(Este blog é totalmente dedicado a Laura e Lara, para quem todas as mensagens que aqui posto, me dirijo. Sem dizer adeus.)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Verdadeiro

Hoje o meu sobrinho, e depois de muita brincadeira, resolveu fugir fechando atrás dele a porta para que ninguém o seguisse. Fui atrás, puxei-o por um braço, agarrei no martelo de plástico dos santos populares que tinha na mão e bati com ele no rabo por cima da fralda.
- Não voltes a fazer isso. Senão eu volto a bater-te com o martelo no cu.
Ele olha para mim e aponta com o dedo para o rabo.
-Cu, Titi, cu.
-Sim no cu, eu bato-te no cu.
Resolvo abandonar esta discussão e dou meia volta para me ir embora, quando vejo o meu sobrinho a correr atrás de mim. Agarra-me no braço com o martelo, vira-me o rabo e diz.
- Cu, Titi, cu.
Afinal o que ele queria era que eu lhe voltasse a bater. Não percebeu que estava a repreende-lo. Não viu a maldade no meu gesto. Para ele era tudo uma brincadeira. Vi maldade no seu gesto e repreendi-o com maldade e ele viu inocência no meu e retribuiu com a mesma.
- Cu, Titi, Cu.
Desta vez reparo que está a sorrir, como sempre esteve.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Bin Laden

Cada um de nós olha para a vida deste homem e abana a cabeça negativamente. Por causa das suas crenças, da sua maneira de ver a humanidade e da loucura em querer transformá-la através da violência, o mundo hoje é diferente desde 11 de Setembro de 2001.
Lembro-me de ver em directo a notícia de que um avião havia atingido uma das torres gémeas e passado 20 minutos vi o segundo avião atingir a segunda torre. A confirmação de atentado veio nesse segundo, em que também eu abanei a cabeça em forma de protesto por esse acto ignóbil. Mas ele estava alegre e celebrava a morte.
Deveríamos abanar, no entanto, também a cabeça afirmativamente. Porque se um ser humano é capaz de tal acção, nada impede que cada um de nós o faça. O coração do Homem tem angustias, vitorias, percas, altruísmo, ódios, rancor, esperança…Nascemos todos iguais, somos parte de um só, feitos com o mesmo direito ao livre arbítrio.
Bin Laden está morto.
A humanidade se rejubila, vejo novamente pessoas na rua, que antes abanavam a cabeça em desaprovo, a celebrar com alegria a morte.
O que nos faz afinal assim tão diferentes?

sábado, 14 de maio de 2011

Mais um dia

O tempo anestesiado pela orgia
Da saudade me amofina  
Um segundo é um dia
Um dia é ruína

Chove e sabe bem, embalar-me.
Está frio, demasiado para o meu querer
As lágrimas das nuvens abraçam-me.
Vão-me proteger.

Preciso desse perdão
Não consigo, não posso e não quero esquecer.
Vou sonhar com o coração.
Até não mais poder.

Me lembrar
do que a minha alma desejar
para mais um dia em que vou acordar
e continuar a amar