(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

sexta-feira, 22 de março de 2013

"Quando olho para ti"

O que sei quando olho para ti é que gostava que estivesses longe. Que não estivesses aqui mas do outro lado, do lado onde não me visses. Porque o que me incomoda não é o que dizes mas o que deixas por dizer e que te sei  ler sem dizeres uma palavra, no corpo que se move debaixo da tua roupa, no gesto surdo em que te mexes, no olhar cego em que me dizes olhar, no que me falas vou embora e te inclinas para a frente à espera que te chame. Sabes que não te quero aqui e por isso insistes em voltar. O que invejas em mim para me imitar só tu o vês, não conheço essa para quem olhas, vês alguém que não vejo e queres ser esse que não sei quem é. Preferia que te fosses embora, cada vez que olhas para mim, sinto o que sentes por mim, e estamos tão afastados nestes dez centímetros em que nos falamos que parece que nunca nos conhecemos. Ou conhecemos? Tu conheces alguém a quem fizeste adversário sem aviso, para na aniquilação dos dias se transformar em ti, alguém que achas que sou, mas tu és tu não eu. Eu conheço, eu conheço a ti, ou o que queria que fosses, o que achava que eras, no que te inclinavas para mim, no que eu pensava ou sonhava que se abria para mim. Não era, não és, e preferia que te fosses embora, não porque me incomoda o que dizes mas o que não dizes, porque quando me olhas me doí que me olhes, que me odeias ao ponto de teres de fingir que me amas. E não sei se foste tu que te transformas-te, se fui eu que te criei!!...