assim o via. Era feliz sem ter ao que me importar, sem ter ao que me fazer e desfazer por causa das consistências da Vida. Ninguém quer crescer, mas todos o fazemos de uma maneira ou de outra, mas a mim falta-me ainda o tempo em que não fui, em que cresci sem querer e sem me perguntarem, falta-me o tempo, o tempo que não gastei e que algum outro de mim o roubou, com o consentimento de quem me vigiava e a nada sobre isso disse. Me vendeu pelas aparências, do que toda a gente faz e continua a fazer, e a mim, que a mim ninguém de mim perguntou nada do que queria ou sentia, a mim que trataram como um nada, que não sabe de nada, a mim me resta sonhar com esse tempo, o tempo que ainda não gastei!